Este domingo, o FC Porto jogava fora. Sérgio Conceição, porém, jogava em casa. O estádio do Anadia, onde os dragões disputavam a terceira eliminatória da Taça de Portugal, fica a poucos quilómetros da casa da família do treinador, sendo que os filhos até atuaram nas camadas jovens do clube. O jogo era especial, portanto — mas só mesmo antes do apito inicial e depois do apito final. 

“É uma região que me diz muito, onde resido, onde os meus filhos tiveram um percurso. Tenho um grande carinho. Antes penso nisso e depois também mas durante o jogo vamos querer ganhar. O Anadia é uma equipa interessante, que tem bons jogadores, gosta de jogar. Estudámos o Anadia com a mesma seriedade de sempre. Vai jogar a equipa que me dá mais garantias para ganhar o jogo. São os jogadores que vão buscar os minutos, eu não dou minutos a ninguém. Mas pode haver uma ou outra mudança”, explicou o treinador dos dragões na antevisão da partida contra a equipa da Liga 3.

Ficha de jogo

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Anadia-FC Porto, 0-6

Terceira eliminatória da Taça de Portugal

Estádio Municipal Engenheiro Sílvio Henriques Cerveira, em Anadia

Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)

Anadia: Manuel Gama, Bruno Morais, Fausto Lourenço (José Gata, 84′), Edu Pinheiro (José Postiga, 84′), Davou (Diogo Silva, 45′), Papalélé (Nuno Martins, 72′), João Nogueira, Filipe Marques, Simão, André Santos (Timo Parthoens, 72′), Dinho

Suplentes não utilizados: José Costa, Edu Silva, Hugo Pinho, Berna

Treinador: Rui Borges

FC Porto: Cláudio Ramos, Rodrigo Conceição (Wilson Manafá, 45′), Fábio Cardoso, David Carmo (Marcano, 58′), Wendell, Grujic, Bruno Costa, Otávio (Bernardo Folha, 58′), Danny Loader (Gonçalo Borges, 58′), Gabriel Veron (Evanilson, 78′), Toni Martínez

Suplentes não utilizados: Samuel Portugal, Taremi, Pepê, Stephen Eustáquio

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Danny Loader (6′), Gabriel Veron (11′), Toni Martínez (31′ e 86′), Fábio Cardoso (50′), Bruno Costa (90′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rodrigo Conceição (13′), a Gabriel Veron (26′), a André Santos (36′), a Wendell (64′)

Ainda assim, a visita ao Anadia surgia numa semana importante. O FC Porto estreava-se na Taça de Portugal dias depois de vencer o Bayer Leverkusen na Alemanha, colocando-se numa posição confortável para seguir para os oitavos de final da Liga dos Campeões, e dias antes de receber o Benfica no Dragão, num jogo naturalmente crucial nas contas da Liga. Ou seja, e tendo isso mesmo como principal obstáculo anímico, os dragões precisavam de mudar o chip europeu para o chip da Taça para voltar a ligar o chip do Campeonato na sexta-feira.

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Neste contexto e tal como seria expectável, Sérgio Conceição fazia várias alterações ao onze inicial. Diogo Costa e Uribe nem sequer apareciam na ficha de jogo, Taremi, Pepê, Evanilson e Stephen Eustáquio eram todos suplentes e Cláudio Ramos, Bruno Costa, Danny Loader, Gabriel Veron e Toni Martínez eram titulares. Ainda assim, não deixava de ser curioso o facto de o treinador do FC Porto optar por manter não só Otávio no meio-campo como também quatro elementos que têm sido regularmente utilizados no setor defensivo — incluindo a dupla Fábio Cardoso/David Carmo.

O FC Porto entrava em campo 24 horas depois de o Benfica ter ido até às grandes penalidades contra o Caldas e já estava em campo quando o Sporting foi surpreendido e eliminado pelo Varzim. Ainda assim, a eventual ansiedade não entrou no balneário dos dragões — que aos seis minutos já tinham inaugurado o marcador. No primeiro lance de perigo do jogo, Toni Martínez desequilibrou no corredor direito e tirou um cruzamento perfeito para a grande área onde Danny Loader apareceu a cabecear para se estrear a marcar esta temporada (6′).

O avançado espanhol poderia ter marcado também logo depois, ao rematar rasteiro já na grande área para uma boa defesa de Manuel Gama (8′), mas o avolumar da vantagem já não tardaria. Ainda dentro do quarto de hora inicial, Otávio apareceu no corredor central, colocou a bola pelo ar nas costas da defesa adversária e já na grande área e Gabriel Veron desmarcou-se para dominar, rematar com toda a calma do mundo e fazer o primeiro golo com a camisola do FC Porto (11′). 

A partida quebrou o ritmo até à meia-hora, com a equipa de Sérgio Conceição a gerir naturalmente a vantagem sem grande pressa, com bola e sem recuar demasiado as linhas, procurando criar perigo sempre que acelerava ligeiramente as dinâmicas. O Anadia tentou discutir o ascendente da partida nesta fase, conquistando alguma posse de bola no meio-campo adversário e beneficiando de um pontapé de canto, mas o FC Porto reagiu da melhor forma e chegou ao terceiro golo. Num contra-ataque muito rápido, Otávio abriu em Veron na esquerda e o brasileiro acelerou no corredor até à grande área, assistindo Toni Martínez à saída do guarda-redes para o espanhol encostar para aumentar a vantagem (31′).

Ao intervalo, o FC Porto estava a vencer o Anadia confortavelmente e podia dar-se ao luxo de gerir ainda mais os esforços do plantel na segunda parte. Os dragões entraram na partida de forma séria e concentrada, assumindo a missão de marcar cedo e não permitir que o jogo avançasse muito sem estarem em vantagem, e esse compromisso exigido por Sérgio Conceição estava a compensar.

Sérgio Conceição fez uma substituição ao intervalo e trocou Rodrigo Conceição, que já tinha um cartão amarelo e que acabou a primeira parte com problemas físicos, por Wilson Manafá. O lateral voltou aos relvados 10 meses depois de se ter lesionado, em dezembro do ano passado contra o Benfica, e fê-lo desde logo contra um clube cuja equipa principal representou, em 2015. Do outro lado, Rui Borges tirou Davou e lançou Diogo Silva, com o Anadia a deixar o 4x4x2 para passar a atuar em 4x3x3.

Os esforços da equipa da casa, porém, de nada serviram. Logo nos minutos iniciais da segunda parte, o FC Porto voltou a marcar e carimbou a goleada por intermédio de Fábio Cardoso, que apareceu a cabecear para se estrear a marcar pelos dragões depois de um livre cobrado por Bruno Costa na esquerda (50′). Sérgio Conceição aproveitou o avolumar da vantagem para fazer uma tripla alteração, lançando Gonçalo Borges, Bernardo Folha e Marcano, e o Anadia teve nesta fase o melhor período no jogo — ficando muito perto do golo de honra em duas ocasiões, primeiro com Diogo Silva a acertar no poste (59′) e depois com Cláudio Ramos a negar um remate de Fausto (64′).

Até ao fim, já nos últimos minutos, Toni Martínez ainda bisou (86′), cabeceando ao segundo poste depois de um cruzamento de Wendell, e Bruno Costa fechou as contas em cima do apito final com um pontapé rasteiro na área (90′). O FC Porto não tremeu e goleou o Anadia, seguindo em frente na Taça de Portugal.

Num dia em que Fábio Cardoso e Bruno Costa também se estrearam a marcar e em que Danny Loader também esteve em bom plano, Gabriel Veron fez o primeiro jogo enquanto titular dos dragões, apontou o primeiro golo e ainda fez uma assistência. O médio de 20 anos contratado ao Palmeiras este verão deu nas vistas pela primeira vez na temporada e é claramente o melhor que Sérgio Conceição pode retirar de uma partida sem grandes sobressaltos.