O Ministério Público terá em sua posse mais de 500 escutas telefónicas com relevância criminal, envolvendo altos dirigentes do PS e do PSD. Em causa estarão suspeitas de corrupção, tráfico de influências, e participação económica em negócios na Câmara Municipal de Lisboa, nomeadamente por esquemas de alegado conluio em pactos de bloco central.
A CNN Portugal avançou esta quinta-feira que, entre os suspeitos envolvidos, estão membros do atual Governo, como o ministro das Finanças, Fernando Medina, e o tutelar da pasta do Ambiente, Duarte Cordeiro, que à época eram, respetivamente, presidente e vice-presidente da Câmara de Lisboa.
As escutas remontam ao período em que eram investigados presidentes de várias juntas de freguesia da capital, como Luís Newton, da Estrela — num processo que ficou conhecido como a operação Tutti Frutti. Do lado do PSD, o alvo em 2017 era o deputado Sérgio Azevedo.
Com o evoluir da investigação, foram detetadas situações suspeitas em 16 câmaras, 12 juntas e duas assembleias municipais em Lisboa.
Explica a mesma fonte que, ao inquérito inicial, terão sido apensados outros nove, todos por alegados crimes na câmara de Lisboa, onde figuram nomes como o do antigo vereador Manuel Salgado. Um mega processo estará agora a decorrer em segredo no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
O Correio da Manhã noticiou esta sexta-feira que vários ministros e ex-governantes estão a ser investigados por ajustes diretos na Câmara Municipal de Lisboa. Em causa estão contratos assinados entre 2014 e 2018 pela sociedade de advogados Linklaters, fundada em Portugal por Pedro Siza Vieira, e a autarquia.
Fernando Medina reagiu às notícias, garantindo estar de “consciência tranquila”. Já Duarte Cordeiro considerou “não ter cometido qualquer ilegalidade”.