Confrontos entre soldados burquinabês e fundamentalistas islâmicos na cidade de Djibo, norte do país, provocaram pelo menos 28 mortos, dez dos quais soldados governamentais, anunciaram as forças armadas.
O saldo provisório inclui dez soldados mortos durante os confrontos e cerca de 50 feridos. Do lado inimigo, foram contabilizados, pelo menos, 18 terroristas durante as operações de limpeza, ainda em curso”, segundo um comunicado das forças armadas.
Os confrontos ocorreram depois de elementos fundamentalistas islâmicos terem atacado esta segunda-feira de manhã a base militar em Djibo.
Devido ao elevado número de atacantes, as forças armadas enviaram apoio aéreo e terrestre para ajudar a repelir o ataque e para as operações de contra-ataque.
A cidade de Djibo está sujeita a um bloqueio há três meses por extremistas islâmicos, que cortaram os principais eixos que ligam à cidade, incluindo a dinamitação de pontes.
Testemunhos falam de uma situação crítica nesta cidade de 300.000 habitantes – incluindo muitos deslocados -, capital da região do Sahel sem litoral no norte de Burkina e onde a fome é uma ameaça.
Em 26 de setembro, uma coluna com mantimentos que ia para Djibo foi atacada por homens armados.
O ataque, reivindicado pela Al-Qaida, matou oficialmente 37 pessoas, incluindo 27 soldados.
Setenta camionistas continuam desaparecidos, de acordo com o seu sindicato.
Este ataque serviu de catalisador para o golpe de 30 de setembro, perpetrado pelo capitão Ibrahim Traoré, que derrubou o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Foi o segundo golpe de Estado no Burkina Faso em oito meses, com os golpistas a justificarem as ações com a deterioração da situação de segurança no país, palco há sete anos da violência extremista islâmica.
Empossado em 21 de outubro como Presidente da transição pelo Conselho Constitucional, o capitão Traoré assegurou que os seus “objetivos não são outros que a reconquista do território ocupado pelas hordas de terroristas”.
Grupos extremistas controlam aproximadamente 40% do território burquinabê.
O Burkina Faso está mergulhado numa espiral de violência desde 2015, cujos principais atores são movimentos extremistas ligados à Al-Qaida e ao grupo Estado Islâmico (EI).
Esses ataques regulares, inicialmente concentrados no norte antes de se espalharem para o resto do país, particularmente o leste, causaram milhares de mortes e forçaram cerca de dois milhões de pessoas a fugir das suas áreas de residência.
Também esta segunda-feira, a Brigada de Defesa e Vigilância Patriótica, uma força paramilitar de voluntários alistados no combate ao fundamentalismo islâmico, lançou um novo apelo ao recrutamento de 15.000 novos membros desta milícia.
Os candidatos devem ser cidadãos do Burkina Faso, “serem patrióticos e com bom caráter”, ter mais de 18 anos e “estar em boa forma física e psicológica”.
“O registo final será decidido apenas no final de uma investigação de moralidade”, alerta a organização em comunicado.