A TAP está a negociar com a Airbus os custos da renovação da frota, tendo confirmado que a análise interna conduzida aponta para custos que são superiores aos pagos por outras companhias aéreas.

“Se olharmos para as margens percebemos que o prémio pago pela TAP é mais caro do que o pago por outras companhias e que os nossos aviões são mais caros”, afirmou o administrador financeiro da transportadora na conferência de apresentação dos resultados.

Gonçalo Pires referia-se à diferença que existe entre a margem bruta EBITDA obtida pela TAP no terceiro trimestre do ano face à obtida por outras companhias aéreas comparáveis e como essa diferença (a favor da TAP) diminui quando a comparação é feita entre os resultados operacionais das mesmas companhias. Um slide da apresentação aos investidores revela que o aumento da margem do EBITDA da TAP — de 20% até setembro — encolhe para 6% quando se chega à margem do resultado operacional.

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O que está em causa são as depreciações e amortizações que no caso da TAP são mais pesadas por causa dos custos com a compra de novos aviões, sobretudo à Airbus. “Quando chegamos à TAP e analisamos percebemos que temos uma frota mais cara do que devíamos e foi para perceber o que podemos fazer junto da Airbus que fizemos estudos e entregámos ao acionista.”

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Foi esta análise interna ao acordo de troca de aviões fechado por iniciativa do acionista privado David Neeleman em 2015 quando a empresa foi privatizada que o ministério tutelado por Pedro Nuno Santos entregou à Procuradoria-Geral da República que está a investigar a operação. A TAP não quis revelar mais detalhes sobre as conclusões deste trabalho interno.

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Segundo explicou Gonçalo Pires, esta análise resulta do trabalho que a TAP tem feito de negociar todos os contratos, desde os pequenos até aos grandes fornecedores porque “é nossa obrigação ter contratos que beneficiem financeiramente a TAP e não o contrário”. E os contratos com a Airbus e a Rolls Royce (que fornece os motores dos novos aviões) são os mais elevados. No entanto, assinalou também que a relação com a Airbus (o principal fornecedor de aviões à TAP) tem que ser protegida. “É uma conversa que estamos a ter e vai demorar ainda alguns meses”.

Mais de metade da dívida de três mil milhões de euros da TAP resulta da compra de novos aviões. Os leasings para pagar estes aviões representam 2.000 milhões de euros e os leasings financeiros associados são de quase 700 milhões de euros. São os efeitos da estratégia agressiva de expansão seguida pela gestão privada que “fez a empresa crescer muito rapidamente. E isso foi feito com dívida. A TAP é mais alavancada do que os concorrentes”, resumiu o administrador financeiro.

A renovação da frota ainda está a meio com a Airbus a entregar aviões com um atraso entre seis e nove meses face ao calendário previsto — o que tem acontecido aliás com todos os seus clientes. Este ano chegaram mais dois aviões. Para além da frota da Airbus, a TAP decidiu também reduzir a oferta com as aeronaves de menor dimensão do modelo ATR devido aos custos e problemas técnicos, o que levou já à rescisão do contrato com a White.

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