Foi de calças ganga, camisa e colete que o vice-presidente executivo da marca de roupa chinesa low cost que está a fazer tremer o mundo do pronto-a-vestir entrou no palco da Web Summit. E começou o discurso, lido num teleponto, com uma correção: “não é ‘Shine’ que se diz, é She In'”. Donald Tang confessou-se “nervoso” por estar na cimeira tecnológica a falar para uma plateia com alguns milhares de pessoas (ainda que bastante despida), apesar de ter tido carta branca e ter feito uma apresentação sem moderador, ou seja, nem sequer teve de tocar nos temas que fazem da Shein uma das marcas mais faladas do momento: o trabalho precário, as cópias de modelos de criadores, os produtos químicos usados na roupa e a insustentabilidade de produzir tanto em tão pouco tempo.

Donald Tang focou-se, ao invés, no papel da tecnologia para o crescimento da Shein, empresa criada há dez anos com “poucos produtos”, e que hoje chega a 150 países “A escolha de colocar o cliente no centro é a nossa estrela do norte”, afirmou. Ou seja, na Shein é o cliente que manda, diz. A aplicação tenta perceber o que está bem e o que está mal, e afinar a partir daí a experiência do cliente. “Queremos revolucionar a moda tradicional através da tecnologia”, foi repetindo.

E como? Através de um sistema em que as primeiras encomendas de uma peça são reduzidas a 100 ou 200 unidades, e que só aumentam se o produto tiver sucesso. O mesmo sistema que torna possível que entre o desenvolvimento da peça e a sua produção passem apenas entre 10 a 14 dias. Tudo isto, garante Donald Tang, faz com que o nível de desperdício da Shein seja “apenas de 2%”.

A próxima grande aposta da Shein é o lançamento de um serviço de roupa em segunda mão, que já avançou nos Estados Unidos. “É uma oportunidade para unir a comunidade e torna mais fácil a revenda da nossa roupa”.

No mundo perfeito da Shein, “a tecnologia torna a moda mais sustentável, acessível e inclusiva”, e a “interação única entre a tecnologia e os dados significa poder ter preços mais baixos sem sacrificar a qualidade”.No final, deixou um apelo. “A nossa empresa tem dez mil afiliados (pessoas que ajudam a promover a marca nas redes sociais e recebem comissões por cada venda). Metade são empreendedores de tecnologia. Se querem tornar o mundo mais sustentável, venham trabalhar connosco”.

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