O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português felicitou esta quinta-feira o acordo entre o governo etíope e a Frente Popular de Libertação do Tigray, que considera ser “um sinal de esperança para as populações e para a comunidade internacional”.

Portugal saúda o acordo alcançado na África do Sul entre o Governo Federal da Etiópia e a Frente de Libertação do Povo do Tigray para cessação de hostilidades na Etiópia”, disse, numa nota na conta oficial na rede social Twitter, o MNE.

A declaração do ministério liderado por João Gomes Cravinho surge na sequência das conversações de paz em Pretória, na África do Sul, em que o governo etíope e os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) concordaram com uma “cessação das hostilidades” na região norte da Etiópia.

A reunião de “alto nível” decorreu sob os auspícios da União Africana (UA), com a presença do ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta e o ex-presidente adjunto sul-africano Phumzile Mlambo-Ngcuka, bem como representantes da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), das Nações Unidas e dos Estados Unidos da América.

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Uma questão crítica que se impõe, é saber quando poderá a ajuda regressar ao Tigray, com seis milhões de habitantes, numa grave crise humanitária.

Após quase dois anos de conflito, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) até meio milhão de pessoas foram mortas e mais de dois milhões de etíopes foram deslocados e centenas de milhares foram mergulhados em condições de quase inanição.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus – natural desta região – afirmou que o Tigray vive “a pior crise humanitária do mundo”, e está sem ajuda humanitária há dois meses.

O conflito deixou a região isolada, com comunicações e ligações de transporte em grande parte cortadas.

A guerra intensificou-se nas últimas semanas depois de novos combates terem eclodido em agosto, após uma trégua humanitária de cinco meses acordada entre as partes.

O conflito em Tigray estalou em 4 de novembro de 2020 após um ataque da TPLF à base principal do exército em Mekelle, na sequência do qual o Governo de Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.

A TPLF acusa Abiy de alimentar tensões desde que chegou ao poder em abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo a tomar posse.

Até então, a TPLF tinha sido a força dominante no seio da coligação governante da Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), de base étnica.

O grupo opôs-se às reformas de Abiy, que considerou como uma tentativa de minar a sua influência.