“Digam o nome dele.” É assim que começam muitas publicações nas redes sociais. O nome dele é, neste caso, Saman Yasin, um rapper iraniano de 27 anos, condenado à morte por ser “moharebeh”, ou seja, inimigo de Deus. Yasin foi condenado por 11 crimes, todos eles falsificados segundo a imprensa anti-regime, e por se envolver nos protestos contra a República Islâmica que, desde setembro, aumentaram de intensidade.

A morte de Mahsa Amini no hospital, detida pela chamada polícia da moral por uso incorreto do véu islâmico, foi o gatilho para que cada vez mais iranianos protestem contra o regime de Teerão. No domingo passado, 227 membros do parlamento iraniano (num total de 290) apelaram ao poder judicial que condene os manifestantes à morte, por considerá-los inimigos de Deus.

Saman Yasin é conhecido pelas suas músicas de protesto, que falam de pobreza e da violação de direitos humanos no Irão. Foi detido a 10 de outubro e, desde então, já esteve na prisão de Evin e na de Fashafoye. A 7 de novembro, segundo a imprensa iraniana, foi julgado e condenado à morte.

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A sessão não terá durado mais de 10 minutos e, desde que foi detido, que Yasin não tem contacto com o seu advogado — que não esteve presente no julgamento — nem com a sua família.

A imprensa iraniana dá ainda conta de que o músico foi torturado e espancado durante o tempo que esteve detido. Não foi divulgada a data da execução.

Nas redes sociais, os apelos de ativistas de direitos humanos multiplicam-se, pedindo à comunidade internacional que se pronuncie e evite a morte de Saman Yasin.

O rapper, que foi julgado no mesmo dia que outros 8 manifestantes, foi condenado por Abolqasem Salavati, juiz sancionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Pelas suas mãos tem passado muitos casos polémicos e é tido, pelas organizações de direitos humanos, como um dos juízes iranianos que mais tem condenado jornalistas, advogados e ativistas a longas penas de prisão ou mesmo à pena de morte.

Rapper Toomaj Salehi detido no sábado

A notícia da pena de morte para Yasin chega poucos dias depois de um outro rapper iraniano, Toomaj Salehi, 32 anos, ter sido detido. No seu caso, o apoio aos protestos pela morte de Mahsa Amini e as suas músicas tiveram na origem da detenção. “O crime de alguém é ter o cabelo a flutuar ao vento”, é uma das suas letras mais famosas.

Segundo a família, citada pela CNN, Salehi está acusado de crimes que lhe podem valer a pena de morte. Na mesma altura em que o rapper foi detido, estavam com ele o campeão de boxe iraniano Mohammad Reza Nikraftar e o kickboxer Najaf Abu Ali. O paradeiro de ambos é desconhecido.

Na redes sociais, Salehi publicou vários vídeos seus na rua, lado a lado com os manifestantes. Os seus apelos para que os iranianos protestassem também foram constantes.

“O acusado teve um papel determinante em criar, convidar e encorajar motins em Isfahan”, disse um porta-voz daquela província judiciária.