O Mundial do Qatar tem sido uma competição repleta de particularidades. A primeira vez que um quarto árbitro levantou uma placa eletrónica e o número que o mostrador apresentava era composto por dois algarismos, a estranheza foi a resposta à ausência de normalidade. Em mais minutos de jogo cabem mais momentos que, mediante a postura das equipas e a capacidade dos jogadores, podem alimentar a narrativa de uma partida.
No Estádio Al Janoub, chegavam os 45 minutos da primeira parte quando o árbitro Mohammed Abdulla Hassan validou os seis minutos de tempo adicional que a metade inicial do jogo merecia que fossem compensados. Até aí, os Camarões estavam na frente. Jean Castelletto (28′) encostou uma bola que sobrou para si ao segundo poste depois de Nkoulo ter desviado um canto batido por Kundé. Só que a revelação dos minutos de desconto pareceu um sussurro ao ouvido dos sérvios com uma mensagem detalhada com o método necessário para chegar ao golo. Aos 45+1′ e aos 45+3′ a reviravolta aconteceu. Pavlovic saltou para cabecear, na sequência de um livre, para o primeiro golo sérvio. Sergej Milenkovic-Savic completou a cambalhota no marcador.
O jogo estava aberto e com oportunidades de golo para os dois lados. A Sérvia, treinada por Dragan Stojkovic, acumulava as melhores e acabou por aumentar a vantagem. Mitrovic (53′) alargou a vantagem com que a seleção dos Balcãs foi para o intervalo. No entanto, ninguém teve controlo sobre os Leões Indomáveis, que resolveram anular a desvantagem de dois golos em três minutos. Vincent Aboubakar sentou um defesa e fez um chapéu ao guarda-redes Vanja Milinkovic-Savic (63′). De seguida, o avançado assistiu Choupo-Moting (66′).
Até ao final da partida, foi possível continuar a ver a bola a circular perto das balizas com ambos os conjuntos a poderem tomar a dianteira do marcador que viria mesmo a ficar 3-3. Pela incerteza e emoção o Camarões-Sérvia foi, por certo, um dos mais emocionantes jogos deste Mundial.
A pérola
- Aleksandar Mitrovic tem uma enorme capacidade de desgatar os defesas que, ingloriamente, tentam impor o físico perante o avançado sérvio. Ainda com o 0-o no marcador, foram do jogador do Fulham os lances de maior perigo (10’e 17′) e que deixaram a defesa camaronesa num caos. Acaba por fazer o último golo da Sérvia que leva como um prémio merecido.
O joker
- Quando Rigobert Song lançou um avançado de 30 anos do Al Nassr, o efeito que esperava que o jogador tivesse na equipa não podia ser melhor do que o verdadeiro impacto que teve no encontro. Vincent Aboubakar entrou (55′) para transformar o jogo e rubricar um golo e uma assistência que transformaram o rumo que dos acontecimentos até então.
A sentença
- Sérvia e Camarões mantêm vivas as esperanças de seguir em frente. Ambas as seleções ficam a aguardar por aquilo que vão fazer mais logo Brasil e Suíça. O certo é que a última jornada do grupo G vai ser emocionante. Sérvia e Camarões sabem que têm obrigatoriamente que vencer os seus jogos da terceira jornada, o que, no caso da Sérvia, que defronta a Suíça, é mais fácil do que para os Camarões que jogam com o Brasil.
A mentira
- Um jogador de referência não está imune à exigências do treinador. André Onana é uma das principais referências dos Camarões. Quando se esperava que o guarda-redes do Inter ocupasse a baliza, eis que o nome de Onana não apareceu na ficha de jogo. A informação avançada indica que o selecionador Rigobert Song lhe pediu que adotasse um “estilo de jogo mais tradicional”, o que Onana se recusou a fazer. Por esse motivo, o titular da baliza foi Devis Epassy.