Uma derrota é sempre uma derrota mas nem todas as derrotas têm aquele peso de outras derrotas. Portugal partiu com ambições altas para o Campeonato do Mundo de andebol, sabendo que teria pela frente logo a abrir uma Islândia com ligeiro favoritismo teórico mas que, até pelo conhecimento dos muitos encontros recentes entre ambos os conjuntos, havia margem para uma surpresa. Acabou por não acontecer, ficando o desaire inicial de 30-26 na competição. No entanto, a forma como a Seleção conseguiu responder aos três momentos em que parecia que o resultado estava a descolar antes de cair apenas nos últimos minutos foi quase uma “vitória” retirada para as partidas que se seguiam, a começar pelo duelo com a Coreia do Sul.

Andar sempre atrás a falhar o passo em frente: Portugal perde com a Islândia no arranque do Mundial

“Devemos estar orgulhosos dos nossos rapazes. Foi um jogo muito difícil. Não começámos bem mas depois, passo a passo, reentrámos no jogo, com bons momentos tanto ofensivos, como defensivos. Lutámos muito mas tivemos azar com algumas decisões. Fomos para o intervalo com um bom resultado e a segunda parte foi um pouco semelhante. Voltámos a começar mal mas voltámos ao jogo e tivemos três oportunidades para passar para a frente. Mas volto a dizer que temos de estar orgulhosos pelo trabalho que fizemos. Sabemos que vai ser um longo campeonato e com muitos jogos e os nossos rapazes vão dar uma boa resposta já no próximo jogo. Esta seleção da Islândia tem um poder ofensivo muito grande. O nosso objetivo de passar aos quartos continua intacto”, salientou Paulo Fidalgo, ajunto da equipa técnica nacional que nos dois primeiros encontros do Mundial assume o papel principal por castigo do número 1, Paulo Jorge Pereira.

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Um triunfo nesta primeira fase, não sendo por si só decisivo para a qualificação para a main round, deixava Portugal muito perto desse objetivo antes da partida com a Hungria na segunda-feira. Ainda assim, e apesar de partir como outsider neste grupo, a Coreia do Sul do português Rolando Freitas tinha um jogo ofensivo muito assente em constantes duelos 1×1 que colocariam outro tipo de problemas à defesa nacional.

“Sinto que apesar da derrota com a Islândia entrámos bem no Mundial. Entrámos com vontade de ganhar e a jogar como uma equipa mas a derrota aumenta a responsabilidade e sabemos que temos capacidades para ganhar à Coreia, é a nossa obrigação fazê-lo. Acredito que vamos tornar o jogo mais fácil e vamos fazer por isso. Não temos a melhor experiência com equipas asiáticas mas muitas vezes a maneira como podemos pensar o jogo ou entrar para o jogo pode fazer diferença. É um ponto importante, entrar com a mentalidade certa. Eles são um pouco mais baixos e apostam num estilo de jogo mais rápido, com mais intensidade e cruzamentos, e tendo nós jogadores maiores e mais pesados precisamos de nos adaptar a isso”, comentara o ponta Leonel Fernandes no lançamento do jogo que era também decisivo para os sul-coreanos após a derrota com a Hungria (35-27). E foi essa a base para a primeira vitória nacional neste Mundial, apesar de alguns períodos de facilitismo que deram ideia de um aparente equilíbrio que não se confirmou, no dia em que o selecionador foi impedido de entrar no pavilhão por suspeitas de ter comunicado com o banco.

Paulo Pereira impedido de entrar no pavilhão do Portugal-Coreia do Sul do Mundial

Portugal entrou apostado em decidir cedo o encontro, chegando facilmente a uma vantagem de quatro golos nos dez minutos iniciais com Miguel Espinha a levar já quatro defesas e os laterais André Gomes e Francisco Costa a fazerem a diferença na frente. Depois, com o passar dos minutos, as facilidades encontradas como que conduziram a algum facilitismo aproveitado pelos sul-coreanos para reduzir de 9-4 para 10-7 e para ganharem uma nova alma numa partida onde a Seleção foi claramente superior sempre que manteve os seus processos defensivos e ofensivos da forma mais simples, algo que se voltou a ver nos minutos finais antes do intervalo que chegou com um avanço de três golos que era curto para o que tinha sido feito (15-12).

Rolando Freitas aproveitou essa espécie de balão de oxigénio quase oferecido por Portugal para trazer novas soluções ofensivas para o segundo tempo, que chegaram a colocar o resultado apenas a um golo dentro dos dez minutos iniciais (17-16) numa fase com maior número de exclusões para o conjunto nacional (Fábio Magalhães e Alexandre Cavalcanti). Começava a chegar a altura das decisões, com a Coreia do Sul a ter várias oportunidades perdidas para empatar a 23 – a entrada de Manuel Gaspar para a baliza também ajudou, acabando com um total de sete defesas – perante o bloqueio ofensivo de uma Seleção que apostava em demasia nas pontas. Aí, ao contrário do que se passou com a Islândia, Portugal soube ter as melhores opções, foi aumentando a diferença no marcador e terminou com uma importante goleada por 32-24.