Quando terminou a final da Taça da Liga, Pedro Porro sabia que tinha feito o último encontro pelo Sporting. Ainda houve aquele toque no joelho que levou Sérgio Conceição a pedir aos jogadores portistas para porem a bola fora pelas queixas do lateral mas foi apenas um susto, nada mais do que isso. No final, quase com as lágrimas nos olhos, bateu no símbolo e despediu-se de uma bancada de adeptos leoninos rendidos ao legado deixado pelo espanhol ao longo de duas épocas e meia com quase 100 jogos realizados (98). Para ele, estava tudo fechado. Para ele e para o Tottenham. No entanto, os pequenos pormenores que estavam ainda a ser ponderados pelo Sporting levaram a uma espécie de novela dentro da novela – que durou 24 horas.
Esta manhã, no seguimento de alegadas exigências de última hora apresentadas pelo Sporting, a imprensa inglesa avançava que o Tottenham tinha desistido da contratação de Pedro Porro, algo que surpreendeu o clube e o próprio jogador, que contactou os dirigentes para perceber o que se tinha passado. Houve, de facto, algum desconforto perante mais um esforço extra relacionado com o suporte do custo de financiamento da operação para que os leões recebessem a pronto e os londrinos pagassem em prestações (factoring) mas os intermediários mantiveram sempre o contacto para que tudo ficasse fechado esta segunda-feira.
Pelo meio, também de acordo com a imprensa inglesa, houve um alegado avanço do Manchester City para recuperar o lateral no seguimento do empréstimo de João Cancelo ao Bayern depois do desentendimento do internacional português com Pep Guardiola mas nunca chegou a entrar qualquer proposta oficial nesse sentido em Alvalade. No entanto, e como fonte conhecedora do negócio explicou ao Observador, a diferença entre uma ida para Londres ou para Manchester, apesar das diferenças globais dos montantes finais (de 23 para mais de 45 milhões), era de poucos milhões de euros tendo em conta os 30% de mais valia dos citizens em relação a uma futura venda que tinham ficado assegurados no negócio feito este verão.
Como o Observador tinha adiantado na semana passada, a hipótese de parte do passe de Marcus Edwards passar para o Sporting nunca saiu das negociações e o acordo final com o Tottenham deverá prever, além de mais de 45 milhões de euros mantendo o modelo de factoring para que o valor da cláusula entre a pronto, a cedência de 15% a 20% dos direitos económicos do avançado inglês, com os leões a ficarem com 65% a 70% do passe do jogador contratado ao V. Guimarães. Em relação a Porro, há muito que o acordo com a equipa inglesa estava fechado, num contrato de cinco anos e meio com vencimento de cinco milhões por ano. O espanhol deverá viajar esta noite ainda ou na manhã de terça-feira para realizar exames médicos.
Em paralelo, a opção número 1 de sucessor para Pedro Porro que existia nesta fase em Alvalade, Héctor Bellerín, está também garantido. O internacional espanhol que teve uma década de ligação ao Arsenal desde 2012 com empréstimos ao Watford (2013/14) e ao Betis (2021/22) mudou-se este verão para o Barcelona, onde tinha começado a carreira na formação, mas acabou por não ter muitas oportunidades depois de uma boa temporada em Sevilha. Após saberem as condições para assegurar o lateral de 27 anos, os leões avançaram com o pedido de empréstimo quando perceberam que a saída de Porro era inevitável. A permanência a título definitivo está em cima da mesa, com os catalães a ficarem com parte do passe.
Além de Bellerín, que ganhou força quando o Brighton quis colocar uma cláusula obrigatória de compra num possível empréstimo de Tariq Lamptey e quando os responsáveis leoninos perceberam a verba que teriam de investir para garantir a título definitivo Milan van Ewijk do Heerenveen, a única entrada no plantel verde e branco será Ousmane Diomandé, central marfinense de 19 anos que pertence ao Midtjylland mas estava cedido ao Mafra. Perante o interesse de dois clubes ingleses e do City Group, o Sporting tentou agilizar com sucesso o processo não passando muito da fasquia dos sete milhões da última oferta (ficará com 7,5 milhões fixos) mas acrescentando uma percentagem numa futura venda além de cláusulas por objetivos.
Por fim, e a nível de saídas, houve algumas propostas que chegaram a Alvalade nos últimos dias como o empréstimo do central St. Juste a um clube alemão mas a única novidade deverá mesmo ser a cedência de Jovane Cabral a um conjunto inglês, neste caso o Burnley. O avançado que após renovar nunca chegou a ser uma opção regular de Rúben Amorim no onze deverá sair por empréstimo com uma opção de compra, recuperando um negócio que esteve alinhavado em agosto mas que acabou por cair na parte final.