A ausência tornou-se uma forma de pressão. Quando Enzo Fernández decidiu ir à Argentina sem autorização na passagem de ano e, por conta da viagem, falhou dois treinos do Benfica, já o interesse do Chelsea estava maduro o suficiente para que os milhões que o contrato que podia assinar com os blues depois de ter sido campeão do mundo com a Argentina não o distraíssem dos trabalhos que decorriam no Seixal. Foi a forma encontrada de, sem verbalizar a intenção, dar ao clube encarnado conta da mesma.

Pedro Porro, no Sporting, foi mais subtil. Apesar de não ter treinado com a equipa, o lateral espanhol marcou presença em Alcochete e, no aeroporto, quando o negócio entre os leões e o Tottenham ficou fechado, apresentou uma justificação. “Não me recusei a treinar, estava a negociar e disse ao Sporting que a minha cabeça não estava bem, mas o clube entendeu e estou muito agradecido”, comentou.

Quando a cabeça está num lugar diferente do corpo, falhar treinos parece ser uma solução encontrada pelos jogadores para acelerarem transferências que lhes permitam assinar melhores contratos. No mercado de inverno, além dos casos de Enzo e Porro, outros nomes optaram pela mesma estratégia.

Anthony Gordon

Nem uma vida inteira no clube inibiu Anthony Gordon de ter faltado aos treinos do Everton para forçar a transferência para o Newcastle nos últimos dias do mercado. O negócio acabou mesmo por se concretizar. O jogador de 21 anos acabou por assinar pelos Magpies a troco de 45 milhões de euros, mas os adeptos dos toffees não ficaram agradados com a situação. “Não quis desrespeitar ou ofender ninguém no Everton e espero que eles saibam disso. Felizmente, o Everton pode reinvestir o dinheiro e ficar na Premier League. Conseguiram muito dinheiro comigo. Nunca imaginei que isto acontecesse desta forma, por isso é que foi uma semana dura”, referiu o jogador. O Newcastle ocupa o terceiro lugar da Liga Inglesa apenas atrás de Arsenal e Manchester City.

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Sofyan Amrabat

Ao mesmo tempo que Marrocos avançava no Campeonato do Mundo até chegar às meia-finais, Sofyan Amrabat somava interessados pela responsabilidade que ia assumindo na surpreendente campanha. Inicialmente, o Liverpool parecia o clube mais interessado em investir na contratação do médio defensivo. No entanto, somaram-se interessados, nomeadamente o Barcelona. Esta terça-feira, Amrabat não treinou com os colegas da Fiorentina para pressionar o clube italiano a deixá-lo sair para os blaugrana. Os catalães oferecem uma proposta de empréstimo. No entanto, a opção de compra está a prender o negócio, uma vez que o cumprimento dos requisitos do fair play financeiro não permitem que o Barcelona assuma a obrigatoriedade dessa opção de compra. A Fiorentina recusou-se a transferir o jogador caso sem a inclusão de uma opção de compra obrigatória.

Moisés Caicedo

Ligeiramente diferente é a situação de Moisés Caicedo. Associado insistentemente ao Arsenal, foi noticiada uma proposta dos gunners na casa dos 68 milhões de euros. O Brighton, com quem tem contrato, recusou o valor. No Instagram, o médio equatoriano deixou clara a vontade de deixar o clube. “Sou grato ao presidente e ao Brighton por me darem a oportunidade de vir para a Premier League e sinto que sempre fiz o meu melhor por eles. Jogo sempre futebol com um sorriso e com o coração. O meu sonho sempre foi ser o jogador mais titulado da história do Equador. Estou orgulhoso por poder garantir uma transferência recorde para o Brighton, o que lhes permitiria reinvestir e ajudar o clube a continuar a ter sucesso”, escreveu pedindo ao adeptos do Brighton que entendessem a sua posição. Na sequência, o clube afastou-o dos treinos. O Arsenal acabou por desistir da contratação do jogador.

Nicolò Zaniolo

A AS Roma de José Mourinho tem sido palco de uma peça dramática. O treinador português já havia confirmado que Zaniolo não queria continuar no clube. O Bournemouth fez uma proposta pelo jovem italiano que não interessou ao jogador. Tiago Pinto, o diretor desportivo português dos giallorossi, assumiu essa mesma proposta, dizendo que a AS Roma tinha chegado a acordo com o Bournemouth, mas que o negócio não agradava ao jogador. Cientes da força que Zaniolo estava a fazer por deixar o clube da capital italiana, os adeptos mostraram descontentamento, perseguindo e insultando o jogador. Compreendendo a situação, a AS Roma permitiu que o jogador não treinasse na segunda-feira. Só que, sem ter autorização do clube, esta terça-feira, voltou a não estar com a equipa de Mourinho. Aparentemente, Zaniolo voltou atrás e aceitou a proposta do Bournemouth. No entanto, o aval do jogador chegou tarde demais e os cherries voltaram-se para o costa-marfinense do Sassuolo, Hamed Traorè.