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Um homem de Vidago a curar a ressaca de Paulinho (a crónica do Desp. Chaves-Sporting)

Este artigo tem mais de 1 ano

Paulinho ganhou um penálti e fez uma assistência mas pelo meio atirou ao poste e viu dois golos anulados. Por sorte, houve Pote. Voltou Pote. E quando passou para a frente o jogo acabou de vez (2-3).

Pedro Gonçalves bisou e teve ainda oportunidade de fazer o hat-trick mas deu uma grande penalidade a Chermiti (que falhou)
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Pedro Gonçalves bisou e teve ainda oportunidade de fazer o hat-trick mas deu uma grande penalidade a Chermiti (que falhou)

Ivan Del Val/Global Imagens

Pedro Gonçalves bisou e teve ainda oportunidade de fazer o hat-trick mas deu uma grande penalidade a Chermiti (que falhou)

Ivan Del Val/Global Imagens

Foi um empate com sabor a vitória pelo contexto da obtenção de um golo no último minuto de descontos, foi um empate com sensação de derrota por tudo aquilo que a equipa não fez frente a uma equipa acessível para a redenção depois de mais um desaire no clássico com o FC Porto. No entanto, a partida do Midtjylland teve mais do que um resultado, por sinal algo que há muito não se falava por Alvalade: a empatia (ou falta dela) com os adeptos. Rúben Amorim falou nisso, Pedro Gonçalves falou nisso corrigindo depois em parte aquilo que tinha dito, a imprensa desportiva também falou depois nisso citando fontes internas. A par de uma época que só não fica aquém em tudo porque a SAD realizou desde junho mais de 150 milhões de euros em vendas, havia uma nova linha na espiral negativa verde e branca. Uma linha que o técnico quis desvalorizar.

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“Se afeta o número de espectadores em Alvalade? Não, não afecta. Fomos campeões sem adeptos. Isso é o reflexo da nossa época, temos de assumir a responsabilidade e isso é escolha deles. Houve jogos que foram a horas tardias, temos de olhar também para o contexto. Sempre tivemos o apoio dos sportinguistas, estamos em quarto lugar e temos de assumir isso. É fazer o nosso papel e eles voltarão. Nós não podemos ser ingénuos e pensar que, não conseguindo vencer a Taça da Liga e tendo saído da Taça de Portugal que… Temos de ser realistas, vejo isso com normalidade”, comentara Rúben Amorim a propósito das médias mais baixas de espectadores na presente temporada que têm ganho prolongamento nos encontros realizados fora.

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De forma pragmática, o treinador que chegou ao Sporting há quase três anos quando a equipa estava há muito arredada do título tentava juntar cacos para minimizar o impacto de uma temporada em contraciclo depois de duas épocas completas com quatro títulos, um Campeonato e duas entradas diretas na Champions. Por mais palavras que possa ter, sabe que não há nada como resultados para mudar a trajetória. E dentro dos objetivos ainda possíveis mesmo que complicados (chegar ao terceiro lugar da Liga e ir o mais longe possível na Liga Europa), havia ilações a retirar. “Consigo sobreviver a estas fases. Ficamos sem dormir mas é algo que se pode gerir. Custa muito mas vai dar jeito no futuro. Os jogadores, muitos dos que foram campeões já não estão, mas o Palhinha e o Matheus Nunes iam gerir de outra forma e se calhar não teríamos os mesmos problemas. Sei que vou ser melhor treinador com isto e que a equipa vai ser melhor no futuro”, destacara.

“Como se dá a volta a este momento? Há fases assim no futebol, o que temos de fazer é jogar bem. A verdade é que houve fases em que não ganhámos, não completámos um ciclo de cinco vitórias… Com o FC Porto jogámos bem. Há muita coisa para agarrar nesse jogo, olhar para a parte tática e técnica e melhorar. Estas semanas são boas, podemos ganhar três jogos numa semana e entrar numa boa sequência. Todas as equipas passam por este ciclo, temos de voltar à nossa forma de jogar para sermos melhores do que fomos na quinta-feira [com o Midtjylland]. Temos de voltar a ter os nossos comportamentos e a não ter a ansiedade que tivemos”, referira de forma genérica, “perdoando” Antonio Adán por mais um erro que valeu o golo dos dinamarqueses em Alvalade na primeira mão do playoff da Liga Europa e voltando a falar da finalização.

“Podemos melhorar em todos os aspetos mas quando estamos a falar disso, o resto acho que é bem feito. Se aparecemos em zonas de finalização e temos oportunidades… O que falta é a concretização. Tivemos fases em que marcávamos cinco, seis golos num jogo. Isso são fases. Vivemos de golos, de vitórias e temos sofrido muitos golos e marcado poucos. O jogo frente ao Desp. Chaves em casa foi o reflexo disso. Não têm oportunidades de golo e depois de marcarem entramos ainda mais em ansiedade… Temos de melhorar a concretização e manter a nossa identidade. O jogo tem 90 minutos e nós só precisamos de 10 segundos para chegar à baliza e fazer golo”, explicara na antecâmara do jogo 100 como treinador na Primeira Liga contra um conjunto transmontano que surpreendeu na primeira volta com uma vitória em Alvalade por 2-0.

Agora, tudo mudou. Os flavienses tiveram uma boa reação no primeiro tempo, mostraram que gostam de ter bola e jogar e nem mesmo nos descontos desistiram de chegar ao golo mas os leões foram no plano global melhores do que os transmontanos em tudo mesmo jogando contra essa espiral negativa que ainda persegue a equipa. Um exemplo prático? Paulinho: o avançado ganhou um penálti e fez uma assistência mas pelo meio atirou uma bola à trave na pequena área e viu dois golos anulados por fora de jogo. No entanto, houve Pedro Gonçalves. Um Pedro Gonçalves bom no meio-campo, um Pedro Gonçalves bem melhor na frente. O jogador nascido em Vidago que fazia a sua estreia a jogar em Chaves bisou, fez jogar, foi o MVP e ainda ofereceu uma grande penalidade a Chermiti que lhe poderia ter valido a ascensão ao primeiro lugar na lista dos melhores marcadores. Enquanto houver Pote na frente, há quase sempre cura para as ressacas…

Ficha de jogo

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Desp. Chaves-Sporting, 2-3

21.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Desp. Chaves: Rodrigo Moura; Habib Sylla, Steven Vitória, Carlos Ponck, Sandro Cruz; João Mendes (Guima, 60′), João Pedro, João Teixeira (Benny, 80′); Abass Issah (Héctor Hernández, 60′), Euller (Luther, 80′) e Juninho (Jô Baptista, 80′)

Suplentes não utilizados: Gonçalo Pinto, Nelson Monte, João Queirós e Guilherme Silva

Treinador: Vítor Campelos

Sporting: Adán; Gonçalo Inácio, Coates, Diomande (St. Juste, 71′); Bellerín, Ugarte (Tanlongo, 81′), Pedro Gonçalves, Nuno Santos; Marcus Edwards (Arthur Gomes, 71′), Francisco Trincão (Morita, 60′) e Paulinho (Chermiti, 81′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Ricardo Esgaio, Matheus Reis e Fatawu

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Pedro Gonçalves (8′, g.p. e 61′), João Teixeira (34′), Nuno Santos (70′) e Héctor Hernández (90+6′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Pedro Gonçalves (20′), Sandro Cruz (51′), Ugarte (69′), Bellerín (85′) e Habib (90+1′)

Sem margem de erro mas a ter de promover alguma rotação nas opções iniciais tendo em vista o encontro na Dinamarca na próxima quinta-feira, Rúben Amorim fez quatro alterações em relação à equipa que começou o último jogo com o Midtjylland com a estreia como titular de Diomande, a aposta em Bellerín e o regresso de Francisco Trincão jogando inicialmente mais pela esquerda para dar o corredor contrário às diagonais de Marcus Edwards. E o início dificilmente poderia ser melhor: circulação rápida de bola, boas zonas de pressão na construção dos transmontanos, variações de flanco que conseguiam criar situações de 1×1, muita intensidade no último terço. Na primeira oportunidade, que nasceu numa grande jogada de Pedro Gonçalves pela direita para o remate de Nuno Santos travado pelo estreante Rodrigo Moura, a recarga de Trincão ficou presa nos defesas contrários (5′); na segunda, num penálti do guarda-redes sobre Paulinho que levantou dúvidas, o mesmo Pote não perdoou e inaugurou mesmo o marcador de grande penalidade (8′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Desp. Chaves-Sporting em vídeo]

As características de domínio total foram depois mudando com o passar dos minutos, com o Desp. Chaves a ter João Teixeira a agarrar mais no jogo e Habib e Abass a conseguirem esticar jogo pelo flanco direito, mas o máximo que a equipa da casa conseguiu fazer foi colocar João Mendes na carreira de tiro para um remate de pé esquerdo à figura de Adán (21′). Depois, apareceu o Sporting. Com Pedro Gonçalves a arriscar a jogada individual para rematar de longe ao lado (24′), com Paulinho a ter um desvio com selo de golo na pequena área após cruzamento de Trincão que bateu com estrondo na trave (25′). O encontro estava vivo e aberto, com a formação transmontana a viver bem com o jogo mais partido e a aproveitar esses momentos para criar perigo explorando a profundidade como aconteceu num lance em que João Mendes isolou Juninho nas costas de Coates mas o avançado acabou por bater de novo numa muralha (até aí) chamada Adán (28′).

O golo não apareceu aí mas era evidente como o Desp. Chaves crescia em campo à medida em que os setores leoninos se afastavam, sendo assim que chegou ao empate com demérito leonino à mistura: Diomande fez o corte para a frente numa posição central, Sandro Cruz ganhou a segunda bola sem adversários por perto e João Teixeira arriscou o remate de meia distância que bateu ainda no relvado e no poste antes de bater Adán, mais uma vez mal na fotografia apesar da imprevisibilidade do ressalto (34′). Voltava tudo à “estaca zero”, sendo que o intervalo chegaria com empate mas com mais chances junto das duas balizas entre dois cortes providenciais da defesa flaviense em lances onde era só encostar, um golo anulado a Euller por fora de jogo de Abass no início da jogada e um cabeceamento de Steven Vitória que passou perto do poste.

À semelhança do que acontecera na primeira parte, e apesar de mais uma boa saída do Desp. Chaves que teve Adán a tirar a bola da zona de perigo com uma palmada, o Sporting voltou a entrar mais forte e com mais do que uma oportunidade para voltar à vantagem entre um golo anulado a Paulinho por fora de jogo depois de uma assistência de Nuno Santos (46′) e uma grande defesa de Rodrigo Moura a uma tentativa de chapéu de Nuno Santos após um passe de Marcus Edwards que o isolou descaído sobre a esquerda (50′). Tudo parecia mesmo correr mal a Paulinho, que tinha iniciado de costas para a baliza e a cair na direita essa última chance dos leões e que marcou novamente pouco depois num bom cabeceamento ao segundo poste mas o lance foi de novo anulado por fora de jogo (55′). Depois, Rúben Amorim. E com isso passou para a frente.

À partida, poderia pensar-se que era uma substituição sem sentido para quem queria ganhar, com a troca de um extremo (Francisco Trincão) por um médio centro (Morita). No entanto, essa acabou mesmo por ser a chave do jogo. Mais: Pedro Gonçalves fez mais num minuto do que Trincão em 60′ jogando na ala, com um movimento em diagonal de fora para dentro com um remate colocado sem hipóteses para Rodrigo Moura a fazer o 2-1 (61′). Esse acabou por ser mesmo o momento chave da partida, com os leões a terem a partir daí outra estabilidade no seu jogo e a chegarem de forma quase natural ao 3-1 numa transição rápida a envolver as três unidades da frente que teve Paulinho a ser lançado na profundidade antes de fazer a assistência para o remate desviado num defesa contrário de Nuno Santos quando Pedro Gonçalves fazia o movimento contrário para arrastar defesas (70′). E a goleada só não foi maior porque Chermiti permitiu por duas vezes a defesa a Rodrigo Moura, a segunda na conversão de uma grande penalidade (83′ e 85′), sendo que no sexto minuto de descontos Héctor ainda reduziu após um cruzamento largo de Benny Sousa.

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