Para assinalar os 70 anos do lançamento de Casino Royale, o primeiro da saga 007, a Ian Fleming Publications — empresa que detém os direitos das obras literárias — vai relançar os livros em inglês, em abril, com alterações para retirar referências consideradas racistas.

O jornal Telegraph explica que a palavra “nigga” (utilizada como insulto racista) que o escritor Ian Fleming utilizou durante os anos 1950 e 1960 para se referir aos “negros” foi praticamente eliminada dos livros que estão na origem dos filmes que acompanham James Bond. A palavra foi substituída, na maioria das vezes, por “pessoa negra” ou “homem negro”, contudo há casos onde as referências raciais foram totalmente eliminadas. Os criminosos que fogem do espião no livro Dr.No, por exemplo, passam a ser simplesmente descritos como “gangsters“. Nessa obra, a etnia de um médico e de um oficial de imigração deixa de ser mencionada. O mesmo acontece com a de um barman no livro Thunderball.

Apesar destas alterações, o jornal britânico explica que referências a outras etnias mantêm-se. Expressões como “doce sabor da violação” ou a descrição da homossexualidade como uma “deficiência teimosa” também não foram removidas.

As obras alteradas vão passar a conter um aviso para preparar os novos leitores do universo de 007: “Este livro foi escrito numa época em que termos e atitudes que poderão ser considerados ofensivos pelos leitores modernos eram comuns. Uma série de atualizações foram feitas nesta edição, mantendo o texto o mais próximo possível do original e do período” em que decorre a ação.

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A Ian Fleming Publications explicou, ao The Telegraph, que foi decidido que a “melhor opção era seguir o exemplo de Ian”, o escritor dos livros. “Fizemos alterações em Live and Let Die que ele mesmo autorizou”, acrescentou a editora.

As notícias que dão conta das alterações aos livros de Ian Fleming surgem após, também este mês, ser anunciado que os livros de Roald Dahl, um dos mais populares autores de literatura infantil, em inglês seriam alterados em favor de “linguagem mais inclusiva”: “Gordo”, por exemplo, passa a ser “enorme” e “feio” desaparece.

“Gordo” passa a ser “enorme”, “feio” desaparece: livros de Roald Dahl em inglês alterados em favor de “linguagem mais inclusiva”