Os preços das consultas e dos exames médicos a pagar pelos beneficiários da ADSE, subsistema de saúde do Estado, sofreram esta quarta-feira aumentos significativos, além dos 5% que tinham sido acordados pelo Conselho Geral e de Supervisão, organismo onde Governo e sindicatos tomam as principais decisões sobre o funcionamento da ADSE.

De acordo com informações reveladas esta quinta-feira pelo Público e pelo Diário de Notícias, os aumentos de preços que surgem nas novas tabelas que entraram em vigor na quarta-feira, dia 1 de março, ascendem a 63% em consultas de algumas especialidades e a 134,5% em alguns exames.

Por exemplo, o preço de uma ecografia mamária aumentou 134,5%, mais do que duplicando, de 14,5 para 34 euros. Já o de uma radiografia cervical subiu 125%, de 6 para 13,6 euros, enquanto uma mamografia aumentou em 48%, de 27 para 40 euros. Além do preço a pagar pelo beneficiário, a comparticipação paga pela ADSE ao prestador do serviço médico também aumentou na mesma proporção.

No caso das consultas, a esmagadora maioria das especialidades mantém o preço nas novas tabelas (5 euros pagos pelos beneficiários e 20 pagos pela ADSE), mas há algumas especialidades com aumentos muito significativos. É o caso da consulta multidisciplinar de oncologia, que aumentou em 63%, de 19,95 para 32,42 euros, e também das consultas de obstetrícia, ginecologia, psiquiatria, psiquiatria da infância e da adolescência, reumatologia ou dermatovenereologia, com o custo para o beneficiário a subir de 5 para 7,6 euros — uma subida de 52%.

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O preço das consultas de pediatria também vai aumentar, de 7 para 9 euros, igualmente um aumento de 52%.

Antes destas novas tabelas, o Conselho Geral e de Supervisão da ADSE tinha aprovado por unanimidade uma atualização das tabelas em 5%, resultado da subida de inflação e também da “pressão dos prestadores de saúde do setor privado”, segundo a presidente do organismo, Maria Helena Rodrigues, em declarações ao Dinheiro Vivo.

Contudo, segundo explicou a direção da ADSE num documento interno referido pelo Público, apesar de a maioria dos atos médicos ter mantido os preços, em alguns casos foi preciso implementar aumentos muito mais substanciais para tentar evitar que os prestadores retirassem alguns atos médicos do regime. “As subidas de preços que não seguem a regra geral foram restringidas às situações mais graves de escassez de oferta pelos prestadores”, diz a ADSE nesse documento interno.

Os sindicatos foram apanhados de surpresa pelos aumentos, como explicou ao Dinheiro Vivo o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap), José Abraão. “O que foi proposto e aprovado foi o reconhecimento da necessidade de um aumento de 5% e não mais do que isso”, disse. Abraão garantiu ainda que vai “pedir explicações” na próxima reunião do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE.