O PCP defendeu esta terça-feira que “mais do que punições” aos militares da Marinha que se recusaram a cumprir uma missão alegando falta de segurança, é preciso que o Governo resolva os problemas de operacionalidade dos meios.
Estamos a falar de militares e por certo não foi de ânimo leve que assumiram a atitude conhecida”, considerou o PCP, frisando que “tem alertado e questionado em momentos diversos para problemas que crescem em torno da operacionalidade dos meios, bem como das condições proporcionadas aos militares”.
Para o PCP, “mais do que punições, o que é preciso é opções que respondam aos problemas que crescentemente afetam a Marinha e os restantes ramos e que não se resolvem com `marketing´ ou propaganda“, considerou o partido.
A Marinha confirmou na segunda-feira que 13 militares do navio que se encontra atribuído à Zona Marítima da Madeira recusaram ocupar os respetivos postos na preparação da largada para execução de uma missão, na noite de sábado, alegando falta de condições de segurança. Nesse dia o navio encontrava-se com uma avaria num dos motores.
Marinha falhou missão de acompanhamento de navio russo após 13 militares terem recusado embarcar
O NRP Mondego não cumpriu a missão, que era de acompanhamento de um navio russo, a norte da ilha do Porto Santo. Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais “não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos”.”Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso”, referiu a Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.
Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.
Na nota enviada à agência Lusa, a Marinha confirma que o NRP Mondego estava com “uma avaria num dos motores”, mas refere que a missão que ia desempenhar era “de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas”.
Aquele ramo das Forças Armadas refere ainda que o comandante do navio reportou que, “apesar das limitações mencionadas, tinha condições de segurança para executar a missão”.
A Armada sublinha que a “avaliação das prioridades das missões e estado do navio segue uma linha hierárquica bem definida e estruturada“, sendo que “cabe apenas à Marinha, e à sua linha hierárquica, a definição de quais os navios em condições de cumprir com as missões atribuídas”.
No que se refere às limitações técnicas do NRP Mondego, a Marinha refere que os navios de guerra “podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança”, uma vez que têm “sistemas muito complexos e muito redundantes”.
Essa avaliação, mais uma vez, pertence à linha de comando e à Superintendência do Material, enquanto entidade técnica responsável. Ambas as entidades não consideraram estar o navio inseguro para navegar”, indica a Marinha.
Aquele ramo das Forças Armadas acrescenta ainda que “as guarnições dos navios são treinadas para operar em modo degradado, estando preparadas para lidar com os riscos inerentes, o que faz parte da condição militar”.