Até esta quinta-feira era uma verdadeira malapata: nas duas ocasiões em que o Sporting tinha decidido eliminatórias europeias nas grandes penalidades, tinha acabado eliminado. No Emirates, porém, a história mudou. Com uma defesa de Adán e um remate certeiro de Nuno Santos, os leões afastaram o Arsenal e qualificaram-se para os quartos de final da Liga Europa pela 7.ª vez na história.

Adán, o Pote de ouro de uma equipa que nunca desiste (a crónica do Arsenal-Sporting)

A verdade é que, apesar do mau historial com os penáltis, o Sporting manteve as boas memórias contra equipas inglesas. Em 12 embates europeus contra equipas de Inglaterra, desde os anos 60 e até esta quinta-feira, os leões conseguiram apurar-se em nove ocasiões, caindo apenas em três eliminatórias.

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Mesmo sem Morita e Coates, que estavam castigados, e a terminar o jogo sem Pote, Edwards, Ugarte, Trincão ou Paulinho, a equipa de Rúben Amorim conseguiu ser superior ao Arsenal em longos períodos de tempo e vincou o ascendente nas grandes penalidades. Antes disso, porém, Pote já tinha marcado aquele que será um dos melhores golos da temporada — a 50 metros da baliza, praticamente do meio-campo, a aproveitar o adiantamento de Ramsdale para assinar um chapéu extraordinário.

“É uma vitória completamente merecida. Estivemos quase sempre em desvantagem, mas acreditámos sempre e é completamente merecido. O golo? Foi o momento. No momento em que levantei a cabeça vi que o guarda-redes estava adiantado e saiu tudo perfeito. Não é treinado. Saiu-me no momento. Estou contente pelo golo e pela equipa”, começou por dizer o internacional português na zona de entrevistas rápidas.

“Até onde podemos ir? Depende da sorte do sorteio. Nesta eliminatória não tivemos muita sorte. É esperar, ver e, como disse no resultado anterior, vamos jogo a jogo e logo se vê. Eles jogaram muito baixo, tive de pressionar muito algo e fazia muitos quilómetros. Estava cansado e não conseguia mais, por isso é que saí. Fico contente pela equipa e parabéns ao Adán, que fez uma excelente exibição”, completou Pote.

Já Rúben Amorim, na flash interview, fez uma breve análise da eliminatória. “Acima de tudo, a vitória e os resultados ditam tudo mas relevo a forma como os meus jogadores jogaram, como enfrentaram o jogo e como sofreram o primeiro golo, que não mereciam. Depois, a forma personalizada como aguentámos em todo o jogo. Tivemos dificuldades no fim. O prolongamento foi difícil para nós. O Arsenal respeitou-nos sempre muito. Foi um jogo um pouco dividido em que fomos felizes nos penáltis mas onde fizemos por merecer”, explicou o treinador leonino, explicando depois o porquê de este nível exibicional do Sporting só ter surgido nesta fase da temporada.

“As coisas levam tempo. Há muitos jogadores novos e nós precisamos de tempo para construir. Depois, penso que poderíamos ter feito algo melhor com alguns jogadores, porque já temos uma pequena base. Vem tudo da mentalidade, da concentração. Nós fomos aumentando o nível exibicional durante a época. Faz parte do processo e estamos a melhorar com o tempo. O que temos de fazer é não nos distraírmos com estes resultados e continuar. Ainda tempos muito para fazer”, acrescentou.

Mais à frente, Amorim explicou o porquê de só ter feito a primeira substituição já em cima dos 90′, trocando Paulinho por Chermiti. “O jogo estava a correr tão bem e estavam todos tão bem… Os jogadores aparentavam estar bem e as mexidas não têm a ver com talento. Os jogadores do banco poderiam estar como titulares. Mexer em alguma peça poderia alterar as coisas. Na segunda parte fomos mais fortes e eu não queria parar esse momento da equipa”, atirou, terminando com um comentário ao facto de o Arsenal ter terminado o jogo com os habituais titulares.

“Não há um único jogador que não tenha atuado nesta eliminatória, até o guarda-redes que é titular mas não costuma jogar na Liga Europa foi utilizado. Mas isso não interessa. Qualquer que fosse o jogador que o Arsenal tivesse, seria sempre muito forte. Quanto a mim, fomos justos vencedores. Em nossa casa o Arsenal teve mais controlo do jogo, mas soubemos lidar com os dois jogos da eliminatória e acabámos por merecer”, concluiu.