Sete jogos sem perder, quatro jornadas seguidas a ganhar no Campeonato, uma eliminatória europeia totalmente em aberto. O Sporting chegava a Londres para disputar a segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa contra o Arsenal a atravessar a melhor fase da temporada e com o objetivo de apostar nas competições europeias para amenizar as desilusões internas. Para isso, porém, era preciso vencer o atual líder da Premier League.

Depois de uma primeira mão muito equilibrada e que terminou com um empate, há uma semana e em Alvalade, a equipa de Rúben Amorim visitava o Emirates na sequência de uma vitória convincente contra o Boavista no fim de semana. Cientes de que o desafio era enorme, de que as diferenças entre os dois conjuntos eram notórias e de que o favoritismo estava todo do lado dos ingleses, os leões entravam em campo com a ideia de que tinham tudo a ganhar e pouco a perder.

Ficha de jogo

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Arsenal-Sporting, 1-1, 3-5 após grandes penalidades (3-3 no conjunto das duas mãos)

Oitavos de final da Liga Europa

Emirates Stadium, em Londres (Inglaterra)

Árbitro: Mateu Lahoz (Espanha)

Arsenal: Aaron Ramsdale, Tomiyasu (Ben White, 9′), Saliba (Rob Holding, 21′), Gabriel Magalhães, Zinchenko, Reiss Nelson (Bukayo Saka, 66′), Jorginho (Thomas Partey, 66′), Xhaka, Fábio Vieira (Odegaard, 101′), Gabriel Martinelli, Gabriel Jesus (Leandro Trossard, 45′)

Suplentes não utilizados: Matt Turner, Hillson, Kieran Tierney, Smith Rowe, Kiwior

Treinador: Mikel Arteta

Sporting: Adán, Diomande, Jeremiah St. Juste, Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio, Manuel Ugarte, Pedro Gonçalves (Dário Essugo, 93′), Matheus Reis (Nuno Santos, 93′), Marcus Edwards (Mateo Tanlongo, 119′), Paulinho (Chermiti, 90′), Trincão (Arthur Gomes, 105′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Sotiris, Luís Neto, Rochinha, Fatawu, Jovane Cabral, Mateus Fernandes

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Xhaka (19′), Pedro Gonçalves (62′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Fábio Vieira (24′), a Xhaka (45+2′), a Manuel Ugarte (53′ e 118′), a Rob Holding (71′), a Diomande (118′); cartão vermelho por acumulação a Manuel Ugarte (118′)

“Estou à espera de um jogo muito difícil, de uma equipa que vai entrar com outra velocidade, que já nos conhece e percebe melhor, que vai mudar a abordagem. Vamos tentar fazer melhor do que em Alvalade. Olho para o jogo com um elevado grau de dificuldade. Temos ambição, queremos fazer o nosso jogo, ter bola. Mas vai ser aquilo que o jogo ditar. A grande responsabilidade está do lado do Arsenal e podemos jogar com isso. Pico-os mais no Campeonato, fi-lo com o Boavista. Eles nestes jogos estão muito concentrados, toda a gente os quer jogar. Não quero que pensem que é um jogo extra. Estamos aqui por direito e estamos aqui para lutar pelos nossos objetivos”, disse o treinador leonino na antevisão da partida.

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Amorim não contava com Coates e Morita, ambos castigados depois de terem visto cartão amarelo na primeira mão, e lançava Diomande no lugar do uruguaio e Pote no meio-campo para render o japonês. Paulinho era titular no ataque, apoiado por Edwards e Trincão, e Adán voltava à baliza depois de ter falhado o encontro do Campeonato por lesão. Do outro lado, Arteta proporcionava a primeira titularidade de Gabriel Jesus desde novembro e deixava Partey, Saka, Odegaard e Trossard no banco, apostando em Reiss Nelson, Fábio Vieira e Gabriel Martinelli.

O Sporting arrancou a partida com uma atitude surpreendente, a conseguir conquistar muita posse de bola e a apresentar as linhas subidas e uma reação à perda muito interessante. O Arsenal parecia optar por uma lógica de expectativa, à espera de perceber e entender a forma como o adversário se posicionava para desembrulhar o ataque, e quase não se aproximou da baliza de Adán no quarto de hora inicial.

Trincão teve a primeira oportunidade do jogo, com um remate cruzado à entrada da grande área que passou ao lado, e Gabriel Jesus respondeu do outro lado ao ganhar a St. Juste ao segundo poste para forçar Adán a uma defesa de belo efeito (19′). Logo depois, imperou a lei do mais forte: Jorginho tirou um passe longo perfeito, Martinelli ganhou as costas a Esgaio no corredor esquerdo e rematou para defesa do guarda-redes leonino, com Xhaka a abrir o marcador na recarga e praticamente sem oposição (21′).

De um instante para o outro, e até com o Arsenal a ser forçado a duas substituições não programadas devido às lesões de Tomiyasu e Saliba, o Sporting via-se a perder no Emirates e tinha a tarefa bem mais dificultada. Ainda assim, e apesar de os ingleses terem aproveitado o golo marcado para conquistar terreno e ficar perto de aumentar a vantagem através de um remate de Jesus que Adán defendeu (30′), a verdade é que os leões mantiveram a atitude positiva e exploraram essencialmente o espaço que o adversário deixava nas costas quando se balançava para o ataque.

St. Juste teve a melhor oportunidade do Sporting neste período, com um remate por cima da trave à entrada da grande área (41′), mas os leões iam pecando essencialmente na última definição e terminaram a primeira parte sem qualquer pontapé enquadrado. Ao intervalo, em Londres, a equipa de Rúben Amorim tinha apenas 45 minutos para evitar a eliminação da Liga Europa mas parecia completamente dentro da discussão.

Rúben Amorim não mexeu ao intervalo mas Mikel Arteta fez a terceira alteração, tirando Gabriel Jesus para lançar Leandro Trossard. O Sporting voltou a entrar muito bem, empurrando o Arsenal para o próprio meio-campo e demonstrando uma assertividade maior, com Paulinho a ficar perto de empatar num lance em que Ramsdale intercetou um cruzamento venenoso de Esgaio vindo da direita (51′). Os ingleses jogavam com o relógio, os leões jogavam com o coração — mas sem baliza.

Até que a baliza apareceu da forma menos provável. Paulinho roubou uma bola na zona do meio-campo, Pote resgatou e deu uns passinhos para a frente e fez o que poucos fariam: rematou. O internacional português aproveitou o adiantamento de Ramsdale e marcou um golo extraordinário, do meio da rua e a mais de 50 metros da baliza, para empatar a partida e a eliminatória (62′). Paulinho ia colocando o Sporting a vencer logo depois, com um cabeceamento perigoso na sequência de um canto (65′), e Arteta respondeu com a artilharia ao lançar Partey e Saka.

Os leões mantiveram algum ascendente na partida, ainda que o Arsenal procurasse quebrar ligeiramente o ritmo e discutir mais a posse de bola no meio-campo, e Edwards ficou muito perto de marcar com um remate cruzado que Ramsdale defendeu com a cara (72′). O resultado não se alterou até ao fim dos 90 minutos regulamentares, Rúben Amorim só mexeu mesmo nos derradeiros instantes para trocar Paulinho por Chermiti e a eliminatória seguiu para prolongamento.

Dário Essugo e Nuno Santos entraram logo nos primeiros instantes da meia-hora extra, Arteta fez um claro all in ao lançar Odegaard para tirar Fábio Vieira mas o prolongamento nada alterou e tudo acabou decidido nas grandes penalidades já depois de Ugarte ser expulso por acumulação de cartões amarelos. E aí, nos penáltis, fez-se história: Adán defendeu o pontapé de Martinelli, Nuno Santos converteu o remate decisivo e o Sporting eliminou o Arsenal para chegar aos quartos de final da Liga Europa.