O banco suíço UBS anunciou a compra do rival Credit Suisse por três mil milhões de francos suíços (cerca de 3.030 milhões de euros), após intensas negociações. As negociações, que decorreram ao longo do fim de semana envolveram os dois maiores bancosda Suíça, o governo, o banco central e a entidade reguladora.

Como parte do acordo, as partes concordaram com uma modificação da legislação para evitar que esta decisão de compra seja submetida a voto dos acionistas do UBS. O banco aceitou duplicar o montante que inicialmente propusera, para ultrapassar as reservas colocadas pelo Credit Suisse e por um dos seus principais acionistas.

“Esta aquisição é atrativa para os acionistas do UBS mas, deixem-me ser claro, no que toca ao Credit Suisse, isto é um resgate de emergência”, afirma, em comunicado, o chairman do UBS, Colm Kelleher. “Esta transação vai trazer benefícios aos clientes e criar valor sustentável e de longo prazo aos nossos investidores”, concluiu.

Já o CEO do UBS, Ralph Hamers, admite que a fusão vai ajudar o UBS a cumprir as suas ambições de crescimento na América e na Ásia, e acrescentar escala ao negócio europeu.

A transação avalia as ações do Credit Suisse a um preço de 77 cêntimos, em vez dos 25 inicialmente propostos, o que continua muito abaixo do valor das ações do banco no encerramento do mercado na sexta-feira.

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O governo também já confirmou que o negócio está fechado. Em conferência de imprensa na tarde deste domingo, o presidente do Conselho Federal suíço, Alain Berset, disse que este é “um anúncio de grande alcance” e que não só é decisivo para a Suíça, como também para “a estabilidade do conjunto do sistema financeiro”. “Temos de fazer tudo para evitar uma crise financeira de grande amplitude”.

Num comunicado emitido este domingo pelo Banco Nacional Suíço, a mensagem é semelhante: no texto lê-se que o negócio representa “uma solução para assegurar a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação excecional”, esclarecendo que ambos os bancos têm “acesso sem restrições” aos instrumentos previstos para obter liquidez junto do banco nacional.

Podem obter apoio sob a forma de liquidez até 100 mil milhões de francos suíços (101 mil milhões de euros). “Nesta situação de excecional incerteza, a aquisição do Credit Suisse pelo UBS permitiu encontrar uma solução para garantir a estabilidade financeira e proteger a economia suíça”, afirmou o banco central em comunicado, após ter sido anunciada oficialmente a compra.

“Providenciando ajuda para uma liquidez substancial, o banco nacional está a cumprir o seu mandato de contribuição para a estabilidade do sistema financeiro, e continua a trabalhar de perto com o governo e a FINMA (a autoridade suíça para a supervisão do mercado financeiro”, acrescenta o banco central do país.

Já a própria FINMA pronunciou-se para dizer que “aprovou” a compra, frisando mais uma vez a importância da “estabilidade” no setor e de resolver a crise de confiança que se tinha gerado.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também já se pronunciou para elogiar a “ação rápida e decisões tomadas pelas autoridades suíças”, uma vez que são essenciais para “restabelecer a normalidade nas condições de mercado e assegurar a estabilidade financeira”.

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Lagarde focou-se em passar uma mensagem de confiança, garantindo que o setor da banca europeia é “resiliente” e que, se for necessário, o BCE terá a “caixa de ferramentas” necessária para dar ajuda à liquidez do sistema financeiro.

O Credit Suisse registou nos últimos dias uma forte queda em bolsa, tendo encerrado na sexta-feira a perder 8%. Ao longo da semana acumulou uma descida de mais de 25%.

(Valor do negócio corrigido às 21h40)