São muitos os desportos, são muitas as figuras. No xadrez, a maior da modalidade, Magnus Carlsen. No atletismo, Jakob Ingebrigtsen, Karsten Warholm ou Eivind Henriksen. Nos desportos de inverno, Therese Johaug, Johannes Hösflot Kläbo e toda a equipa masculina do biatlo. No andebol, Sander Sagosen e todo o conjunto que no último Mundial caiu quase por bruxaria nos quartos frente à Espanha. Mesmo sendo um país pequeno com menos de 5,5 milhões de habitantes, a Noruega continua a produzir vários talentos em várias frentes. O futebol, esse, não é exceção e, apesar da lesão de Erling Haaland, a maior referência de todas, havia ainda nomes como Odegäard, Aursnes ou Östigard. Eram eles que tentavam em Málaga mostrar que os escandinavos são cada vez mais uma seleção a ter em conta apesar de não chegar a uma fase final de grande competição desde 2000. Aí, na única participação num Europeu, ganharam à Espanha. Mais de duas décadas depois de uma presença que acabaria sem apuramento, tentavam mais um “milagre”.

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Se jogar com qualquer versão da Roja já é complicado, agora mais complicado se tornava por haver uma dose bem maior de imprevisibilidade. Que a Espanha queria dominar em posse e ia ter muito mais bola, ninguém tinha dúvidas ou não fosse esse um ADN que identifica a seleção. No entanto, a entrada do novo selecionador Luis de la Fuente para o lugar de Luis Enrique depois da derrota nos oitavos do Mundial com Marrocos, que deitou por terra as esperanças de uma das equipas a quem era apontado maior favoritismo depois da fase de grupos, poderia promover algumas alterações. Assim foi. Nos nomes e até na própria forma de jogar.

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Depois de uma convocatória com várias mudanças em relação à última fase final no Qatar, o antigo técnico dos Sub-21 chamou ao onze quatro jogadores que não estiveram sequer no Mundial: Kepa, guarda-redes que se estreou em 2017 mas que esteve depois um longo período ausentes das opções; Nacho, polivalente defesa do Real Madrid; Mikel Merino, médio que tem sido um dos principais destaques da Real Sociedad; e Iago Aspas, o eterno avançado do Celta de Vigo. Era assim que começava a nova era sem o único campeão do mundo de 2010 ainda sobrevivente na seleção, Sergio Busquets, e com um destaque cada vez mais a emergir na Espanha chamado Gavi (ainda mais perante a ausência do lesionado Pedri). No entanto, e em cinco minutos, outro nome surgiu como o talismã da nova era: o estreante Joselu, avançado que há duas semanas esteve no “La Resistencia” da Movistar e foi descrito por David Broncano como… Haaland espanhol.

Com um desenho de 4x4x2 muito flexível, com os movimentos de Dani Olmo a partir da direita, Gavi a partir da esquerda e Merino no meio (só Rodri jogava mais fixo à frente da defesa) a criarem desenhos alternativos que procuravam encontrar os espaços entre linhas e tirar referências à defensiva contrária, a Espanha foi tentando assumir o encontro em posse mas de forma mais vertical e inaugurou o marcador no primeiro lance de perigo, com Morata a abrir em Balde e o cruzamento tenso na esquerda a ser desviado na área por Dani Olmo (13′). As hostilidades estavam abertas mas nem por isso a Noruega deixava de estar ainda no jogo, com Odegäard a sofrer uma grande penalidade não assinalada de Rodri (15′) e Aursnes, médio do Benfica, a atirar de primeira após centro de Sörloth para grande defesa de Kepa (28′). Merino ainda obrigou Nyland a uma intervenção mais apertada mas percebia-se que a Espanha não estava confortável na partida.

De la Fuente tinha algumas coisas para corrigir ao intervalo depois da boa entrada no quarto de hora inicial que não teve prolongamento. Contudo, voltou a ser a Noruega a ficar perto do golo nos minutos iniciais, com o remate de Marcus Pedersen a ser cortado para a própria baliza por Nacho e Kepa a tirar forma atabalhoada em cima da linha (55′). E ainda houve mais uma oportunidade flagrante falhada por Sörloth na área, atirando ao lado quando estava sozinho após cruzamento da direita (78′). Depois, entrou Joselu para o lugar de Álvaro Morata, fazendo a estreia pela Roja a dois dias de fazer 33 anos. Aconteceu história: foi para o jogo aos 81′, falhou a bola em boa posição na área aos 82′, marcou num grande cabeceamento a colocar a bola no poste contrário aos 84′ e bisou numa recarga após remate de Oyarzabal aos 85′. Estava fechado o “enganador” 3-0, estava aberta uma noite que não mais o avançado do Espanyol que passou pelo Real vai esquecer.