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"Totalmente renovado" e com 27 salas. Museu Soares dos Reis reabre na totalidade com exposição de longa duração

Este artigo tem mais de 1 ano

Encerrado parcialmente desde 2019, o primeiro museu público de arte do país reabre esta quinta-feira na totalidade, com a exposição de longa duração. Há 27 salas e mais de 1.100 peças expostas.

O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, foi o primeiro museu público de arte do país
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O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, foi o primeiro museu público de arte do país

JOSÉ COELHO

O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, foi o primeiro museu público de arte do país

JOSÉ COELHO

Os últimos detalhes vão sendo afinados e a garantia é de que está tudo pronto. Mais de três anos depois de encerrar parcialmente para obras de recuperação e manutenção da exposição permanente, o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, reabre na totalidade esta quinta-feira, com a inauguração da exposição de longa duração. No total, há 27 salas que ocupam quase 2.000 metros quadrados de área, com 1.133 peças expostas e a proposta de novas leituras e novas narrativas.

“Quando cheguei aqui ao museu, em abril de 2021, tinha um espaço totalmente desmontado, o que me permitiu repensar a exposição de longa duração do museu de uma forma mais programática e integral. Foi um processo longo — até muito longo –, mas que resulta de um conjunto de reflexões internas para encontrarmos as narrativas que suportassem uma exposição que não queríamos que fosse apenas uma sucessão de objetos de arte. Queríamos dar-lhe outras possibilidades de leitura”, explica António Ponte, diretor do Museu Soares dos Reis.

O conceito de “exposição permanente” foi alterado para “exposição de longa duração”, uma vez que “periodicamente ou ciclicamente a exposição terá alterações que derivam do facto de haver objetos de coleção que, por necessidade de conservação, têm de ser substituídos e alterados e também por força de alguns protocolos de cedência de peças”. “Esta é uma exposição que concebemos para levar o museu dos 190 aos 200 anos, que se comemoram em 2033”, sublinha o responsável.

O Museu Soares dos Reis, o primeiro museu público de arte do país, encerrou parcialmente em agosto de 2019 e a duração estimada para a realização das obras era de seis meses. Questionado sobre este atraso na reabertura, António Ponte relembra que o período de dois anos em que este trabalho decorreu apanhou ainda a pandemia e, logo de seguida, uma guerra que teve impacto na disponibilização dos materiais necessários, somando-se os tempos dos concursos públicos e da própria escolha das peças.

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Durante este período, o diretor do museu assegura que o trabalho foi constante, incluindo ainda as exposições temporárias e trabalhos externos. “Quando cheguei as obras já estavam concluídas e estavam na fase de iniciar o processo de construção da exposição. Foi aí que consegui desenvolver o projeto todo como acho que deveria ser desenvolvido”, refere, acrescentando que foi necessário “repensar o museu e fazer uma coisa diferente” e isso, refere, exigiu mais tempo.

“Admitimos que possa ter existido uma falha de comunicação nessa explicação à cidade. Mas eu entrei a 1 de abril de 2021 e reabrimos toda a ala de exposição temporária a 15 de maio. Entendemos essa urgência de restituir o espaço às pessoas. De 15 de maio 2021 até hoje tivemos sempre exposições temporárias em circulação”, reforça.

O projeto teve uma dotação na ordem de um milhão de euros, sendo que metade deste valor servia para a conceção da exposição de longa duração.

O Museu Soares dos Reis, o primeiro museu público de arte do país, encerrou parcialmente em agosto de 2019 e a duração estimada para a realização das obras era de seis meses.

JOSE COELHO/LUSA

Uma viagem por 190 anos de história (e, para já, sem tecnologia)

Quem conhecia o museu em 2019 “vai encontrar um museu totalmente renovado, tanto do ponto de vista do discurso como em muitas obras que aparecem e nas relações feitas entre os objetos”. Entre as principais novidades, António Ponte destaca um conjunto de peças que não estavam em exposição há mais de 30 anos, bem como algumas obras que nunca foram expostas e que estão a sair da reserva pela primeira vez — uma reserva composta por 18 mil peças.

Ao longo de 27 salas, a exposição de longa duração propõe uma narrativa sobre os 190 anos de história do Museu Soares dos Reis através das suas coleções, mas também uma narrativa que valoriza os artistas e as suas obras. “Tivemos algumas reflexões internas para definir qual seria uma narrativa importante para este museu e entendemos que debater ou discutir os 190 anos do museu seria interessante. Trazer essa história do museu à luz para o público. É uma história que queremos contar através das nossas coleções”, refere António Ponte.

Em toda a exposição há o cruzamento de várias expressões artísticas, interligando a pintura com a escultura, o desenho e as artes decorativas. “As coleções não aparecem de forma estanque e isolada ao longo do percurso, vão aparecendo de forma articulada, sempre relacionadas, para que se perceba que os artistas e as suas épocas são os mesmos e funcionam em comum”, acrescenta o responsável.

A primeira sala do percurso é uma homenagem ao fundador do museu, D.Pedro IV. Há também um espaço dedicado a António Soares dos Reis e também salas com obras da época do Romantismo, Modernismo, com obras do Centro de Arte Contemporânea, da Academia Portuense de Belas Artes e depósitos da Câmara Municipal do Porto, bem como espaços com coleção de ourivesaria religiosa.

Entre as novidades destacadas nesta exposição está um busto do poeta Luís Vaz de Camões e um álbum de viagens e anotações de António Soares dos Reis, mas também obras dos pintores Vieira Portuense e Domingos Sequeira, uma pintura de Amadeo de Souza-Cardoso do Centro de Arte Moderna Gulbenkian e uma escultura de Cristo crucificado, do século XIII, depósito da Câmara do Porto que está exposto no segundo piso do edifício do museu.

A exposição de longa duração ocupa 27 salas, com mais de 1.100 obras

LUSA

O objetivo é também que os visitantes tenham “a experiência do contacto com a obra de arte”. E, por isso, pelo menos nos primeiros seis meses, não haverá nenhuma tecnologia aplicada à exposição. “Depois de um período de encerramento ao público, pretendemos mesmo que as pessoas sejam confrontadas com o objeto, que não vejam a exposição através de ecrãs de telemóvel ou de outros equipamentos. Queremos gerar a experiência do contacto com a obra de arte. Estamos a propor uma experiência sensorial diferente, que é, no fundo, retomar a essência do que é um museu”, explica o responsável do museu.

Para acompanhar esta nova exposição, o Museu Soares dos Reis tem também programação que começa esta sexta-feira e que dura até ao dia 21 de maio, com visitas orientadas às oficinas e conversas sobre o espaço e as coleções. Os bilhetes de entrada no museu têm um custo de cinco euros, mais dois euros por cada atividade. A inauguração desta exposição de longa duração acontece esta quinta-feira, às 18h.

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