Ainda hoje é uma memória bem presente e que até tem grande proximidade com Portugal. Aquele festejo de um golo nos EUA, naquele que foi o penúltimo título mundial do Brasil. De um lado o futuro pai, Bebeto, que tem hoje o filho Mattheus Oliveira, de 28 anos, a jogar no Farense depois de passagem por outros clubes nacionais como Estoril, Sporting, V. Guimarães ou Mafra. Do outro um grande amigo e companheiro de ataque, Romário, que na altura ainda não era pai. Celebraram combinações, jogadas, golos e título, sendo esse o principal a nível de seleções. Em campo eram inseparáveis, fora dele mantinham uma boa relação. No entanto, o que o futebol juntou a política veio agora separar. E a zanga atingiu o plano das acusações.

De novo juntos e a embalarem. Agora na política

Dois anos mais velho, Bebeto tem vários clubes em comum com Romário no currículo mas apenas jogaram na mesma equipa em períodos pequenos em dois dos maiores clubes cariocas: o Flamengo, clube onde Bebeto se afirmou nos seniores, e o Vasco da Gama, conjunto onde Romário fez grande parte da formação. Bebeto jogou em Espanha (Deportivo e Sevilha), no México (Toros Neza), no Japão (Kashima Antlers) e na Arábia Saudita (Al-Ittihad) entre outros clubes brasileiros como Vitória, Cruzeiro e Botafogo até acabar a carreira em 2002. Já Romário alinhou em Espanha na mesma altura (Barcelona e Valencia), nos Países Baixos (PSV), no Qatar (Al Sadd), nos EUA (Miami FC) e Austrália (Adelaide United) entre mais clubes brasileiros como Fluminense e América, última equipa por uma questão afetiva em 2009.

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Na Seleção, aí, a dupla tornou-se inesquecível. Ganharam como titulares a Copa América de 1989, viram juntos do banco a eliminação nos oitavos do Mundial de 1990, tornaram-se campeões mundiais depois da vitória frente a Itália nas grandes penalidades no Mundial de 1994, só não estiveram juntos quatro anos a seguir porque Romário se lesionou na antecâmara da fase final realizada e ganha pela França. Em 23 partidas a atuarem em conjunto, o Brasil nunca perdeu mas a marca que ficou foi bem maior, tal como a amizade. Pelo menos até agora. E tudo por causa da política, sem que se perceba ao certo a razão de tudo.

No último ano, Romário e Bebeto jogaram em campos opostos com resultados também eles distintos. Romário, que apoiava Jair Bolsonaro, conseguiu ser reeleito como senador; Bebeto, que estava num partido que fez campanha por Lula da Silva, não foi eleito como deputado federal após ter ganho por três vezes consecutivas como deputado estadual. A quezília entre ambos entroncou nessa disputa, sendo que nem um nem outro explicaram ao certo o que levou a tamanho afastamento, sobrando apenas as palavras duras.

“O Bebeto é um traidor. Foi meu maior parceiro mas já não é. Traiu-me na política, pulou de galho. Há coisas na vida que levo para sempre, dentro e fora da política. Vejo isso todos os dias. Mas quando é uma pessoa com quem viveste, conviveste e tens uma relação de amizade, aí é triste. Não briguei com o Bebeto, só me traiu. Mais nada. Infelizmente é assim”, acusou Romário no podcast “Cheguei” de José Carlos Araújo.

“Mas quem é ele para me chamar de traidor? O Romário está a ficar velho e acho que está a ficar esclerosado, diz muita besteira. Tenho uma carreira íntegra no futebol e na política, nunca me envolvi em polémicas. Não posso falar o mesmo dele, que é um egoísta, sempre pensou apenas nele. O Romário chamou-me para o Podemos e eu fui, mas ele saiu sem avisar ninguém. Fiquei a saber que tinha ido para o PL pela imprensa. Na verdade foi ele que me traiu, porque saiu de fininho. Ele sempre foi assim, só pensa nele. Achei que depois de velho iria mudar mas parece que não. Ele não gosta de falar que ganhou em 1994 sozinho? Ninguém faz nada sozinho, no futebol e na política tudo se faz em termos coletivos e a verdade é que o Romário é um individualista”, respondeu pouco depois Bebeto em declarações ao UOL.