O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, que esteve preso por fraude fiscal e branqueamento de capitais entre 2013 e 2014 (e foi reeleito depois disso) e foi há meses acusado de um crime de prevaricação, faz fortes críticas à relação entre política e Justiça: “Os políticos têm todos medo da justiça”, que por isso acaba por não ser “escrutinada” nem “controlada”, atira.

Na segunda parte de uma entrevista ao Diário de Notícias (a primeira foi publicada no domingo), Isaltino garante que “nunca esteve” zangado com a Justiça apesar de considerar que não teve “as melhores pessoas” a julgar o seu caso. “O que está mal (…) é na comunicação social e em quem avalia a Justiça, porque partem do princípio que a Justiça tem sempre razão. Um dos grandes problemas em Portugal é não haver nem escrutínio, nem controlo dessas decisões”. E os políticos são “mentirosos” ao dizer que não interferem na Justiça, ataca, acusando o Governo de Pedro Passos Coelho de defender que “era preciso prender o Isaltino”.

Isaltino Morais acusado de prevaricação. MP considera que beneficiou empresa de construção civil em Parceiras Público-Privadas

“O Parlamento deve controlar a Justiça, as decisões da justiça devem ser escrutinadas”, defende o autarca de Oeiras, garantindo mesmo que a política “devia interferir muito mais” porque a Justiça não pode funcionar em modo “autogoverno puro”.

Sobre a Operação Marquês, que envolve José Sócrates, Isaltino diz que se as acusações prescreverem é porque a acusação pode ter sido feita apenas com base em suspeitas, mas não porque há interferência política: “Em casos como a Operação Marquês, os políticos fogem disso como o diabo da cruz. Pelo contrário, sacrifiquem lá o Sócrates, queimem-no lá, porque nós não queremos nada com ele. Este é que é o problema na sociedade portuguesa”.

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