A Volta a Itália é composta por 21 etapas, havendo pelo meio das três semanas ainda dois dias de descanso. Todavia, para muitos, o verdadeiro Giro começava apenas esta sexta-feira com uma subida a Crans-Montana, em território helvético, que mesmo com as limitações promovidas pelos riscos de avalanche numa zona em específico prometia ser o primeiro grande desafio de alta montanha apesar dos testes prévios no Gran Sasso e em Fossombrone. E começava com uma história repleta de capítulos inesperados que aumentou de forma exponencial toda a imprevisibilidade que já existe sempre numa grande volta, ainda para mais tratando-se da edição com mais abandonos entre problemas físicos e Covid-19 das últimas três décadas.
Vejamos: Remco Evenepoel, que ganhou os dois contrarrelógios e perdeu apenas 14 segundos entre ataques de Primoz Roglic na montanha, abandonou após contrair Covid-19, sendo que no dia seguinte mais quatro corredores da Soudal Quickt-Step saíram pelo mesmo motivo. Depois, Vlasov também deixou a competição por problemas físicos. No dia seguinte, que tinha tudo para ser apenas mais um dia, Tao Geoghegan Hart fraturou a anca numa queda e foi conduzido de ambulância para o hospital, sendo que a UAE Team Emirates perdeu Alessandro Covi que poderia ser importante para ajudar João Almeida na montanha. O português também já tinha caído, Geraint Thomas, Primoz Roglic e Pavlo Sivakov caíram no infortúnio de Tao. Sim, a Volta a Itália poderia começar apenas agora “a sério” mas o que se passara antes fazia diferença.
???? Giro d'Italia 2023 ????
Stage 1️⃣2️⃣| Tappa 1️⃣2️⃣
???? Maglia Bianca, sponsored by #IntimissimiUomo– @JooAlmeida98 – @TeamEmiratesUAE #Giro #GirodItalia pic.twitter.com/ZLMkbZbzuM
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“Agora espero estar bem e com os melhores nas subidas desta equipa, que para mim se adequam bastante ao meu perfil”, comentara João Almeida, apontando para um tipo de tirada com subidas mais longas e menos explosivas à semelhança de um Roglic. “Mais uma vez, em termos de objetivos, vou ficar feliz com o pódio mas se puder ganhar, então melhor”, apontou ainda o corredor de A-dos-Francos antes de um dia com quase 200 quilómetros que, mais uma vez devido às condições climatéricas, caiu para menos de metade.
???? Stage 13 is underway
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???? La Tappa 13 è partita #Giro #GirodItalia pic.twitter.com/WjJ7GoNgWE— Giro d'Italia (@giroditalia) May 19, 2023
???? @TeamEmiratesUAE leading the group. They have fitted wet tyres.
(Not sure I am actually using the right jargon. I need some suggestions. @F1, could help me out?)#Giro #GirodItalia https://t.co/uwGvX5QsE4 pic.twitter.com/Z8X4uzTduI
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Tendo em conta as condições adversas, especialmente na parte italiana, a Comissão decidiu aceitar os pedidos dos ciclistas e aplicar o protocolo das condições climatéricas extremas. A 13.ª etapa será encurtada, com o quilómetro zero a ser localizado em Le Chable, na entrada do Croix de Couer. A parte final da corrida será realizada sem alterações”, explicou a organização.
“Para explicar a perspetiva dos corredores, as condições climatéricas que estamos a viver este ano no Giro têm sido das mais intensas. Em resposta a isso, os ciclistas votaram ontem à noite em invocar o protocolo do clima extremo. De acordo com o regulamento, que marca chuva e gelo no ponto 1 e temperaturas extremas no ponto 4 em algumas partes do caminho de hoje, os ciclistas decidiram votar. Se a maioria superasse os 80%, os restantes iriam seguir e respeitar essa decisão da maioria, que mudaria assim a rota que estava prevista. Numa votação anónima, mais de 90% votaram a favor”, explicou também Adam Hansen.
To provide clarity from the riders' perspective, the weather conditions experienced during this year's Giro have been among the most intense. In response, the riders held a vote last night to invoke the extreme weather protocol. According to the regulations, which outline…
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The new official start is scheduled for 3 pm#Giro #GirodItalia https://t.co/wfW98N8P7q
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Assim, aconteceu algo estranho com todos os corredores a começarem a pedalar no habitual arranque não oficial mas que não passou de um pequeno aquecimento, tendo em conta que um pouco mais à frente já estavam os autocarros de todas as equipas para conduzirem os “resistentes” até Le Chable, onde iria ter início duas horas depois a etapa com uma extensão de 74,6 quilómetros. Havia ainda assim uma aparente boa notícia: depois da primeira subida cancelada, com muitas pessoas descontentes por estarem preparadas para ver uma corrida que não passaria por aí, a estrada estava quase seca e não havia previsão de chuva.
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Num pelotão que deixou de contar com Mad Pedersen, que passou mal a noite e teve de desistir, a etapa teve um arranque esperado logo ao ataque, com um pequeno grupo com Joe Dombrowski, Hugh Carthy, Jefferson Cepeda, Ben Healy, Thibaut Pinot, Bruno Armirail e Jay Vine a ganharem uma vantagem já superior a 20 segundos a um segundo grupo liderado pela Ineos onde estavam todos os candidatos com um ritmo elevado que mostrava como o facto de ser uma etapa mais curta iria endurecer ainda mais as últimas subidas. A 60 quilómetros da meta, Thibaut Pinot mantinha-se na frente mas agora apenas com mais três corredores na sua roda: Jefferson Cepeda, Derek Gee e Einer Augusto Rubio. O avanço era quase de dois minutos.
A classic stage start at the Giro ????
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Un classico inizio di tappa al giro ????#Giro #GirodItalia pic.twitter.com/rLQx8uFhYE— Giro d'Italia (@giroditalia) May 19, 2023
???? @ThibautPinot is setting the pace in the lead group. The breakaway has a margin of 1’47’’
???? A fare il ritmo nel gruppo di testa c’è @ThibautPinot. I fuggitivi hanno un vantaggio di 1’47’’#Giro #GirodItalia pic.twitter.com/0XSyKxTuJM
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Ao contrário de Bruno Armirail e Matthew Riccitello, Valentin Paret-Peintre conseguiu ainda colar no grupo da frente, que serviu quase de cicerone para evidenciar as más condições do piso que neste troço estava ainda muito molhado e impedia grandes manobras táticas devido ao risco. Mais atrás, a quase quatro minutos, o grupo dos líderes mantinha-se com a Ineos na frente a marcar ritmo para se escudar de potenciais ataques que poderiam chegar da Jumbo e a UAE Team Emirates a manter dois corredores com João Almeida, sendo que a descida mais lenta permitiu que Sivakov ganhasse fôlego para colar de novo no grupo.
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A dez quilómetros da chegada, já em subida mais dura e com Pinot à procura de companheiros para alargar distâncias sem ter grandes ajudas nesse sentido no grupo que voltara a deixar de ter Valentin Paret-Peintre, o grupo perseguidor estava ainda a três minutos, aquela fronteira para evitar grandes surpresas a não ser as possíveis entradas no top 10 mas sem mexer nos lugares cimeiros. E continuava a ser a Ineos a dominar (com Ben Swift a fazer um tirada fantástica), com todos os (muito) espectadores a partir dessa zona entre algumas bandeiras portuguesas à mistura à espera de quando Roglic poderia atacar Geraint Thomas com Almeida a tentar andar na roda do esloveno. Na frente, Pinot “cansou-se” e atacou para tentar fugir na frente.
???? The Race is in full swing!
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A gif that perfectly describes the situation in the breakaway#Giro #GirodItalia pic.twitter.com/z26g5TGOVg
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???? Powerful attack by @ThibautPinot in the front!#Giro #GirodItalia pic.twitter.com/sHbhOC2erw
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Rubio e Cepeda conseguiram colar nas investidas do francês mas Pinot mantinha-se como o favorito a ganhar apesar de haver uma resposta forte de Cepeda que se lançou também a cinco quilómetros da meta na frente quase como uma resposta ao corredor da Groupama que tinha “provocado” o equatoriano com palavras e gestos um pouco mais atrás. Rubio andava sempre a tentar colar mas era entre Pinot e Cepeda que parecia andar a chave da tirada até porque entre os favoritos continuava tudo demasiado tranquilo sem ataques ou sequer esboços de algo que quebrasse a monotonia. No entanto, Einer Augusto Rubio seria mesmo o mais forte no final, ganhando a Pinot e a Cepeda que andaram sempre a atacar nos últimos cinco quilómetros. Entre os favoritos, Thomas, Roglic e Almeida passaram ao mesmo tempo com o português na frente.
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Crans Montana offered some waiting, some attacking and some never giving up.
Watch the last km of stage 13! ????
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A Crans Montana c’è chi aspetta, chi attacca e chi non molla.Guarda l'ultimo km della tappa 13!????@expo2030#Giro #GirodItalia @Einerrubio1 @Movistar_Team pic.twitter.com/0X4hazXlih
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Assim, e depois de um sétimo lugar em Crans-Montana que foi o quarto top 10 do chefe de fila da UAE Team Emirates em etapas neste Giro (a 1.35 do trio da frente), João Almeida manteve a terceira posição da classificação geral a 22 segundos de Geraint Thomas e a 20 segundos de Roglic. Andreas Leknessund continua em quarto mas a 42 segundos. Seguem-se no top 10 Damiano Caruso (1.28), Lennard Kämna (1.52), Eddie Dunbar (2.32), Thymen Arensman (2.45), Laurens de Plus (3.08) e, agora, Thibaut Pinot (3.13).