Nem todos as grávidas que, a partir de agosto, tencionem recorrer ao Hospital de Santa Maria para ter os seus bebés vão ser encaminhadas para o Hospital de São Francisco Xavier, contrariamente ao que explicou a Direção Executiva do SNS, na informação enviada na manhã desta quinta-feira às redações. Os partos de alto risco vão continuar a ser realizados no Santa Maria, garantiu ao Observador fonte oficial do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte (CHULN), que integra esta unidade hospitalar.

As grávidas de maior risco vão continuar a ser acompanhadas em Santa Maria, por causa dos Cuidados Intensivos Pediátricos e da Neonatologia“, referiu a mesma fonte, sublinhando que, embora o Hospital de São Francisco Xavier também disponha destes cuidados, o Santa Maria tem um elevado grau de diferenciação e, com a manutenção do acompanhamento e dos partos das grávidas de maior risco no Santa Maria, pretende-se evitar uma grande pressão sobre as equipas médicas e de enfermagem do São Francisco Xavier.

Assim, vão manter-se a funcionar entre duas e três das atuais sete salas de partos do Hospital de Santa Maria, permitindo a realização de 300 a 400 partos durante as obras, isto é, cerca de 10 a 15% dos 2900 nascimentos anuais do hospital. Os restantes partos vão ser transferidos para o São Francisco Xavier, para onde serão deslocadas as equipas e os equipamentos.

Mudança para o São Francisco Xavier ainda não é certa, diz diretor de Obstetrícia do Santa Maria

Apesar de a direção executiva do SNS dar como garantida a mudança para o São Francisco Xavier dos restantes partos, nem isso parece ser certo. Ao Observador, o diretor do Serviço de Ginecologia/Obstetrícia de Santa Maria, Diogo Ayres de Campos, salienta que, apesar do anúncio da Direção Executiva, a transferência dos partos para o São Francisco Xavier ainda não está fechada. “Ainda não sabemos se vamos ou não”, diz o responsável, acrescentando que as negociações têm decorrido ao longo das últimas semanas, havendo ainda “aspetos de detalhe que ainda não estão definidos”.

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Ayres de Campos admite que o Hospital de Santa Maria “tem de arranjar uma solução” por causa das obras que se avizinham (começam a 1 de agosto). Esta quinta-feira, à Lusa, a presidente do CHULN Ana Paula Martins revelou que as equipas “andam há muitas semanas a trabalhar para garantir” a operação, o que disse só ser possível porque os profissionais “são capazes de se organizar, porque é realmente muito complexo”, além de acontecer em “pleno verão”.

8 respostas sobre o plano de verão para os blocos de parto e urgências de Obstetrícia

“É uma sobrecarga muito grande e nós tivemos muito cuidado, de um lado e do outro, e a Direção Executiva também, porque a última coisa que nós queremos é perder as pessoas, desmotivá-las a fazê-las sentir sem segurança”, sublinhou Ana Paula Martins.

Questionado quanto ao risco de o serviço que dirige poder vir a perder profissionais por causa da deslocalização para outro hospital (neste caso, o São Francisco Xavier), Diogo Ayres de Campos admite que “ninguém gosta de mudar e que o risco de saída de pessoas existe sempre“, reforçando que as “várias dúvidas dos profissionais têm vindo a ser respondidas”.

O diretor do Serviço de Ginecologia/Obstetrícia afirma que “a transição terá de ser feita com muito cuidado” de modo a evitar a saída de profissionais. “De nada vale termos boas instalações se não tivermos equipas. Temos de acautelar as duas coisas”, sublinha.

Em agosto, começam as obras de requalificação e expansão do bloco de partos, que se estimam que possam decorrer durante nove meses, até março do próximo ano. A nova maternidade, que terá capacidade de fazer mais 1500 partos/ano, vai ser construída num espaço até agora desocupado junto à Urgência de Ginecologia e Obstetrícia, que vai também ser alvo de obras, assim como a Neonatologia.

Está, assim, prevista a construção de novos quartos de dilatação/parto, a remodelação da urgência de Ginecologia/Obstetrícia, aumento do número de camas para o Bloco de Partos e para o SO (Sala de Observação), a ampliação do internamento de puerpério, novas instalações para ecografia e a renovação do Serviço de Neonatologia. O investimento total é de 6 milhões de euros.