O presidente do conselho de administração da Carris, operadora de autocarros em Lisboa, diz estar preocupado com a Jornada Mundial da Juventude, que decorre na capital portuguesa em agosto com a presença do Papa Francisco, uma vez que ainda não tem conhecimento do plano de mobilidade para o evento.

Numa entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Pedro Bogas foi questionado sobre os planos que estão a ser preparados para assegurar os transportes de mais de um milhão de participantes esperados em Lisboa, nomeadamente no que diz respeito ao transporte rodoviário, mas diz que ainda não consegue avançar detalhes.

“Esse é um tema que nos preocupa. Cabe ao governo a elaboração de um plano de mobilidade e foi contratado um consultor que está a trabalhar nisso com a equipa de missão. Pediram-nos diversos elementos e facultámos toda a informação. Estão a decorrer reuniões e contactos, mas ainda não temos conhecimento do plano”, disse.

A primeira fase do plano de mobilidade para a JMJ, que incluía apenas o conceito de mobilidade para o evento, foi apresentada em abril — e prevê um reforço da oferta para levar os jovens de e para Lisboa durante a semana da JMJ, e também um apelo para que as deslocações dentro da cidade sejam, na medida do possível, feitas a pé. Ainda assim, será necessário reforçar muito a oferta de transportes na cidade e na região de Lisboa. Pode ler neste artigo do Observador os detalhes já conhecidos da primeira fase do plano de mobilidade.

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Atualmente, decorre um período, até 15 de julho, no qual está a ser feita a implementação do modelo de mobilidade e a mobilização dos parceiros — que incluem a Carris, o metro e outros operadores de transportes.

Questionado sobre se a Carris ainda não viu o plano, Pedro Bogas confirmou. “Não. Esperamos que venha a ser rápido, mas essa tarefa ficou do lado do governo. Do nosso, o que nos esforçámos logo por garantir foi a máxima capacidade de oferta nessa altura – que é precisamente quando tradicionalmente temos a mínima oferta”, salientou.

“Negociámos um acordo com as organizações sindicais que prevê um abono de penosidade para os trabalhadores, que terão muito mais pressão e terão de ser compensados. O acordo foi celebrado com as cinco estruturas sindicais que representam os trabalhadores da Carris e mereceu o acordo de todos. Estamos seguros quanto à máxima disponibilidade e motivação dos nossos trabalhadores”, acrescentou o administrador da Carris.

Tal como o Observador tinha noticiado no mês passado, os motoristas da Carris vão receber um bónus de 10 euros por hora na semana da JMJ.

Carris vai dar aos motoristas bónus de 10 euros por hora na semana da Jornada da Juventude

“Serão mais bem remunerados: o valor hora acresce 10 euros, nesses seis dias. Foi uma solução bem recebida”, explicou, embora não tenha dado ainda detalhes sobre quantos motoristas e veículos estarão a circular a mais.

“Não posso dizer ainda porque estou à espera do plano de mobilidade. O plano vai dar informações importantes. Que zonas da cidade estarão encerradas e em que dias e períodos, por exemplo — isso tem impacto nas nossas carreiras porque obriga a desvio de percursos —, perceber se temos de fazer serviços especiais… só com o plano podemos perceber que oferta disponibilizar”, explicou.

Pedro Bogas diz que quer ter o plano de mobilidade “nos próximos dias”, mas aponta para o Governo a responsabilidade. “Isso não ficou connosco, a César o que é de César.” O administrador salientou, ainda assim, que a operação da Carris durante a JMJ “não vai implicar contratações”.

A Jornada Mundial da Juventude realiza-se em Lisboa entre 1 e 6 de agosto deste ano. O Papa Francisco estará presente em Portugal entre 2 e 6 de agosto, passando por Fátima no dia 5 de agosto. A organização espera entre 1 e 1,5 milhões de peregrinos em Lisboa para participar na JMJ, que terá como pontos altos uma vigília e uma missa final no fim de semana de 5 e 6 de agosto, no Parque Tejo-Trancão, na zona ocidental da cidade. Durante a semana que antecede essas celebrações, vão realizar-se na cidade de Lisboa mais de 200 eventos integrados na JMJ, incluindo celebrações com o Papa Francisco no Parque Eduardo VII, conferências, espetáculos e exposições.