A Jornada Mundial da Juventude terá 150 postos de socorro fixos e móveis para dar resposta a eventuais necessidades dos peregrinos, avançou, esta quarta-feira, o coordenador do plano de saúde da JMJ.

“Haverá diversas equipas de Suporte Básico de Vida, 75 postos de socorros fixos e 75 móveis (estes últimos com mochilas, e que estarão mais perto das ocorrências)”, sublinhou o médico António Marques, que foi escolhido pelo Ministério da Saúde para coordenar o Plano de saúde para a JMJ. Esta resposta articula-se com o Suporte Avançado de Vida do INEM (que terá dez postos com este tipo de resposta) para responder a situações mais diferenciadas. O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) foi já reforçado com mais 74 meios de emergência, desde o dia 1 de maio. Trata-se de meios do Corpo de Bombeiros Portugueses e da Cruz Vermelha, que normalmente são chamados a reforçar o SIEM, sistema que é coordenado pelo INEM.

Os maiores hospitais do país terão planos de contingência. “Se acontecer algo nefasto, poderemos ter de trabalhar em rede”, referiu. “Os doentes com necessidades particulares terão de ser colocados no sítio certo, na altura certa (como os doentes queimados)”, referiu.

Hospitais de norte a sul em estado de contingência

Em contingência vão estar o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, Centro Hospitalar Universitário Universitário de Lisboa Central, o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário de Santo António e Centro Hospitalar Universitário de São João. Estas estruturas hospitalares estão a realizar simulações, de modo a preparar situações de catástrofe (por exemplo), até dia 15 de julho.

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“Trata-se de um plano descentralizado. A abrangência do plano é nacional. Temos de valorizar a JMJ e aqueles que tiveram a ousadia de as planificar. Souberam envolver o país, para além da capital”, referiu António Marques.

Haverá um sistema de identificação de vagas nos hospitais. Estão também previstos protocolos de transfusão de sangue em casos de emergência.

Previstos quatro níveis de risco

A resposta na área da saúde vai dividir-se em quatro níveis de risco. No nível 1, que se estende de 1 de junho a 1 de setembro, está previsto um reforço do SIEM. No nível de 2 — de 1 a 7 de agosto — com o funcionamento do Núcleo Técnico de Emergência Médica e apoio ao evento.

No nível 3, entre o dia 3 e o dia 7 de agosto, está previsto ainda um maior reforço do apoio ao evento. No nível 4, o mais crítico, acontecerá um reforço estratégico da resposta — no entanto, este nível será apenas ativado em caso de uma catástrofe, em que seriam chamadas a intervir entidades como a Proteção Civil ou o Exército.

Do plano de saúde para as JMJ fazem parte vários objetivos, como o levantamento das necessidades e avaliação de risco; o reforço e a adaptação dos sistemas de vigilância epidemiológica; a promoção e a otimização da acessibilidade nos distintos níveis de cuidados; a abrangência das entidades presentes, incluindo chefes de estado e de governo; a consideração das situações de exceção, potencialmente com múltiplas vítimas.

Entre as recomendações de proteção para os participantes da JMJ estão a hidratação, a segurança alimentar, a proteção solar, doenças transmissíveis, saúde mental. Na aplicação do SNS vai estar disponível um separador dedicado à JMJ com conselhos sobre estes aspetos.

A linha de saúde24 será a porta de entrada para o SNS, referiu António Marques.

O plano prevê a instalação de dois hospitais de campanha, com equipamento de emergência médica pré-hospitalar e com voluntários entre médicos, enfermeiros e alunos finalistas de diferentes classes profissionais da área da saúde. Cerca de 1200 pessoas com formação na área da saúde fizeram já se inscreveram como voluntário, segundo dados da organização.

Haverá equipas do INEM em apoio a várias altas individualidades.

Ministro da Saúde reafirma “tranquilidade vigilante”

À semelhança do que tinha acontecido no fim de semana, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, voltou a utilizar a expressão “tranquilidade vigilante” para descrever a forma como o dispositivo de saúde vai encarar a JMJ. “Temos de estar permanentemente atentos, são muitas pessoas. Espero que decorra tudo com tranquilidade”, disse Manuel Pizarro aos jornalistas, no final da apresentação do plano.

O ministro da Saúde garantiu que a mobilização de profissionais para os postos de socorro e para os hospitais de campanha não irá prejudicar os serviços não relacionados com a JMJ, nomeadamente no caso do INEM. “Estes vão ser serviços prestados a mais. As escalas estão todas já preenchidas. Há muitos profissionais de saúde que sentem que este é o momento em que têm de manifestar a sua disponibilidade para ajudar a que Portugal receba com sucesso um milhão de jovens peregrinos”, sublinhou Manuel Pizarro.

Igreja confiante no dispositivo de saúde montado para a JMJ

O bispo auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar, também presente na apresentação do plano de saúde, realçou a confiança que a Igreja tem nos profissionais de saúde que vão estar envolvidos na JMJ. “Sabemos a competência dos trabalhadores de saúde. Tenho muita confiança na entrega e dedicação dos médicos, enfermeiros, auxiliares”. D. Américo Aguiar referiu, ainda assim, que “em princípio, os peregrinos gozam de saúde” e ironizou com aqueles que, para si, poderão ser as três condições de saúde mais frequentes durante as jornadas: “Pés torcidos (por causa da calçada portuguesa), dores de barriga (como os peregrinos estão na casa dos portugueses, estes vão dizer-lhes para experimentarem feijoada e cozido) e o sol na cabeça”. “Temos toda a confiança de que tudo vai decorrer da melhor maneira”, reafirmou

Recorde-se que a JMJ vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.