O Parlamento aprovou, há um mês, a ida do ministro da Educação à respetiva comissão e, esta quarta-feira, João Costa prestou esclarecimentos sobre as provas de aferição, que este ano geraram polémica, já que esta foi a primeira vez que foram feitas de forma digital. “Houve, de facto, alguns problemas técnicos”, reconheceu o ministro, em resposta ao deputado do PSD, António Cunha, acrescentando que serão feitas “as mudanças necessárias” no próximo ano. Ter “mais computadores nas escolas” é um dos exemplos dessas mudanças. “Se deixarmos o digital de fora, de facto, só os ricos terão acesso ao digital no futuro.”
Ministro critica estudo da associação de informática sobre exames digitais
As provas de aferição em formato digital vão, por isso, continuar, o que “não significa que o livro físico desaparece, ou que as bibliotecas deixam de cumprir a sua função”. João Costa fez ainda questão de sublinhar que “é notável o progresso do ensino português em todos os indicadores” e que, com as provas de aferição é agora possível conhecer outros indicadores. “As provas de aferição têm algumas características. Não sabíamos nada sobre outras disciplinas [só português e matemática] e agora já temos dados sobre outras disciplinas”, explicou.
Em resposta aos deputados do PSD, Iniciativa Liberal, PS, Bloco de Esquerda, PCP e Chega, João Costa voltou a falar sobre o relatório da Associação Nacional de Professores de Informática, que revelou que os alunos não conseguiram realizar as provas dentro do prazo previsto. “O relatório é um conjunto de inequívocos e desmonta-se facilmente.”
Tal como já tinha referido anteriormente, o ministro da Educação referiu que “só foi necessário atribuir tempo suplementar a 9% dos alunos” durante as provas.
“Nunca se avançou para a generalização sem o devido controlo”, afirmou o ministro da Educação, sublinhando que os resultados dessa experiência, que envolveu milhares de alunos, revelaram, por um lado, que não havia diferenças significativas entre os alunos que realizaram a prova em papel ou em computador e, por outro lado, que “estavam reunidas condições para a generalização”.
Ainda sobre o digital, foi também abordada a questão da falta de professores de informática nas escolas — questão discutida no início do ano letivo anterior. “Este grupo de recrutamento era o que tinha mais falhas, mas com as mudanças no recrutamento conseguimos que esse grupo já não seja um problema“, acrescentou.
No próximo ano letivo, todos os alunos do 9.º ano deverão realizar as provas finais em formato digital, caso os resultados do projeto-piloto realizado este ano forem positivos, adiantou também o ministro da Educação. “Estamos em fase de avaliação”, começou por afirmar João Costa, adiantando que, se a avaliação dos resultados do projeto-piloto que testou a digitalização das provas finais do 3.º ciclo “der confiança”, a generalização do formato avança mesmo no próximo ano letivo. “Se não, ajustaremos o calendário”, acrescentou.