Em comunicado a Altice International, que detém a Altice Portugal, garante que foram suspensos vários trabalhadores e gestores, mas não nomeia nem quantifica. Segundo diz em comunicado, “a Altice International e as suas participadas colocam, sob suspensão, vários representantes legais chave, assim como gestores e trabalhadores em Portugal e fora de Portugal enquanto a investigação decorre”.

Não são referidos quem são os representantes legais, gestores e trabalhadores suspensos. Apenas foi divulgada, segunda-feira, a suspensão de Alexandre Fonseca que anunciou ter pedido essa suspensão quando foi conhecida a investigação. E, sabe o Observador, os dois elementos que trabalhavam diretamente com Alexandre Fonseca – André Figueiredo (que agora era chefe de gabinete de Alexandre Fonseca e que antes tinha desempenhado funções de relações institucionais e de comunicação na Altice Portugal, para onde entrou em 2016, depois de sair do Parlamento e tendo chegado a ser chefe de gabinete de José Sócrates quando este era secretário geral do PS) e a assistente do ex-presidente da Altice — foram colocados em licença na consequência da auto-suspensão do seu superior hierárquico, que esvaziou de funções os dois elementos. A SIC avança que, além destes dois elementos, está com funções suspensas o responsável pelo imobiliário. Mas o Observador sabe que foram suspensas pessoas ligadas às compras, mas não ao nível de diretores.

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Entretanto, o Observador apurou que outro administrador executivo da Altice Portugal pediu suspensão de funções. João Zúquete da Silva foi também para a ex-PT pela mão da Altice e tinha o pelouro do imobiliário. Segundo apurou o Observador, este gestor pediu suspensão de funções.

Segundo o comunicado, a Altice International diz ainda estar a trabalhar para proteger “os interesses do grupo e dos stakeholders”, garantindo que a Altice Portugal está a prestar toda a colaboração com as autoridades e “continua disponível para qualquer clarificação por forma a ajudar na investigação em curso”.

A Altice International diz ainda que “lançou imediatamente uma investigação interna em Portugal e em outras jurisdições” e, “com efeito imediato”, vai “rever e reforçar os processos de aprovação em todas as compras, pagamentos, ordens de compra e processos relacionados quer em Portugal quer ao nível da Altice International”.

E está a analisar os “próximos passos” com os assessores legais. Para a Altice International, a Altice Portugal “foi alegadamente defraudada” em resultado “de práticas danosas e má conduta de certos indivíduos e entidades externas”.

Perante a suspensão de funções de Alexandre Fonseca (como chairman da Altice Portugal) e de Zúquete da Silva e face às investigações em curso, a Altice Portugal realizou alterações no conselho de administração “com efeito imediato”.

Ana Figueiredo, CEO, vai acumular com a função de presidente do conselho de administração (chairman). E Natacha Marty, diretora geral da Altice, passa a ser vogal do conselho de administração da Altice Portugal, o que significa que o grupo ficará com um olhar mais atento em Portugal.

Em comunicado, a Altice Portugal garante que “continua a realizar a sua atividade de forma normal e continuará a conduzir o seu negócio com a maior integridade e no interesse de todos os stakeholders, colocando em primeiro lugar os seus clientes e colaboradores”, reiterando que “está a cooperar com as autoridades portuguesas e continuará disponível para qualquer clarificação que possa ser útil para a investigação em curso”.