Depois da histórica vitória contra a Noruega no jogo inaugural do Campeonato do Mundo, a Nova Zelândia tinha a possibilidade de fazer xeque-mate e garantir o apuramento para os oitavos de final. Do outro lado, porém, estavam umas Filipinas que tinham perdido com a Suíça no primeiro jogo — ou seja, não tinham qualquer margem de erro. Em resumo, a partida que abria a segunda ronda da fase de grupos do Mundial feminino podia dar a qualificação às neozelandesas e ditar a eliminação das filipinas.

Hannah Wilkinson, experiente jogadora que passou pelo Sporting, foi a autora do golo que deu a primeira vitória à Nova Zelândia em Mundiais e tinha o pai a assistir na bancada. “Foi um sentimento de puro entusiasmo. É difícil descrever um sentimento tão bom. Aconteceu tudo tão rápido. Estive com ela depois do jogo e estava a brilhar. Tinha um sorriso gigante na cara. Olhámos um para o outro e demos um grande, grande abraço. Disse-lhe que estava muito orgulhoso. Devia ter uma lágrima ou duas nos olhos”, revelou Simon Wilkinson ao The Northern Advocate.

Esta terça-feira e em Wellington, Wilkinson era naturalmente titular e procurava repetir a façanha contra as Filipinas. Mas a seleção estreante não facilitou: Sarina Bolden abriu o marcador ainda na primeira parte, com um cabeceamento forte na grande área (24′), e a insistência neozelandesa não deu frutos. A equipa da casa dominou por completo a segunda parte, chegando mesmo a marcar um golo que acabou anulado por fora de jogo e acertando no poste, mas não alcançou o empate e permitiu a primeira vitória de sempre das Filipinas em Campeonatos do Mundo.

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Sarina Bolden, por sua vez, marcou o primeiro golo da história do país em Mundiais. A atuar nos Western Sydney Wanderers, a jogadora de 27 anos nasceu na Califórnia e chegou a representar os Estados Unidos nos sub-23. Por ter pais filipinos, porém, também foi convocada para a seleção asiática que disputou a Taça da Ásia de 2018 — e não teve grandes dúvidas na hora de tomar uma decisão definitiva. De lá para cá, soma mais de 30 internacionalizações. E o golo mais importante da história do futebol feminino do país.

A pérola

Naturalmente, Sarina Bolden. A talentosa avançada que podia representar os Estados Unidos foi a heroína das Filipinas e teve a eficácia necessária num jogo onde as asiáticas tiveram sempre de ter muita paciência e manter a organização defensiva. Aconteça o que acontecer, aquele cabeceamento ao minuto 24 em Wellington será sempre um dos instantes mais importantes da história do futebol filipino.

O joker

Apesar da derrota, Hannah Wilkinson. A avançada voltou a demonstrar toda a qualidade que tem com uma exibição de luxo onde só faltou mesmo o golo e é a líder espiritual da Nova Zelândia, levantando a equipa nos minutos finais quando algumas jogadoras já pareciam desistir e render-se ao desgaste físico. Assinou uma assistência brilhante, para o golo que acabou anulado por fora de jogo, e será crucial para a jornada decisiva contra a Suíça.

A sentença

Com este resultado e ainda com o Suíça-Noruega por disputar, o Grupo A está quase totalmente em aberto. A Nova Zelândia falhou o apuramento e terá de o alcançar contra as suíças na última jornada, as Filipinas escaparam à eliminação e ainda sonham com o apuramento. Pelo meio, ainda esta terça-feira, a Suíça pode perfeitamente fazer o que as neozelandesas não conseguiram e carimbar a qualificação em caso de vitória perante as norueguesas.

A mentira

As seleções anfitriãs não são invencíveis na fase de grupos. Desde 2007, no Mundial da China, que uma seleção anfitriã não perdia na fase de grupos da competição: na altura, as chinesas foram goleadas pelo Brasil, mas seguiram em frente graças às vitórias perante a Dinamarca e a Nova Zelândia, e caíram nos quartos de final com a Noruega. 16 anos depois, também em casa, a Nova Zelândia perdeu com as Filipinas.