Num Grupo H onde a Alemanha deixou uma clara demonstração de força contra Marrocos, com uma goleada por seis golos sem resposta e a ideia de que é uma das favoritas à conquista do título, Colômbia e Coreia do Sul entravam em campo com a certeza de que o confronto entre as duas seleções poderia ser o mais importante nas contas do apuramento para os oitavos de final.
De um lado, as sul-americanas. A Colômbia está de regresso a um Mundial depois de ter falhado o de 2019, na sequência de apuramentos consecutivos em 2011 e 2015, e pretendia precisamente repetir o feito de há oito anos — ou seja, ultrapassar a fase de grupos. Do outro, as asiáticas. A Coreia do Sul está a disputar o quarto Mundial da própria história, tendo falhado os de 2007 e 2011 depois de ter estado nos Estados Unidos em 2003, e também pretendia repetir o feito de há oito anos — ultrapassar a fase de grupos.
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E no fim, no Allianz Arena da cidade australiana de Sydney, sorriram as colombianas. A seleção sul-americana foi sempre melhor, mais intensa e mais assertiva, e terminou o jogo com uns esclarecedores 17 remates efetuados (contra cinco do lado sul-coreano). A capitã Catalina Usme abriu o marcador de grande penalidade à passagem da meia-hora (30′), com Linda Caicedo a confirmar o estatuto de uma das melhores jovens jogadoras da atualidade ao aumentar a vantagem pouco depois com um remate de pé direito (39′).
Aos 18 anos, Linda Caicedo assinou recentemente pelo Real Madrid e é a sucessora natural de Catalina Usme, a líder colombiana que completa 34 anos em dezembro. Caicedo estreou-se pela seleção em 2018, quando tinha apenas 14 anos, e aos 15 estava a conquistar a liga colombiana e e o prémio de melhor marcadora do Campeonato. Em 2022, representou a Colômbia tanto no Mundial Sub-17 como no Mundial Sub-20 e ainda contribuiu para o apuramento da Seleção A para o Mundial que está agora a decorrer. Foi eleita a melhor jogadora da Copa América do ano passado, com apenas 17, e ainda destacada como a melhor jogadora Sub-20 do mundo.
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A maior vitória da carreira da avançada, porém, foi outra: o facto de ter vencido um cancro nos ovários enquanto era ainda adolescente. “Na altura achei que não iria voltar a jogar profissionalmente, por causa dos tratamentos e das cirurgias que tive de fazer. Mentalmente, foi um momento muito difícil da minha vida. Mas estarei sempre agradecida por ter acontecido numa altura em que ainda era muito nova. Consegui recuperar, tive o apoio da minha família e agora sinto-me muito bem. O que aconteceu fez-me crescer”, explicou recentemente. Esta terça-feira, Linda Caicedo continuou a crescer.
A pérola
Para aparecer Linda Caicedo, teve de existir Catalina Usme. A capitã colombiana de 33 anos é a líder clara da seleção, internacional desde 2006, com participação em dois Mundiais e dois Jogos Olímpicos, e continua a ser a principal referência da equipa. Acabou o jogo a liderar em cruzamentos (oito) e remates (cinco) e teve a particularidade de abrir o marcador, de grande penalidade.
O joker
Como não podia deixar de ser, Linda Caicedo. Com apenas 18 anos, a avançada dá uma dimensão superior ao futebol da Colômbia, mais rebelde e tecnicamente apurado, e é a dose de juventude certa para fazer dupla com a experiência de Usme. Fez o primeiro golo em Mundiais, depois de já ter marcado no Mundial Sub-17 e no Mundial Sub-20, e é claramente um dos grandes nomes do futuro.
A sentença
Tal como era de esperar à entrada para o jogo, a Colômbia deu um passo importante rumo ao apuramento para os oitavos de final. Sem que ainda nada esteja decidido, as sul-americanas vão encarar o confronto com a Alemanha com três pontos conquistados e alguma margem de manobra, enquanto que a Coreia do Sul terá de vencer Marrocos se quiser continuar na discussão da passagem à próxima fase.
A mentira
Depois da desilusão de 2019, onde perdeu os três jogos da fase de grupos, a Coreia do Sul não parece estar em condições de mudar esse destino. Apesar de contar com jogadoras que atuam na Europa — entre Brighton, Tottenham e Häcken –, a equipa orientada pelo inglês Colin Bell continua a ser um peixinho no meio dos tubarões e não soube contrariar essa ideia perante a Colômbia. Pelo meio, fez-se história: Casey Phair, sul-coreana de apenas 16 anos e 26 dias, é a jogadora mais nova de sempre a atuar num Campeonato do Mundo.