Era quase um teste à paciência, à resiliência e de certa forma à capacidade de “sacrifício” por uma causa. Na altura do verão, estivesse ou não a competir pela Inglaterra, Harry Kane era associado a vários clubes não só mas sobretudo da Premier League. 80 milhões, 100 milhões, mais de 100 milhões com objetivos, 150 milhões se assim fosse necessário. Nunca foi. O Tottenham foi fechando ao longo dos anos a porta ao seu capitão com aquela esperança de que atingiria algo mais do que umas qualificações para a Liga dos Campeões. Agora, com o avançado a chegar aos 30 anos, abriu-se uma janela de oportunidade. E a novela vai mesmo acabar.

De acordo com o The Athletic, e depois de várias ofertas que foram sendo recusadas pelos londrinos, haverá um princípio de entendimento para o avançado rumar ao Bayern num negócio que deve ficar acima dos 100 milhões de euros – menos do que os 150 milhões de euros que o Manchester City estaria disposto a pagar em 2021 pelo internacional inglês depois de quatro propostas recusadas (e assumidas por Pep Guardiola) no ano que antecedeu as chegadas de Erling Haaland e Julián Álvarez. A bola está agora do lado do número 9, que terá de decidir se pretende rumar nesta fase à Bundesliga e se concorda com os termos que são propostos pelos dirigentes bávaros, sendo que esta parece ser a equação mais fácil de resolver em todo o acordo. A imprensa germânica fala de um contrato de 460 mil euros por semana para convencer (de vez) Harry Kane.

Confirmando-se os valores agora apresentados, o inglês vai tornar-se a maior transferência de sempre do campeão alemão superando os 80 milhões de euros pagos ao Atl. Madrid pelo internacional francês Lucas Hernández em 2019. Em paralelo, e depois de uma época marcada por muita turbulência que terminou com o título nos derradeiros minutos da última ronda, o Bayern continua a investir para reformular o plantel às ordens de Thomas Tuchel após as contratações de Min-jae Kim (Nápoles, 50 milhões), Raphael Guerreiro (B. Dortmund) e Konrad Laimer (RB Leipzig), os dois últimos a custo zero. Lucas Hernández (PSG), Sadio Mané (Al Nassr), Marcel Sabitzer (B. Dortmund) e Yann Sommer (Inter) deixaram a Baviera, sendo que a lesão de Manuel Neuer pode levar ainda à contratação de mais um guarda-redes.

Do lado do Tottenham, agora orientado pelo australiano Ange Postecoglou numa decisão surpresa depois de todos os nomes que tinham sido apontados como possíveis escolhas do presidente Daniel Levy, a saída de Harry Kane representa o final de um ciclo que já se começava a desenhar no plantel para 2023/24, que antes perdera Harry Winks (Leicester), Lucas Moura (São Paulo) e os cedidos Danjuma (Villarreal) e Lenglet (Barcelona). Além das opções exercidas por Pedro Porro (Sporting) e Kulusevski (Juventus), que estavam emprestados, foram contratados James Maddison (Leicester), Micky van de Ven (Wolfsburgo), Guglielmo Vicario (Empoli), Alejo Véliz (Rosario Central), Ashley Phillips (Blackburn) e Manor Solomon (Shakhtar).

Ao longo de 13 temporadas no plantel principal dos spurs, tendo pelo meio empréstimos a Leyton Orient, Milwall, Norwich e Leicester, Kane marcou 280 golos em 435 jogos (tornando-se assim o melhor marcador de sempre do clube, recorde que também conseguiu ao serviço da seleção inglesa) mas nunca ganhou nenhum troféu entre uma final da Liga dos Campeões (2019) e duas da Taça da Liga (2015 e 2021). Isso contribuiu também para o desejo de mudança que o avançado há muito tinha expressado em termos internos numa fase em que estava apenas a um ano de terminar contrato com os londrinos e poder sair a custo zero.

Em atualização

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