Era um daqueles exercícios mentais de conversa de café que acabava sempre num inevitável sorriso: como seria Jorge Jesus a treinar Neymar? É conhecida a forma de trabalhar e de ser do treinador português, muito exigente por natureza em qualquer desafio que encontre, e também é conhecida a forma de trabalhar e de ser do avançado brasileiro, um talento como poucos nas últimas décadas mas que nem sempre encontra o foco certo nas quatro linhas. À partida, seria impossível imaginar na prática esse cruzamento porque nem Jesus chegaria a um clube do topo dos topos nem Neymar baixaria de um clube do topo dos topos. Agora, a Arábia Saudita veio mudar tudo e é nesse novo El Dorado que se vão encontrar: o jogador é reforço do Al Hilal.

O acordo válido até 2026, ano de Mundial nos EUA, no Canadá e no México, não tem opção de renovação mas envolve valores estratosféricos na linha de tudo o que tem vindo a ser feito pela Arábia Saudita no verão. Um exemplo prático: Fabrizio Romano, jornalista especialista no mercado de transferências, aponta para um valor de 300 milhões de dólares por duas temporadas só em salário (275 milhões de euros), sendo que pode subir aos 400 milhões de dólares até 2025 (366 milhões) com os acordos comerciais que estão indexados no acordo fechado com o pai e empresário do jogador e o empresário Pini Zahavi.

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Não ficará por aí. Em paralelo com esse salário milionário que irá receber no Al Hilal, Neymar irá beneficiar de várias regalias quase como se fosse uma figura real como um avião privado para viajar quando e para onde quiser, uma casa grande e vários empregados a trabalhar para o jogador. E com outro pormenor: além dos prémios de 80 mil euros por cada vitória consecutiva, o antigo jogador do PSG, de 31 anos, vai ter direito a 500 mil euros por cada publicação nas redes sociais onde promova o país e a Liga da Arábia saudita.

“Quero escrever uma nova história. A Liga saudita tem uma energia tremenda, jogadores de qualidade e tem assistido a um grande crescimento nos últimos tempos. Por isso acredito que é o local desejado [para estar]. O Al Hilal é um clube gigante, com adeptos fantásticos e é o melhor da Ásia. Isso dá-me a sensação de que tomei a decisão correta, no momento certo, com o clube certo. Adoro ganhar e marcar golos e tenciono continuar a fazê-lo na Arábia Saudita e no Al Hilal”, comentou o jogador que vai manter o número 10 na camisola, naquele que foi outro dos pontos negociados antes do acordo final agora fechado.

Ainda hoje a maior transferência de sempre do futebol mundial com os 222 milhões de euros pagos pelo PSG ao Barcelona em 2017 (valor que podia ter sido superado caso Kylian Mbappé tivesse aceitado rumar ao Al Hilal, com os franceses a aceitarem no mês passado uma proposta de 300 milhões antes da recusa posterior do jogador), Neymar deixa o campeão francês após seis anos em Paris. Antes, o jogador formado no Santos tinha jogado quatro anos no Barcelona numa fase onde ganhou uma Champions.