A forma como correu sem saber ao certo para onde correr e festejou à procura de alguém que lhe explicasse como devia festejar quando marcou com o remate que decidiu a meia-final frente à Suécia já deixava antever uma realidade que os números comprovavam: golos não são a praia de Olga Carmona. Ou melhor, não eram. No entanto, a história da lateral esquerda e capitã que voltou a fazer a diferença na final, que terminou com a primeira vitória de sempre da Espanha no Mundial feminino, acabou por ter pormenores dramáticos.

Primeiro foram eles, agora é o tempo delas e com Olga Carmona a vestir o papel de Iniesta (a crónica da final do Mundial feminino)

Provavelmente quando preparou aquela camisola térmica que usaria por baixo do equipamento de jogo Olga Carmona, jogadora de 23 anos do Real Madrid, sabia que haveria mais hipóteses de mostrar a mesma para as câmaras caso a Espanha conquistasse o título do que propriamente se marcasse um golo. No entanto, apesar de ter feito apenas o segundo golo pela Roja contra a Suécia, foi isso que voltou a acontecer: boa viragem de jogo da direita para esquerda, trabalho de Mariona Caldeney à espera da passagem da lateral pelas costas, remate cruzado que não deu hipóteses a Mary Earps. Estava feito o único golo frente à Inglaterra.

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Desta vez, depois dos festejos com todas as companheiras, Olga Carmona sabia o que fazer e levantou o equipamento para mostrar a camisola vermelha que trazia por baixo com o nome Merchi, algo que só no final do encontro se percebeu o que era. “Queria dedicar esta vitória que conseguimos à mãe de uma das minhas melhoras amigas que morreu recentemente. Comemorei o golo com a camisola dela porque não esteve aqui mas este golo que marquei é dedicado também a ela”, comentou em declarações prestadas à FIFA. De recordar que Andrés Iniesta, médio que decidiu no prolongamento a final do Mundial masculino de 2010 para a Espanha, teve também uma dedicatória para o companheiro e amigo Dani Jarque, falecido em 2009.

Sendo de novo uma das melhores jogadoras da Espanha no triunfo que decidiu a primeira vitória da equipa feminina num Campeonato do Mundo, passando assim a ser o único país que consegue ter em título os três Mundiais femininos existentes (Sub-17, Sub-20 e seniores), Olga Carmona foi um dos grandes destaques entre a festa da Roja na Austrália até receber uma notícia que ensombrou um dia para a história.

Depois do jogo, da festa ainda no relvado que continuou depois nos balneários e da comparência junto dos meios de comunicação social, a jogadora foi informada de que o pai tinha morrido antes da final entre a Espanha e a Inglaterra. “A Real Federação Espanhola de Futebol lamenta profundamente ter de comunicar o falecimento do pai de Olga Carmona. A futebolista teve conhecimento da triste notícia depois da final do Campeonato do Mundo. Enviamos o nosso abraço mais sincero à Olga e à sua família num momento de profunda dor. Gostamos muito de ti Olga, és história do futebol espanhol”, comunicou a Federação.

“O Real Madrid, o seu presidente e toda a Direção lamentam profundamente o falecimento do pai da nossa jogadora Olga Carmona. O Real Madrid quer expressar as suas condolências e o seu carinho à Olga, aos seus familiares e a todos os seus entes queridos. Que descanse em paz”, assinalou também o clube. De acordo com o jornal As, o pai de Olga Carmona morreu na madrugada de sexta-feira para sábado. O Mundo Deportivo adiante que a decisão de comunicar a notícia apenas depois da final partiu da família e dos amigos mais próximos, que não quiseram perturbar a jogadora antes do encontro mais importante da carreira.