Qualquer consideração em relação à seleção nacional precisa de ser feita tendo em conta que muitos dos jogadores portugueses estão a faltar ao trabalho para estarem no Mundial. Por exemplo, Nuno Sousa Guedes trabalha numa companhia de seguros e precisou da complacência do patrão para poder estar ausente desde o início de junho, altura em que Portugal começou a preparar esta competição.

Quando o hino português soou em Nice, antes da estreia de Portugal contra o País de Gales, Nuno Sousa Guedes agarrava o símbolo nacional com o punho e, ao seu lado, as lágrimas invadiam o rosto de José Lima. É isto que o râguebi significa para os jogadores portugueses.

Era expectável que houvesse muita emoção. Afinal, eram 16 anos sem que os Lobos marcassem presença num Mundial. Em 2007, quando a primeira alcateia jogou num Campeonato do mundo, também em França, já tinha sido assim. Apesar da prestação não ter sido positiva (tendo incluído uma derrota por mais de 100 pontos contra a Nova Zelândia) a paixão que Portugal mostrou enquanto se ouvia “A Portuguesa” ficou para os álbuns de recordações.

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Em 2023, a convicção e a de que Portugal pode fazer melhor e, quem sabe, num grupo C com País de Gales, Austrália, Ilhas Fiji e Geórgia, tentar a primeira vitória de sempre. Talvez o jogo contra a Geórgia, na segunda jornada, pudesse ser o mais indicado, mas a seleção nacional queria já fazer uma surpresa frente aos galeses na abertura.

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“Quero que a seleção portuguesa seja uma equipa apaixonante, que as pessoas apoiam, porque gostam da forma como [os atletas] jogam, se empenham e conseguem criar coisas incríveis durante o jogo. E tenho a certeza que estes jogadores têm capacidade para o fazer”, disse o selecionador nacional, Patrice Lagisquet, antes do primeiro jogo.

No Stade de Nice, as linhas do campo de futebol foram mal apagadas e ainda se notavam no relvado. Com bolas redondas, Portugal é certamente melhor, com as ovais, nem tanto. Talvez por isso os Lobos tenham optado por chutar aos postes sempre que tiveram penalidades à disposição. Samuel Marques marcou três pontos dessa forma e abriu o marcador para a seleção nacional.

No entanto, nessa fase, Gales já tinha mostrado que neste jogo onde só se pode passar para trás, são um país mais à frente. Louis Rees-Zammit (9′), um dos únicos dois elementos da seleção de galesa que permaneceram no XV inicial em relação ao jogo com as Ilhas Fiji, marcou o primeiro ensaio do jogo e deixou Portugal a ter que fazer contas ao prejuízo.

O final de primeira parte foi bastante penalizador para os comandados de Lagisquet. Dewi Lake (43′) colocava o resultado em 14-3 no final dos primeiros 40 minutos. O início de segundo tempo dos Lobos também não foi positivo. Jac Morgan (56′) marcou o terceiro ensaio galês e deixava a equipa a pensar no ponto de bónus ofensivo.

Portugal reagiu e, após um alinhamento dentro dos 22 metros galeses, conseguiu mesmo chegar ao ensaio por intermédio Nicolas Martins (63′) ainda com tempo para que a seleção nacional pudesse chegar a um feito inédito. Nunca antes a equipa nacional tinha conseguido marcar dois ensaios num só jogo do Mundial e também não foi desta vez que o fez.

Em sentido contrário, foi Taulupe Faletau (83′) quem marcou mais um ensaio para Gales que valeu, além dos quatro pontos da vitória, o ponto de bónus ofensivo. O resultado final ficou estabelecido em 28-8, o que não permitiu aos Lobos levar qualquer ponto. Gales lidera agora o grupo C com 10 pontos.