O futebol alemão atravessa um momento invulgar. Apesar do Bayern Munique ter conquistado a Bundesliga na época passada, a verdade é que o fez com muitas dificuldades. O arranque da nova época também não tem trazido grandes alegrias aos campeões alemães que perderam a Supertaça para o RB Leipzig e empataram com o Bayer Leverkusen. Também a seleção da Alemanha, tantas vezes sustentada pelo poderio dos bávaros, vive dias atribulados com o despedimento de Hansi Flick e a entrada de Julian Nagelsmann para o lugar de treinador.

Há competições que parecem ecossistemas à parte, onde muitas vezes as equipas apresentam um rendimento distinto do que acontece num vulgar jogo do campeonato, como é o caso da Liga do Campeões. Ser eliminado pelo Manchester City nos quartos de final, como aconteceu ao Bayern na temporada passada, não é vergonha nenhuma. Ainda assim, ficou na retina a atitude condescendente com que os alemães deixaram a prova, uma imagem que certamente querem apagar.

A contratação de Harry Kane foi um bom primeiro passo para que isso acontecer. Pela primeira vez desde a saída de Lewandowski, o Bayern Munique adquiriu um avançado de referência do nível do polaco. Kane deixou o Tottenham a troco de 100 milhões de euros (mais 15 em variáveis) e o curioso é que o internacional inglês esteve perto de ser reforço do Manchester United, o adversário do Bayern Munique na primeira jornada da Liga dos Campeões. Durante um Tottenham-Manchester United, os adeptos dos red devils cantaram “Vemos-te em junho” (We’ll see you in June), prevendo que o ponta de lança pudesse chegar a Old Trafford.

Como ficou comprovado, o prenúncio não correu bem. Harry Kane rumou a Munique, deixando o Manchester United de mão estendida. A dois dias da estreia na Liga dos Campeões, o técnico alemão, Thomas Tuchel, ganhou mais uma solução para o lado esquerdo da defesa. Raphael Guerreiro voltou a treinar após recuperar de uma lesão no gémeo direito. Pelo contrário, os ingleses entravam em campo privados de 12 jogadores. “Acho que nunca comecei com o melhor onze. Isto é futebol. Temos que lidar com isto”, lamentou treinador neerlandês, Erik ten Hag, que perdeu os dois últimos jogos da Premier League contra o Arsenal e contra o Brighton.

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Quem não tem Kane caça com Rasmus Höjlund, o que (ainda) não é bem a mesma coisa. Por isso, de modo a auxiliar na frente de ataque do Manchester United, também Eriksen apreceu por ali para quase marcar o primeiro golo do jogo aos cinco minutos. Erik ten Hag, que lançou de início Bruno Fernandes e Diogo Dalot, via André Onana ser o principal construtor de jogo dos red devils. Se a atacar o guarda-redes estava bem, a defender não se pode dizer o mesmo. Harry Kane combinou com Leroy Sané (28′) e o extremou rematou. O camaronês tinha todas as condições para conter o remate, mas deixou a bola passar por baixo dos braços.

O Manchester United, que até começou melhor a partida e encontrou em Rashford uma forma segura de atacar, esqueceu-se de pagar a conta da luz e ficou sem eletricidade. Jamal Musiala, que também tem nacionalidade inglesa, desmontou a defesa da equipa de Old Trafford e cruzou atrasado para Gnabry (31′) concluir o lance com sucesso.

Höjlund não quis deixar mal visto quem o contratou e deu provas que foi uma boa alternativa ao melhor marcador de sempre da seleção inglesa. Na estreia na Liga dos Campeões, o dinamarquês (49′) marcou a passe de Rashford, mostrando que o Manchester United vinha para a segunda parte com novo fôlego. O Bayern Munique reagiu e Harry Kane tapou-lhes a boca de novo. Upamecano cabeceou na direção do braço de Eriksen e os alemães beneficiaram de uma grande penalidade que o inglês converteu (53′).

O Bayern continuou a ser superior e Sané até podia ter alargado a vantagem não fosse acertar no poste. Choupo-Moting e Coman também tentaram a sorte, mas Onana travou o remate dos oponentes. Apesar de tudo, foi Casemiro (88′) quem, caído na pequena área, conseguiu reduzir. Só que, tal como tinha acontecido no início da segunda parte, o Bayern respondeu na mesma moeda. O avançado francês de 18 anos Mathys Tel acertou no ferro e depois conseguiu mesmo fazer o quarto (90+2′). Se muitos achavam que o resultado estava fechado, Casemiro (90+5′) ainda foi a tempo de, desta vez de cabeça, a cruzamento de Bruno Fernandes, voltar a colocar o resultado na margem mínima.

O Bayern Munique deu continuidade a uma sequência de jogos sem perder na fase de grupos da Liga dos Campeões que já vem desde setembro de 2017. De lá para cá, os alemães venceram 35 jogos, tendo empatado apenas três. O alemães colocam-se na liderança do grupo A depois de Galatasaray e Copenhaga terem empatado a dois.