José Mourinho deve ser dos mais interessados em descobrir uma forma de voltar atrás no tempo. Na estreia da Roma na Liga Europa, o treinador português sofria no presente com os erros do passado. Depois de ter sido castigado com quatro jogos de suspensão em partidas UEFA, o técnico não ia estar no banco de suplentes diante do Sheriff na Moldávia. Em causa está a final da temporada passada, que os giallorossi perderam nas grandes penalidades. No final do encontro, Mourinho foi à garagem do estádio pedir satisfações a Anthony Taylor, o que lhe valeu uma dura penalização.

“É uma temporada diferente da do ano passado, uma competição diferente daquela que concluímos em Budapeste. Vou continuar a dizer até ao último dia da minha carreira, e mesmo depois disso, que não perdemos a final em Budapeste. Não perdemos a final em Budapeste”, salientou Mourinho na antevisão ao jogo com o Sheriff do grupo G, onde também estão Slavia Praga e Servette.

Antes da estreia europeia, a Roma conseguiu a primeira vitória da temporada frente ao Empoli (7-0) que coincidiu com a primeira titularidade do reforço Romelu Lukaku. Contra o Sheriff, o avançado belga voltou a repetir a presença no onze inicial, assim como o português Renato Sanches. Rui Patrício, tal como Mourinho já tinha anunciado antes do encontro perante a equipa moldava, não ia jogar para que Mile Svilar pudesse somar os primeiros minutos da temporada. “O Svilar joga, porque o Rui fez um grande jogo contra o Empoli. Ganhámos, porque ele não sofreu nenhum golo. Se o Rui tivesse sofrido alguma crítica, 100% [de certeza] que jogaria”, justificou o técnico português.

A cabeça de Renato para acabar com as maldições: Roma goleia Empoli e soma a primeira vitória da época

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A época do Sheriff já vai longa. A equipa comandada pelo italiano Roberto Bordin avançava para o 13.º jogo da temporada por ter participado nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e da Liga Europa, o que, somado às competições internadas, dava uma quantidade razoável de jogos disputados. Talvez por isso o conjunto de Tiraspol tenha dado boa conta de si. Com Dybala e Paredes no banco era natural que faltasse à Roma alguma criatividade.

As imagens da bancada mostravam José Mourinho de olhos postos no telemóvel. Entre ver o ecrã e voltar a guardar o dispositivo, dava para ter passado dez níveis de Candy Crush e mesmo assim nada de relevante se passou dentro do relvado. Só aos 24 minutos se assistiu ao primeiro remate enquadrado com abaliza por intermédio de Cristante. Renato Sanches não durou meia hora dentro do campo. O médio português saiu lesionado, dando lugar a Leandro Paredes.

Após ter marcado ao Empoli, Renato Sanches tinha abordado precisamente a frequência com que sofre problemas físicos. “As lesões não são algo que eu possa controlar, aprendi isso ao longo da carreira. Espero que essas lesões tenham passado”, explicou antes de saber que voltaria a sair queixoso no confronto europeu. “Jogar futebol é a melhor coisa do mundo. Estar na Roma é fantástico, como falei com o treinador e diretor, sei que os adeptos sentem futebol e é disso que preciso neste momento, voltar a apaixonar-me pelo futebol”.

A seguir à substituição, a Roma por pouco não sofreu. Jerome Mbekeli atirou ao poste da baliza de Svilar após fugir a Karsdorp. A entrada de Leandro Paredes (45+4′) fez-se sentir na cobrança de um livre em zona ofensiva que desviou em dois defesas do Sheriff e acabou por trair o guarda-redes Maksym Koval. A substituição, embora forçada, acabou por se revelar desbloqueadora.

O Sheriff entrou bem na segunda parte. Jerome Mbekeli ganhou em velocidade a Ndicka e atirou por cima. Só a seguir surgiu o merecido empate. Cristian Tovar (57′) deu vida a um lance que parecia perdido dentro de área e rematou fora do alcance de Svilar. Ganhar sem sofrer não é ganhar para Mourinho e já com Dybala em campo, Lukaku (65′) usou o pouco espaço disponibilizado pelos defesas para finalizar dentro da área e voltar a colocar os italianos em vantagem.

Apesar da entrada de Belotti ter agitado a frente de ataque, sendo que o italiano até esteve perto de dilatar o marcador, o maior mérito da Roma a partir daqui foi saber adormecer o jogo. Ainda assim, Cristante esteve bastante perto do terceiro golo. Quando já estavam praticamente garantidos os primeiros três pontos no grupo (2-1) para o emblema da capital italiana, sobrou tempo para o médio do conjunto que atua no campeonato moldavo, João Paulo, ver cartão vermelho direto e ser expulso. No jogo entre Slavia Praga e Severtte, os checos venceram os suíços por 2-0 e dividem assim a liderança com a equipa giallorossi.