“O Porto sempre foi uma grande cidade. É a cidade do Infante D. Henrique, dos estaleiros que construíram os navios dos Descobrimentos, do vinho que é apreciado em todo o mundo, da luta pela liberdade, de um povo honesto e lutador, de escritores e artistas que criaram do melhor que já existiu em Portugal. O Porto sempre foi grande, apesar de não ser a maior cidade de um país pequeno e pobre, porque conseguiu ao longo dos séculos projetar-se muito para lá dos seus limites. Por ter sido fundado por gente do Porto, por desde cedo ter conseguido congregar o povo do Porto, o destino do FC Porto está traçado desde o tempo de António Nicolau de Almeida: ultrapassar fronteiras da cidade, região e país e conquistar o mundo (…)

Valeu a pena. O FC Porto é hoje um clube de que todas as gerações de portistas se podem orgulhar, mesmo aquelas que não tiveram a sorte de viver durante as décadas em que, ao contrário das anteriores, passámos a ganhar muito mais do que outros. Basta dizer que o FC Porto fez do Porto, a tal cidade que sempre foi grande, uma cidade ainda maior. Clube e cidade confundem-se. Cresceram juntos. Puxaram um pelo outro. ‘Tornar maior esta cidade’ é o sonho descrito por Pedro Homem de Mello no poema ‘Aleluia’. A grande marca destes 130 anos é essa: o sonho foi concretizado. Há que continuar a cumpri-lo.”

O 130.º aniversário do FC Porto mereceu parabéns de muita gente dos mais variados quadrantes, entre os atuais e antigos jogadores e treinadores, passando por várias outras instituições e parceiros. No entanto, à luz dessa data, foi mais um dia em que Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente dos dragões há mais de quatro décadas, emergiu como grande figura do universo portista. E o depoimento supracitado que foi publicado no jornal O Jogo esta quinta-feira deu o mote para um dia com vários momentos de celebração até à Gala dos Dragões de Ouro. Houve a inauguração da exposição temporária “Gomes” em memória do Bibota no Museu (que também cumpre dez anos, com dez títulos no futebol ganhos por Sérgio Conceição desde que assumiu o comando em 2017), o enorme festival de pirotecnia de madrugada promovido pelas claques na zona da Ribeira e o hastear da bandeira mas era para a noite que estava reservado o grande momento.

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(E ainda antes de irmos à festa que homenageia os melhores do ano nos dragões e que este ano ia realizar no Coliseu do Porto a partir das 21h30 depois do jogo de andebol para a Champions com o Barcelona no Dragão Arena, uma nota de curiosidade para o onze ideal de Pinto da Costa entre todos os jogadores que viu jogar e “sem elementos do atual plantel, caso contrário Pepe estaria sempre na equipa”: Vítor Baía; João Pinto, Ricardo Carvalho, Aloísio, Branco; Deco, Madjer, António Oliveira; Hulk, Futre e Gomes)

Numa gala que teve como ponto comum os agradecimentos especiais que foram endereçados a Pinto da Costa na altura de todos os prémios, o líder dos azuis e brancos subiu ao palco para entregar aqueles que foram alguns dos últimos troféus, um especial que fez levantar todo o Coliseu a Fernando Gomes, o eterno Bibota que morreu em dezembro e que teve o filho, Martim, a recordar o percurso sempre ligado aos dragões (e que deixou o número 1 portista visivelmente emocionado). No final, fez quase um “discurso de encerramento”, saudando alguns dos presentes como Manuel Pizarro (atual ministro da Saúde), Lourenço Pinto (líder da Mesa da Assembleia Geral), Eduardo Vítor Rodrigues (Câmara de Vila Nova de Gaia), Fernando Gomes (Federação Portuguesa de Futebol) ou Pedro Proença (Liga Portugal), entre muitos outros.

“Depois de tudo o que vivemos aqui, de reviver a história do FC Porto, é muito difícil de falar. Não gosto de escrever o que vou dizer, gosto de permitir que saia tudo do meu coração com a confiança de ter aqui os meus queridos médicos, que o meu coração diga o que me vai na alma. Neste dia tão especial, dividirei em três partes a minha conversa: o passado, o presente e o futuro. O passado é glorioso, de 130 anos completados hoje. Quando o António Nicolau de Almeida criou o nosso clube, sabia que iria passar fronteiras e barreiras, daí o azul e branco das cores da então bandeira de Portugal. Foi um passado de que todos nos devemos orgulhar, com milhares de troféus por milhares de dragões. Como um clube sem memória é um clube sem alma, e como temos uma alma do tamanho do mundo, evoco quatro presidentes com quem tive a honra de trabalhar: José Maria Nascimento Cordeiro, Cesário Bonito, Afonso Pinto Magalhães e Américo Sá. Foram quatro de carácter distintos, formas de orientar diferentes mas que me ensinaram muito”, referiu.

“Estamos numa gala dos Dragões de Ouro e porque apresentamos um naipe excecional, porque todos vieram receber o prémio com emoção, quero recordar alguns que não estão fisicamente connosco mas que irão estar sempre nos nossos corações. Virgílio Mendes, Hernâni, Carlos Duarte, Fernando Gomes, Rui Filipe e Alfredo Quintana receberam e queriam evocar a sua memória, tal como os antigos dirigentes Sardoeiras Pinto, Afonso Roque, Paulo Nunes de Almeida, Reinaldo Teles, Pôncio Monteiro, Luís Teles Roxo, Armando Pimentel e Maria Luísa Teles. Vivido este passado, passamos ao presente. O presente é de esperança, de fé, de certezas porque quem consegue ter uma sala destas repleta tem que ter confiança e estar orgulhoso do presente. O presente está garantido com a pujança das nossas equipas, com o aumento sucessivo dos nossos adeptos de Norte a Sul, com o aumento de associados. Quando entrei no clube recebi o número 26.636, agora em setembro inscrevi o meu quinto neto, que sou penta avô, ficou 127.220″, contou, entre os elogios individuais a todos os premiados com uma especial menção ao central espanhol Iván Marcano e não conter as lágrimas no momento de falar de Fernando Gomes: “Está tudo dito, não preciso dizer mais nada”.

“Do presente tempos de passar para o futuro que penso que será risonho. Quem tem uma casa e uma noite destas só pode pensar assim. Diz-se que o futuro a Deus pertence mas Deus também ajuda quem faz por isso. Como nós tentamos sempre materializar os nossos sonhos, posso dizer que o sonho do nosso Complexo Desportivo, da nossa academia, vai ser uma realidade. Em parceria com a Câmara Municipal da Maia, conseguimos encontrar uma solução. O nosso arquiteto Manuel Salgado já está a fazer o projeto e isso não vai influenciar a vida do nosso clube porque já temos garantido financiamento para tão importante obra”, reforçando que o sonho de iniciar as obras no início de 2024 “vai ser uma realidade”. “Desculpem se me alonguei, mas se aconteceu é porque gosto muito de todos vós e amo o FC Porto”, concluiu em lágrimas.

As distinções com o Dragão de Ouro em 2023

  • Casa do FC Porto do Ano: Casa FC Porto de Penafiel e Casa FC Porto de Rio Tinto

  • Atleta Jovem do Ano: Rodrigo Mora (futebol)

  • Atleta Revelação do Ano: Martim Fernandes (futebol)

  • Quadro do Ano: Ricardo Fernandes

  • Projeto do Ano: Comunidades Energéticas

  • Atleta Amador do Ano: Kevins Apseniece (natação)

  • Atleta de Alta Competição do Ano: Xavi Malián (hóquei em patins)

  • Atleta futebol do Ano: Iván Marcano

  • Parceiro do Ano: Betano

  • Treinador do Ano: Ricardo Ares (hóquei em patins)

  • Prémio Carreira: Carlos Magalhães (médico)

  • Futebolista do Ano: Pepê

  • Dirigente do Ano: Rodrigo Barros (voleibol)

  • Sócio do Ano: Pedro Violas

  • Recordação: Fernando Gomes

  • Dragão de Honra: Ricardo Magalhães (presidente do Conselho de Administração do BMG)