Luís Castro deixou o Botafogo após 39 jogos realizados em 2023. Quando o treinador português rumou ao Al Nassr a equipa estava afinada, mas o manual de utilização ficou longe do alcance do seu sucessor. O técnico que atualmente orienta Cristiano Ronaldo saiu do Brasil com uma percentagem de vitórias na casa dos 64% esta época, longe do que Bruno Lage, o novo homem do leme, tem conseguido ao serviço do Fogão. Tendo disputado um número significativamente mais reduzido de jogos, o antigo treinador do Benfica não conseguiu vencer mais do que 27% das partidas que realizou.

Em função da proximidade cada vez maior dos rivais na luta pelo campeonato, Bruno Lage começa a ficar sem chão no Brasil. O empate em casa (1-1) contra o Goiás de Armando Evangelista, apesar de ter interrompido um ciclo de quatro derrotas consecutivas, foi o quinto jogo do português de 47 anos sem vencer. Como recompensa, o Estádio Nilton Santos brindou Lage com insultos. À saída para o túnel de acesso aos balneários, o atual treinador do Botafogo foi chamado de “burro” pelos adeptos, cenário que o técnico aplaudiu.

“As palmas foram de apoio. Os adeptos podem vaiar quem eles entenderem. Eu estou a agradecer o facto deles continuarem a apoiar a equipa. Eu não tenho dupla cara, não sou hipócrita”, afirmou Bruno Lage. “A maneira como me queiram tratar é completamente indiferente. Preferia que fosse outra situação, mas para isso temos que conseguir resultados. A nossa vida de treinador é muito esta. O homem que estava aqui sentado antes de mim também lhe chamaram os nomes que chamaram. Por isso, faz parte desta profissão. Se não quisesse ter este impacto, se não me sentisse confortável nesta posição, tinha ficado a treinar meninos de oito, nove, dez anos. Não tem problema nenhum. O adepto tem sempre razão em qualquer situação, desde que apoie a equipa. Se apoiar a equipa é mais do que suficiente e devo agradecer. Isto tem sido fantástico”.

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Neste momento, o Botafogo permanece no primeiro lugar do Brasileirão com 52 pontos, mais sete do que o Red Bull Bragantino de Pedro Caixinha. O momento negativo do emblema carioca levou a que a imprensa questionasse Bruno Lage seria possível acontecer ao treinador português o mesmo que se passou quando orientava o Benfica em 2019/20, dispondo de uma vantagem de sete pontos para o FC Porto no Campeonato e tendo acabado de perder o título para os dragões.

“As perguntas vão sempre em função daquilo que interessa. Quando fizeram essa pesquisa, não falaram quando o FC Porto tinha sete pontos de vantagem, recuperámos e fomos campeões. Vejam como cheguei ao Benfica, o que fizemos para vencer e depois foi todo um contexto que foi a situação da Covid-19. Jogar no Benfica com uma equipa de meninos e sem adeptos não é a mesma coisa”, comentou Lage sobre a comparação feita pelos jornalistas. “Por isso é que eu agradeço sempre o apoio dos adeptos, porque sei o que é jogar sem eles. Aqui não é com palavras, é com trabalho. Por isso é que surgiu a ideia de abrir as portas aos adeptos no treino para verem como é que a equipa trabalha. O treino foi aberto por isso. Claro que não fizemos nada de estratégico, porque era um treino aberto. Só se consegue fazer esse trabalho com muita confiança”.

Desde que chegou ao Botafogo, Bruno Lage venceu apenas quatros jogos, sendo que apenas três contaram para o Brasileirão. O único golo do Fogão frente ao Goiás foi apontado por Tiquinho Soares, antigo avançado do FC Porto (que começou no banco e entrou ao intervalo), que leva 26 golos esta temporada. O jogador considerou que, “mais lá para a frente”, o ponto conquistado pode ser importante. “Saímos tristes por estarmos a jogar em casa. Os adeptos compareceram, apoiaram-nos, mas é de ressalvar esse pontinho. Estou muito feliz, estou a voltar a marcar depois de um longo tempo. Estou focado, o grupo está focado e o Botafogo vai lutar até o final por esse campeonato”, garantiu Tiquinho.