Muitos dos jogadores da Seleção Nacional de râguebi ficaram em França para regressarem aos clubes que representam. Os restantes internacionais voltaram a Portugal. Depois de terem sido acolhidos por uma multidão no aeroporto, desta vez, foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que recebeu os Lobos no Palácio de Belém e condecorou a Federação Portuguesa de Rugby após a melhor prestação de sempre da equipa no Mundial que valeu “a Portugal um período inesquecível de autoestima, de amor próprio, de orgulho de sermos portugueses”.

Marcelo quis ser gentil com os Lobos, mas os Lobos é que foram gentis com Marcelo, tendo acabado a cerimónia com um corredor ao Presidente da República, a maneira como as equipas de râguebi se saúdam no final de um encontro. Em compensação, o chefe de Estado fez da seleção nacional de râguebi um símbolo da diáspora.

“Tenho a agradecer-vos pelos portugueses que vivem em todo o mundo. Esses ainda tiveram maior orgulho, maior alegria dos que aqueles que vivem cá. Para eles, Portugal é uma cristalização, para eles, Portugal é um conjunto de maravilhas ainda superior às maravilhas que somos e sem aquilo que não temos de maravilha”, garantiu o presidente que enalteceu a vitória contra as Ilhas Fiji (24-23). “Para os portugueses em França foi um dia único na vida deles”, continuou. “Podem não perceber nada de râguebi ou perceber muito pouco, mas ficaram com um orgulho enorme pelo vosso feito”.

A equipa que o selecionador nacional cessante, Patrice Lagisquet, escolheu para o Mundial tinha dez luso-franceses, aspeto que o capitão Tomás Appleton não esqueceu. “O que nos une aqui é a vontade de representar Portugal, sejamos nascidos em Portugal, sejamos nascidos em França, sejamos nascidos onde for. O que nos une é esta bandeira, esta nação e este país. O que queremos é deixar todos os portugueses orgulhosos”, disse o jogador do CDUL.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que “o râguebi era uma modalidade a que a sociedade portuguesa não estava muito sensível”. Ainda assim, o Presidente da República considerou que os Lobos praticam “um jogo bonito, um jogo limpo, um jogo magnífico de se ver”, relembrando todo o percurso da Seleção Nacional até à primeira vitória de sempre “num jogo tão sofrido, tão sofrido, tão sofrido”, onde foi preciso aguentar “bisarmas físicas”, mas no qual “o mundo do râguebi parou”. O chefe de Estado tinha estado com os jogadores no estágio no Algarve, antes da partida para França, local onde se disputa o Mundial, e também no embate frente à Austrália. “Vi miúdos no Algarve com hipótese possível de paixão o râguebi e não o futebol”.

Na intervenção que teve durante a cerimónia, o presidente da Federação Portuguesa de Rugby, Carlos Amado da Silva, agradeceu o apoio que tem recebido do poder político e enalteceu que os Lobos deixaram de ser “uma equipa mediana para serem uma equipa de topo” e, por isso, “o râguebi hoje já não é o que era há três meses”. O dirigente classificou Marcelo como “mais um Lobo, talvez o maior Lobo de todos”.

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