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Azar era não haver o Geny de Pote numa lâmpada (a crónica do Boavista-Sporting)

Este artigo tem mais de 6 meses

Falhou o que não costuma falhar, acertou no poste, não desistiu, decidiu de calcanhar: Pedro Gonçalves não tem espaço entre tanta qualidade na Seleção mas não deixa de ser um Geny à sua maneira (0-2).

Pedro Gonçalves marcou pela terceira jornada consecutiva como visitante na quinta vitória consecutiva dos leões no Campeonato
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Pedro Gonçalves marcou pela terceira jornada consecutiva como visitante na quinta vitória consecutiva dos leões no Campeonato

Pedro Gonçalves marcou pela terceira jornada consecutiva como visitante na quinta vitória consecutiva dos leões no Campeonato

O regresso do Sporting ao ativo depois da última paragem para os compromissos das seleções não tinha sido propriamente o mais conseguido. Aliás, numa temporada onde têm existido bem mais elogios do que reparos à equipa, o técnico não ficou satisfeito com algumas coisas que viu com o Olivais e Moscavide na Amadora e o Raków na Polónia. Jogos diferentes, contextos distintos, escalões competitivos que não se podem comparar, ainda a expulsão precoce de Gyökeres na partida da Liga Europa que mudou tudo o resto. Mesmo reduzidos a dez, os leões chegaram à vantagem na sequência de um canto e foram conseguindo gerir bem a vantagem até a uma meia hora final onde, mesmo em desvantagem numérica, se pedia mais. A aposta agora entroncava na capacidade de corrigir essa diferença entre o que o conjunto verde e branco consegue fazer e na realidade faz, num regresso ao Campeonato com o “aliciante” extra do empate do Benfica na receção ao Casa Pia.

Sporting vence no Bessa com golos de Geny Catamo e Pedro Gonçalves e isola-se na liderança da Liga

“É uma motivação extra, temos sempre que jogar para ganhar. Nesta fase da época ainda é muito cedo, o ano passado condicionámos muito o nosso Campeonato logo no início. Temos de vencer para manter a nossa posição. Neste momento, com uma diferença de golos não estamos em primeiro. Desgaste? Temos de estar prontos, somos uma equipa grande que está habituada a essa ciclo. A Liga Europa é diferente da Liga dos Campeões. Parece-me a mim que o campo vai estar difícil devido à chuva. Vai ser mais um jogo difícil mas estamos preparados. São três dias entre jogos e os jogadores estão recuperados nesta altura”, apontara Rúben Amorim, tendo como grande objetivo confesso em conferência de imprensa a permanência no topo da classificação até ao dérbi na Luz frente aos encarnados para a Liga que se vai realizar daqui a duas semanas.

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“Olhando para aquilo que se passou na quinta-feira, são jogos completamente diferentes e depois de existir uma expulsão aos oito minutos não podemos fazer comparação nenhuma. Já não é a primeira vez na Liga Europa que ficamos condicionados muito cedo. Torna-se frustrante quando já é recorrente, seja por uma razão ou outra. Já é a segunda vez que com dez marcamos golo. Sofremos, não aguentámos até ao fim. Há pontos positivos e negativos. Não podemos retirar quase nada de um jogo em que jogámos quase sempre com dez. Vamos defrontar o Boavista sem pensar no jogo passado”, acrescentara a esse propósito.

Em paralelo, o técnico verde e branco abordou também as palavras que teve na entrega do prémio José Bento Pessoa, quando disse que “o Sporting gosta de ganhar em campo e não gosta de pressionar ninguém”. “Se foi uma indireta? Não mando indiretas para ninguém, seria muito pouco inteligente. Mandar recados para alguém só ajuda a atiçar os adversários. Tivemos aqui todas as semanas a dizer que tínhamos feito um mau planeamento e, quanto a mim, foi uma atitude bastante positiva que tivemos quanto ao outro ano. O Sporting está com um posicionamento bom. Temos um passo a dar mas acho que estamos no caminho certo. Estou a dizer que os outros têm uma atitude negativa? Não estou. Em tudo. Não podemos arranjar bodes expiatórios para aqui e para acolá. Nós não somos perfeitos, também cometemos muitos erros, mas estamos a tentar ter uma posição mais positiva no futebol. Se os outros não têm, não sei”, comentou numa questão que envolvia também a possibilidade de o Benfica ter recusado o avançado Viktor Gyökeres no verão.

Por fim, também na antecâmara do encontro no Bessa que iria encerrar a nona jornada do Campeonato, o técnico abordou também a entrevista do selecionador Roberto Martínez ao jornal Record, em particular a ideia de que Pedro Gonçalves “é o jogador com mais azar de Portugal porque luta pelas posição mais difíceis”. “Temos gerações onde há mais jogadores para uma certa posição. Fui um jogador mais fraquinho que o Pote e a nossa geração não era mais forte. Quero que ele entenda que não são os números que o levam à Seleção, é o rendimento. Estou a metê-lo no máximo de posições para ver se o levam. É uma forma aberta de o selecionador falar. Não podia estar mais de acordo. O Pote tem é de correr e melhorar muito. A verdade é que nesta Seleção é muito difícil para qualquer jogador entrar, o mesmo vale para o Nuno Santos e Paulinho. Tiveram azar de nascer nesta geração”, comentou Amorim, quase lançando o repto ao jogador.

Repto lançado, repto aceite. Geny Catamo justificou a opção inicial do técnico e mostrou que é cada vez mais uma solução válida para o jogo verde e branco mas foi o reencontro de Pedro Gonçalves com a sua melhor versão num estilo Dr. Jekyll e Mr. Hyde que deu a vitória ao Sporting: teve um livre com selo aparente de golo defendido, falhou isolado na área, acertou depois no poste em queda mas manteve o discernimento para continuar a tentar aquilo que ninguém conseguia fazer e resolver o encontro de calcanhar já depois de ter sido determinante na jogada do primeiro golo. Como dizia Martínez, Pote tem mesmo azar por estar a lutar por vagas na Seleção que estão atribuídas a alguns dos melhores jogadores do mundo. No entanto, o maior azar era mesmo não haver um génio assim pronto para sair da lâmpada para quando for necessário.

Ficha de jogo

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Boavista-Sporting, 0-2

9.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Boavista: João Gonçalves; Salvador Agra, Abascal, Chidozie, Filipe Ferreira (Luís Santos, 75′); Makouta (Berna, 69′), Seba Pérez, Reisinho; Tiago Morais (Bruno Lourenço, 61′), Masa (Martim Tavares, 75′) e Bozenik

Suplentes não utilizados: Luís Pires, Joel Silva, Vukotic, Sasso e De Sanctis

Treinador: Petit

Sporting: Adán; Diomande, Coates (St. Juste, 69′), Gonçalo Inácio; Geny Catano (Francisco Trincão, 86′), Hjulmand, Morita, Matheus Reis (Nuno Santos, 75′); Marcus Edwards (Ricardo Esgaio, 75′), Pedro Gonçalves e Gyökeres (Paulinho, 86′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Luís Neto, Dário Essugo e Daniel Bragança

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Geny Catamo (37′) e Pedro Gonçalves (85′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Chidozie (45+1′), Tiago Morais (48′), Filipe Ferreira (59′), Marcus Edwards (74′) e Hjulmand (90+7′)

Com Adán de regresso ao onze inicial de forma natural (porque apesar de tudo o que se foi escrevendo ainda é de forma indiscutível o guarda-redes número 1 para os leões), Rúben Amorim tinha em mente uma outra surpresa preparada com a aposta em Geny Catamo no lugar de Ricardo Esgaio a fazer a ala direita após boas entradas com Olivais e Moscavide e Raków. E se a primeira “ameaça” ainda que sem qualquer perigo tenha vindo de Salvador Agra, num remate prensado num defesa contrário que saiu para canto, foi o Sporting a deixar por mais do que uma vez a ameaça de golo na baliza de João Gonçalves: Pedro Gonçalves obrigou o guarda-redes axadrezado a uma defesa apertada para canto na sequência de um livre direto (6′) e, quase de seguida, Geny Catamo beneficiou de um movimento na largura de Gyökeres para ganhar vantagem pelo meio e atirar forte de pé esquerdo às malhas laterais (8′). Bozenik ainda teve uma tentativa aparecendo na profundidade que saiu muito ao lado (10′) mas eram os leões que ganhavam ascendente nas ações feitas no último terço, de novo com Catamo em destaque num lance em que só faltou o último toque de Gyökeres (12′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momento do Boavista-Sporting em vídeo]

Aos poucos, o Boavista foi assentando jogo. Por um lado, ganhou referências a nível de pressão nas zonas de construção e nos espaços entrelinhas que foram secando parte das ideias do Sporting com bola; por outro, foi lendo os espaços que iam ficando nas transições ofensivas para colocar a defesa verde e branca em sentido. A primeira oportunidade dos visitados surgiu de forma quase natural como resultado desse binómio ganho com o passar dos minutos, com Tiago Morais a fazer a diagonal da esquerda para o meio antes de assistir Bozenik sozinho na área descaído sobre a esquerda para o remate que saiu muito ao lado (16′). O jogo pelas laterais ganhava dimensão, Makouta assumia o encontro em zonas mais subidas, os cantos sucediam-se (e num deles Adán desviou quase por instinto após a bola passar por vários jogadores sem ser tocada) mas foi a formação verde e branca que ganhou a inspiração pelos cânticos ao minuto 28 recordando Bas Dost para voltar a criar perigo, tendo Pedro Gonçalves, assistido por Edwards, a atirar por cima sozinho na área.

Pela produção dos dois conjuntos, era complicado conceber uma primeira parte sem golos. Não aconteceu. E não aconteceu porque, num movimento meio “invisível” quando andava a ser assobiado pelos adeptos da casa, Pedro Gonçalves desceu no terreno, fez um passe fantástico em balão para Morita e Matheus Reis assistiu com um cruzamento largo ao segundo poste Geny Catamo para o 1-0 (37′). A aposta no moçambicano quase como um extremo e não um lateral/ala trazia frutos, sendo que essa estratégia contava também com um Diamonde sem medo de se expor perante as ações de Tiago Morais e Bozenik quando o avançado descaía para a esquerda do ataque (e o facto de jogar Filipe Ferreira e não lesionado Bruno ainda ajudava mais a essa estratégia). Apesar do equilíbrio no jogo, o Sporting conseguia sair para o descanso a materializar o ligeiro ascendente e sobretudo a maior capacidade de criar oportunidades de golo.

Petit e Rúben Amorim não mexeram ao intervalo mas tinham correções para fazer durante o intervalo. No lado do Boavista, existia o desafio de como colocar mais unidades na frente sem perder o equilíbrio que de seguida levasse a um segundo golo sofrido que “acabasse” o encontro; da parte do Sporting, o número de duelos ganhos tão baixo frente a um conjunto como o axadrezado poderia significar perder o domínio e/ou controlo do jogo, sendo que o próprio Gyökeres tinha sido pouco explorado na profundidade e na largura pela equipa. Foram esses indicadores que se viram no reatamento, com os visitados a terem linhas mais subidas com e sem bola e os leões a tentarem ao máximo explorar as costas da defesa contrária como veio a acontecer num erro de Abascal que deixou Edwards isolado a arrancar para a área para um remate que tinha tudo para superar a oposição de João Gonçalves mas acabou por ser cortado por Chizodie (53′).

Os minutos iam passando sem grandes mexidas em relação ao que estava a ser o jogo (e com muito menos qualidade do que no primeiro tempo). Gyökeres, menos interventivo do que é normal nos leões, ainda teve um lance em que rodou bem sobre o defesa contrário mas atirou depois muito ao lado, quase que ilustrando numa jogada a falta de inspiração quase transversal (61′). Apesar da desvantagem, o Boavista esteve desde os 16′ sem fazer qualquer remate mas as mexidas que Petit foi fazendo melhoraram o rendimento da equipa até a uma tentativa uma hora depois… que resultou em golo: Bruno Lourenço, o carrasco leonino na derradeira temporada, descaiu sobre a direita, cruzou de forma primorosa ao primeiro poste e Bozenik mostrou o porquê de ser um dos avançados da moda com um remate de primeira anulado depois pelo VAR (77′).

Ficou o sério aviso que, por 27 centímetros, não resultou mesmo num empate que deixaria o jogo em aberto para o último quarto de hora (e bastava recordar o encontro no Bessa com o Benfica na primeira ronda para se perceber que podia cair para qualquer lado), soou o despertador para o Sporting acordar na segunda parte e ter uma ponta final demolidora que confirmou a vitória e a liderança isolada: Pedro Gonçalves recebeu na profundidade, caiu pressionado por Chizodie mas acertou ainda no poste (84′) antes de, logo a seguir, surgir na área para desviar de calcanhar para o 2-0 após cruzamento de Ricardo Esgaio (85′). O encontro estava “fechado”, o resultado ainda podia ter mexido e bastou Paulinho tocar na bola uma primeira vez para surgir isolado na área depois de um movimento diagonal como mandam os livros para o remate cruzado travado por João Gonçalves em mais uma jogada iniciada por Pote, o mais saudado no final (87′).

 
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