A diretora do Agrupamento de Escolas Júlio Dinis, em Gondomar, Glória Sousa, processada pelo Ministério da Educação pela exibição de uma tarja polémica, foi acusada de violação dos deveres de imparcialidade e lealdade, revelou a própria à Lusa esta segunda-feira.

“Neste momento sou acusada da violação dos deveres de imparcialidade e lealdade previstos nas alíneas c) e g) do n.º 2, bem como nos n.ºs 5 e 9 do art.º 73 da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas. Tendo incorrido numa infração disciplinar foi proposta a sanção de suspensão e consequente perda de mandato”, explicou a diretora do agrupamento.

Em causa está a exibição de uma tarja onde se lê “Estamos a dar a aula mais importante das nossas vidas” desde fevereiro exposta na escola EB 2.3 Júlio Dinis, facto que gerou um processo disciplinar à diretora.

“Neste momento tenho um prazo para juntar ao processo três testemunhas abonatórias da minha imparcialidade e lealdade ao ministério (que irão ser ouvidas pela Inspeção-Geral da Educação e Ciência) e contrapor a acusação”, explicou Glória Sousa.

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Depois, prosseguiu, o processo seguirá superiormente e só aí saberá se será sancionada, dispondo ainda da possibilidade de recorrer.

“A tarja continua na escola, ninguém me deu ordens para a retirar”, respondeu à Lusa sobre a origem do processo disciplinar instaurado, assim como a “solidariedade de 99% dos colegas do agrupamento que se mantém”.

Da situação, disse considerar ser um “atentado” não contra si, “mas contra a classe profissional”.

“Sinto uma profunda tristeza pela falta de respeito que há para com opiniões diferentes”, disse, frisando ainda ser uma “tarja sem cariz político, que não tem ligação a sindicatos nem a ninguém”.

E numa alusão à frase que gerou a polémica, Glória Sousa afirmou que “mau era quando um professor se levanta todos os dias de manhã para trabalhar e não vá dar a aula mais importantes da sua vida. Quando isso não acontecer muito mal vai o ensino”, exemplo que estendeu à missão de um diretor de escola.

“Quando, mesmo assim, as pessoas acham que tem um cariz político contra o Ministério da Educação (…) não consigo conceber que estejamos a poucos meses de completar 50 anos de liberdade”, disse.

Em 29 de setembro, em comunicado, os professores e educadoras do agrupamento, composto por 11 estabelecimentos de ensino, explicaram que a tarja negra onde está escrita a frase “foi concebida, paga e colocada pelos professores do agrupamento que, em fevereiro, consideraram que deviam mostrar à comunidade, de forma explicita, que todos os dias se empenham para dar aos seus alunos o melhor de si, a aula mais importante das suas vidas”.