O presidente da EMEL — Empresa de Estacionamento e Mobilidade de Lisboa, Carlos Silva, disse, esta quarta-feira, estarem previstas duas estações da rede Gira em Marvila, com 26 e 22 docas, no primeiro semestre de 2024.

O responsável foi ouvido na 8.ª Comissão Permanente da Assembleia Municipal de Lisboa, no âmbito de duas petições: “Marvila em todas as direções uma freguesia mais móvel, mais coletiva, mais sustentável” e “Avenida de Berna — Intervenção a pensar nas pessoas”.

Numa breve intervenção antes das questões dos deputados municipais, Carlos Silva agradeceu aos peticionários, frisando os “estudos bastantes interessantes” que as petições contêm, mas sublinhou que, apesar de serem “90% do interesse da EMEL, não passam pela intervenção” do organismo.

O responsável anunciou na altura o alargamento da rede Gira [serviço público de partilha de bicicletas na cidade de Lisboa gerido pela EMEL] à freguesia de Marvila, um dos temas reclamados numa das petições com 185 subscritores.

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“Até ao final do mandato irá [rede Gira] chegar a todas as freguesias de Lisboa. Para Marvila está previsto para o primeiro semestre de 2024 a presença de duas estações, uma com 26 docas e outra com 22, localizadas em Braço de Prata e na Praça Davide Leandro da Silva”, disse o responsável, adiantando a existência de mais três propostas para outras localizações, sem especificar.

Carlos Silva sublinhou também que “para haver Gira não precisa de haver ciclovia”, reconhecendo, no entanto, que a via “é um incentivo que cria a perceção de segurança no cidadão”, pelo que “as três ciclovias ‘pop-up’ realizadas em Marvila no passado, e que agora já apresentam alguma degradação, vão ter de ser requalificadas”.

O deputado Miguel Graça (Independente) frisou que a chegada da Gira ao Braço de Prata e à Praça Davide Leandro da Silva “não é chegar a Marvila”, considerando que a rede deve ser alargada para “não se tornar um mapa de exclusão social da cidade”.

Já o deputado socialista Miguel Teixeira criticou o facto de “continuarem a subsistir freguesias sem qualquer representação”, questionando qual é a estratégia da EMEL em relação à expansão e lembrando que Braço de Prata “já é um espaço nobre” da cidade.

Carlos Silva escusou-se a pronunciar sobre questões políticas, lembrando que a EMEL executa no mandato da Câmara Municipal de Lisboa, da qual depende, cingindo-se somente às questões de intervenção da empresa na cidade.

Desta forma, adiantou aos deputados que o plano de expansão da rede, atualmente servida por 152 estações, prevê no final do mandato a existência de um total de 184, chegando a “todas as freguesias da cidade” e algumas terão de ser “melhor servidas”, reconheceu.

“Marvila é a ligação entre Santa Apolónia, Beato, Braço de Prata e o Oriente. As estações falam umas com as outras, são feitos planos nesse sentido”, disse, reconhecendo a importância de a freguesia ser dotada.

Em relação à petição “Avenida de Berna — Intervenção a pensar nas pessoas”, assinada por mais de 700 pessoas, que defende a melhoria da ciclovia naquela avenida e não só “soluções parcialmente convenientes”, Carlos Silva reconheceu que aquela artéria era descrita pelos técnicos como um “foco de instabilidade, medo e insegurança” para os moradores na zona e para os próprios utilizadores da via, pelo que está a ser sujeita a uma intervenção.

“Estão a acontecer obras no local, não é o ideal estar uma solução provisória, mas a EMEL está a concretizar o que tinha de ser melhorado depois de contactos com a junta de freguesia”, explicou.

A deputada municipal do Bloco de Esquerda, Isabel Mendes Lopes, lembrou que a ciclovia provisória preocupa porque não cumpre questões de segurança, não só na ciclovia, mas também no tamanho da faixa ‘Bus'”.

“A ciclovia da Avenida de Berna é estruturante na cidade de Lisboa, o desvio pela [Rua] Elias Garcia não é viável”, lamentou, adiantando que a média de ciclistas “ronda os 400 por dia”, números que levantaram burburinho entre os deputados, que contrapuseram que “ciclistas na ciclovia não são o mesmo que utilizações/passagens”.

Carlos Silva reconheceu também que, em relação ao cumprimento das normas, “em poucos locais são cumpridas à regra”, salientando o facto de “Lisboa ser uma cidade moderna projetada de uma forma, em que não se pode colocar ciclovias de forma harmoniosa, tendo de se encontrar espaços de partilha e espaços públicos razoáveis”.

“A ciclovia provisória vem melhorar os conflitos que havia nas paragens de autocarro, vem melhorar o espaço pedonal na zona da universidade, melhorou significativamente o espaço público”, afirmou o responsável.

A petição “Marvila em todas as direções, uma freguesia mais móvel, mais coletiva, mais sustentável” defende que a rede publica de bicicletas Gira “tem futuro em Marvila” e que deve ser “aumentada a oferta de estações no metro da Bela Vista, Biblioteca ou Centro de Saúde de Marvila, Escola Secundária D. Dinis, e locais onde já existe infraestrutura ciclável: eixo Avenida Santo Condestável e ciclovia junto do edifício da junta de freguesia”.

Além disso, a petição pugna também pela revisão dos transportes públicos em Marvila, com maior interconexão entres os diferentes tipos de transportes.