Um jogo contra uma equipa do quarto escalão do futebol espanhol era o cenário ideal para o Barcelona recuperar alguma da confiança que tem perdido nas últimas semanas. Ainda para mais, o treinador dos catalães, Xavi Hernández, não operou alterações profundas no onze que fizessem com que o emblema blaugrana sofresse com um eventual exercício de gestão da condição física do plantel. João Félix teve oportunidade de voltar à titularidade e, em sentido semelhante com a aquilo que podia acontecer com a equipa no duelo com o Barbastro para a Taça do Rei, o internacional português esperava também ele um momento de revitalização. Não aconteceu. E a própria exibição fez soar alarmes na imprensa espanhola.

O Barbastro conseguiu arrastar as decisões até aos últimos minutos mas acabou por perder por 3-2 contra o campeão espanhol, valendo aos catalães os golos Fermín López (18′), Raphinha (51′) e Lewandowski (88′, de grande penalidade). João Félix esteve perto de se juntar à lista de marcadores, mas viu um golo ser-lhe anulado por fora de jogo em cima do intervalo. Aí começaram os primeiros sinais de frustração.

“Dizem-me que o golo do João é legal. É uma pena que não tenhamos VAR nesta competição. Não entendo porque não há VAR nesta competição, mesmo que sejam campos de categoria inferior”, comentou Xavi no final do encontro. João Félix ficou com a mesma impressão e esbracejou contra a decisão da equipa de arbitragem. Porém, o avançado não se ficou por aí, tendo sido visível o descontentamento para com os companheiros quando não era bem servido. O caso mais flagrante da emotividade do encontro para o português foi a disputa que teve com Ferran Torres por um livre que Félix acabou por não ceder.

Do ponto de vista estatístico, João Félix também esteve longe de impressionar. Nos 71 minutos em que esteve em campo antes de ser rendido por Lewandowski perdeu a bola em 15 ocasiões e não a recuperou nenhuma vez. Ofensivamente, os números foram redondos: zero passes decisivos, zero cruzamentos, zero dribles completos, zero assistências, zero golos. Um regresso à titularidade que não correu da melhor forma.

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“A linguagem corporal denuncia-o. O português parece frustrado com a sua natureza irregular, consciente que está diante da oportunidade da carreira. O João foi o primeiro a assinalar as circunstâncias – o estilo de Simeone – para justificar o seu rendimento no Atl. Madrid. Uma narrativa que agora joga contra si: se continua pouco consistente no Barça, o debate vira-se contra ele. O João não consegue desprender-se da uma etiqueta incómoda: talento geracional com problemas de mentalidade. No Barça está a mostrar uma boa atitude no trabalho defensivo, mas está longe dos desempenhos de Ferran ou Raphinha, muito mais constantes na pressão”, escreveu o Sport. “Indiscutível desde que chegou, o português parece ter perdido os favores de Xavi, que agora aposta na meritocracia na hora de fazer o onze. E o João Félix já há alguns jogos demonstrava não merecer a condição de intocável que ostentou desde a sua chegada. Toda a vida o acusaram de falta de continuidade no seu jogo e parece que no Barcelona não será exceção”, sustenta o As.

Apesar de tudo, o Barcelona conseguiu o apuramento para a próxima eliminatória da Taça do Rei e alcançou a terceira vitória consecutiva, todas pela margem mínima. No entanto, nem todos os sinais são positivos, pois, nos últimos dez jogos, a equipa blaugrana só não sofreu golos por uma vez.