A primeira floresta Miyawaki no concelho de Cascais, método japonês que pretende contribuir para aumentar a biodiversidade e combater as alterações climáticas, vai ser plantada em Carcavelos, no sábado, numa iniciativa da organização Forest Impact e da autarquia.
A organização informou, numa nota, que a primeira floresta Miyawaki no município de Cascais será plantada ao lado do ‘campus’ da Nova SBE (School of Business and Economics), em Carcavelos, segundo o método japonês pioneiro na plantação de árvores “para criar pequenas florestas, com o objetivo de desacelerar as mudanças climáticas, criar pontos críticos de biodiversidade e combater o crescente número de ondas de calor”.
Na plantação, por voluntários, serão usadas 600 plantas de 32 espécies, em 200 metros quadrados de floresta.
“As florestas de Miyawaki são um tipo de floresta que ganhou destaque nos últimos anos, devido à sua capacidade de crescer e amadurecer rapidamente. Em comparação com as florestas artificiais tradicionais, que podem levar décadas para atingir a maturidade, as florestas de Miyawaki são conhecidas pela sua capacidade de atingir a maturidade num curto espaço de tempo”, destacou Charles Cabell VI, da Forest Impact, citado no comunicado.
A plantação é parcialmente financiada pelo Fundo AdaptCascais, criado pelo município do distrito de Lisboa para apoiar projetos locais de adaptação às alterações climáticas e valorizar a participação da sociedade civil na ação climática, que integra o Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas aprovado pelo Governo.
“Estima-se que uma floresta de Miyawaki possa atingir a maturidade em apenas 10 anos, o que é muito menos que numa floresta tradicional. Podem fornecer rapidamente vários benefícios, como melhorar a qualidade do ar, prevenir a erosão do solo e criar ‘habitats’ para a vida selvagem”, frisou Manuela Madonia, da Forest Impact.
O método, criado pelo botânico e ecologista japonês Akira Miyawaki na década de 1970, baseia-se no desenvolvimento natural das florestas e utiliza apenas espécies autóctones.
Em Carcavelos, as espécies a plantar, entre outras, são azinheira, sobreiro, carvalho, medronheiro, pereira brava e zambujeiro.
As florestas Miyakawi são plantadas com três mudas por metro quadrado, imitando a natureza, com uma grande variedade de espécies nativas, desde as camadas herbáceas e arbustivas até árvores.
“À medida que as plantas crescem, preenchem todo o volume de espaço acima do terreno e criam uma floresta densa, com 30 vezes mais superfície foliar que as florestas tradicionais geridas pelo homem”, asseguram os promotores.
Antes da plantação, é necessário preparar o solo, até um metro de profundidade, com estrume e outras matérias orgânicas, como casquilhas de pós torrefação de café, depois coberto com palha.
Em meio urbano, estas florestas podem “reduzir as temperaturas locais, melhorar a qualidade do ar, capturar carbono e melhorar a qualidade de vida dos moradores, além de criar um oásis natural para insetos e polinizadores, aves e mamíferos muito pequenos”, explicam os organizadores.
“As florestas Miyawaki contribuem para a sustentabilidade ambiental, mas também promovem um forte sentido de comunidade”, salientou Manuela Madonia, considerando que a reunião de vizinhos para “plantar e cultivar estas miniflorestas cria um compromisso partilhado com o ambiente e um vínculo que se estende além das árvores”.
A Forest Impact é uma organização portuguesa, que tem como missão plantar florestas Miyawaki em ambientes urbanos e rurais, fundada em 2021 por profissionais formados pelo líder do movimento Florestas Miyawaki, Shubhendu Sharma.
Esta ‘startup’ da rede Casa do Impacto foi escolhida pelos municípios de Évora e Vila Viçosa para plantar, em parceria com o projeto Além Risco, um total de 700 metros quadrados de florestas Miyawaki.
O método também está a ser desenvolvido desde 2023 na freguesia de Algoz, concelho de Silves, numa plantação de 260 plantas de 18 espécies nativas do Algarve.