A 18 de julho de 2023, o centro comercial Stop foi encerrado. Cerca de 500 artistas e lojistas viram-se, de um dia para o outro, sem o seu local de trabalho. Após várias manifestações, o espaço reabriu a 4 de agosto, com a presença dos bombeiros sapadores à porta do edifício, e o fecho do espaço entre as 23h e as 11h.
Cinco meses depois, Mafalda Ribeiro, teclista que trabalha no Stop há 10 anos, decidiu convocar uma manifestação de interesse, através do Instagram “Stop Manifesta”. À Rádio Observador, disse que queria pedir a participação na administração – ou, pelo menos, que fosse criado um elo com a nova administração — e que estava ali “em defesa da paredes que não falam.” Porém, só ela apareceu.
Mafalda Ribeiro conta que foi afixada informação no centro comercial, “onde se esclarece que quem queira concorrer [à administração] tem de se enquadrar dentro dos estatutos do edifício”. Estatutos esses que a artista desconhece: “Pedimos o adiamento dessa data porque, sinceramente, um fixado num local despercebido e não assinalado, passa completamente ao lado de uma comunidade tão grande”.
Segundo a teclista, os músicos não conseguiram formar lista por não terem sabido da reunião e das condições para participar com mais antecedência. Quando questionada porque estava sozinha, a teclista defendeu que os seus colegas têm medo de represálias, como acusações de difamação.
Um outro assunto que a artista queria esclarecer com a nova administração, confidenciou Mafalda Ribeiro à Rádio Observador, é até quando o centro comercial terá de fechar das onze da noite às onze da manhã – condição que considera prejudicar os músicos: “Há pessoas ensaiam de manhã, que até lhes dava jeito ensaiar mais cedo. Há pessoas que têm aquele concerto marcado e juntam-se para ensaiar para o concerto, têm de fazer uma última revisão, ficam até mais tarde. Há artistas que têm de entregar o disco até amanhã de amanhã.”
Mafalda Ribeiro não tem dúvidas em classificar esta situação como “incomportável”: “Isto é como dizer ‘não podes ter acesso ao teu computador a partir das onze horas.'”
Em setembro, foi lançada uma petição “Em Defesa dos Músicos do CC STOP, do Porto, da Cultura e da Transparência no Processo Urbanístico”, que juntou mais de 8.000 assinatura. A 6 de novembro, o Executivo do Porto decidiu unaninamente classificar o Stop como imóvel de interesse municipal.