Uma das principais ilações da primeira metade da temporada no futsal nacional é que aquilo que é, algumas vezes está a deixar de ser. Expliquemos. Por um lado, o Sp. Braga está verdadeiramente a afirmar-se na Liga, liderando nesta fase a competição com apenas um desaire (contra o Caxinas fora) a nove encontros do final da fase regular. Por outro, os principais candidatos ao título podem enfrentar dificuldades onde muitas vezes não pensavam, como se viu no recente empate do Sporting com o Elétrico no Pavilhão João Rocha depois da derrota com o Sp. Braga e nos quatro desaires averbados pelo Benfica, que perdeu fora com o Caxinas e o Elétrico. No entanto, a Final Eight da Taça da Liga funcionou quase como reposição de forças dos velhos rivais, que não deram hipóteses nos dois encontros realizados na prova até chegarem à decisão.

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Depois de ter ganho ao Fundão por 4-1 com uma vantagem confortável criada ainda no primeiro tempo, o Sporting saiu a ganhar para o intervalo frente aos Leões de Porto Salvo antes de partir para uma goleada no segundo tempo por 6-2. Já o Benfica começou com um dos encontros mais completos da temporada diante do Sp. Braga nos quartos da competição (5-1), prolongando esse momento também com uma segunda parte a carregar até à goleada depois da vantagem mínima ao intervalo diante do Belenenses (7-2). Num Pavilhão Municipal da Póvoa de Varzim esgotado, a final mais esperada acabou mesmo por confirmar-se com o terceiro dérbi da época a valer o segundo troféu depois do triunfo dos encarnados em Sines na Supertaça.

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A nona edição da Taça da Liga funcionaria como um “desempate” entre rivais, que tinham à partida para esta edição de 2023 quatro conquistas cada. Tão ou mais interessante de seguir, era uma partida que poderia ou não confirmar uma tendência recente de triunfo do Benfica nas finais com o Sporting (aconteceu também na última época na Taça de Portugal) depois de cinco vitórias seguidas dos leões sem contar para o Campeonato e a olhar apenas para as decisões de provas a eliminar como a Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça. Mais: sendo verdade que os encarnados conseguiram quebrar essa espécie de “tabu” contra os leões, o último jogo entre ambos, no Pavilhão da Luz, terminara com triunfo dos verde e brancos para a Liga por 4-1. Agora, o triunfo voltou a sorrir aos leões, com um triunfo por 4-2 que valeu o primeiro troféu da temporada e o quinto título na competição em nove anos de existência, isolando-se do Benfica no topo.

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A partida começou a todo o gás como tinha acontecido na final da Supertaça, com o Benfica a deixar logo a primeira ameaça para defesa de Henrique e o Sporting a inaugurar o marcador ainda no minuto inicial após um canto bombeado para remate sem deixar cair a bola de Taynan sem que Léo Gugiel visse a bola sair, com festejo à Gyökeres para as bancadas (1′). Os encarnados não acusaram a desvantagem e conseguiram ter mais oportunidades para chegar à igualdades, com a mais flagrante a ser desperdiçada por Jacaré isolado ao segundo poste após canto (4′), mas seriam mesmo os leões a aumentarem a vantagem num lance que teve uma grande defesa de Henrique no início da jogada e Sokolov a aproveitar uma recarga após um primeiro remate de Pany Varela defendido para aumentar para 2-0 num lance que passou pelo VAR (8′).

Com o Sporting na frente, o Benfica foi quase “convidado” a assumir o jogo pelos leões, à procura de saídas rápidas como aquela que tinha resultado no segundo golo. Foi nesse contexto que Henrique assumiu grande protagonismo do lado do Sporting, com uma série de intervenções fulcrais para manter o avanço de dois golos até três minutos do intervalo, altura em que o guarda-redes brasileiro falhou o tempo de entrada de um corte a Arthur e permitiu a Chishkala empurrar para a baliza deserta antes de Afonso Jesus atirar a rasar o poste (17′). Ficava tudo relançado até haver mais uma bola parada ofensiva para os leões e respetivo esquema tático trabalhado com sucesso, com Taynan a surgir na finalização a fazer o 3-1 (19′). Jacaré, mesmo nos últimos segundos, voltou a ter mais uma oportunidade flagrante falhada mas não houve mais golos.

O segundo tempo manteve aquela que foi a tónica principal ao longo de grande parte da primeira parte, com Henrique a ser um gigante na baliza dos leões naquele que foi o seu terceiro dérbi em Portugal e de longe o mais conseguido de todos. De Arthur a Kutchy, de Lúcio Rocha a Diego Nunes, foram várias as tentativas dos encarnados em ataque organizado que foram sempre encontrando o guarda-redes brasileiro pela frente numa fase em que o Sporting se mostrava demasiado confortável sem bola a defender no seu meio-campo sem capacidade de saída para aumentar a vantagem e fechar quase por completo a partida. Os minutos foram passando sem golos e o 3-1 mantinha-se entre um ambiente frenético que vinha das bancadas.

A oito minutos do final, o Sporting conseguiu voltar a ter mais uma bola no meio-campo adversário, pediu a revisão do VAR num lance entre Zicky Té e Chishkala na área que continuou sem dar grande penalidade (o Benfica fez o mesmo numa jogada de Taynan com Kutchy que também não trouxe qualquer sanção) e estava a começar a assumir outro protagonismo em posse quando os encarnados reduziram num autogolo de João Matos, a desviar com o corpo para a própria baliza um canto de Carlinhos (34′). Ficava tudo em aberto para um final eletrizante que teve um remate ao poste de Taynan (35′), duas defesas fantásticas de Léo Gugiel a impedir o golo leonino (36′), uma saída “impossível” de Henrique a evitar o golo de Arthur (36′) e um lance que fez explodir os ânimos, com Taynan a entrar em campo estando como suplente para cortar uma jogada quando Merlim ficara caído na área contrária após falhar uma situação de 2×0 e o banco do Benfica a pedir um cartão vermelho que não saiu (39′). Tomás Paçó fechou as contas num livre de dez metros (40′).