A Ordem dos Psicólogos, num parecer publicado, propõe integrar profissionais de psicologia nas equipas dos Serviços de Urgência, para responder a necessidades individuais dos utentes e contribuir para soluções que diminuam a afluência de utentes não urgentes.
Num parecer ao projeto de portaria sobre o funcionamento dos Serviços de Urgência Hospitalar, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) defende que os profissionais de psicologia devem apoiar na gestão de situações de ansiedade aguda dos utentes e na comunicação eficaz de informações aos utentes e famílias, e contribuírem com conhecimento para resolver a afluência às urgências dos hospitais.
Nos diferentes níveis de cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Ordem quer psicólogos a apoiar na gestão do stresse e do sofrimento emocional dos utentes e famílias, e a ajudarem a compreender os fatores psicológicos e comportamentais implicados no desenvolvimento de doenças e na adesão a exames de diagnóstico e a tratamentos.
Os psicólogos, destaca a OPP, podem também ajudar na intervenção em Primeiros Socorros Psicológicos, em situação de crise e emergência, apoiar na comunicação adequada de informações clínicas aos utentes, tendo em conta o impacto emocional, e facilitar a gestão de expetativas.
O conhecimento proveniente da Ciência Psicológica sobre o comportamento Humano pode contribuir para “soluções que possam garantir a resolução efetiva da afluência elevada e inadequada por parte de utentes não urgentes” aos serviços de urgência (SU), salienta no documento.
Uma integração dos profissionais de Psicologia nas equipas dos SU pode assegurar, segundo a OPP, “uma resposta mais adequada, mais pronta e útil” aos utentes que carecem de cuidados emergentes e urgentes através do SU, e, por outro lado, dar a cada utente, individualmente, a resposta adequada às suas necessidades.
“Temos o exemplo da experiência positiva relatada pelo Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Universitário de São João, que conta com um psicólogo na sua equipa desde 2021”, explica o Bastonário, Francisco Miranda Rodrigues, citado em comunicado.
“Quando 43% das admissões nos Serviços de Urgência foram classificadas como não-urgentes é preciso uma forte aposta na literacia da população. E os psicólogos estudam o comportamento e podem ajudar nesta mudança de comportamentos necessária”, destaca.
O documento destaca que “a aplicação do conhecimento proveniente da Ciência Psicológica poderá ainda ser útil na prossecução dos objetivos de adequação do acesso a Serviços de Urgência e de encaminhamento de utentes não-urgentes para serviços adequados.
A OPP lembra a importância da literacia em saúde, que permite aos utentes reconhecer sintomas associados a diferentes condições clínicas prevalentes, e consequentemente, melhor avaliar a urgência e o risco, bem como identificar os serviços a procurar.