A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) criticou esta sexta-feira o presidente da Escola de Economia e Gestão daquela academia, Luís Aguiar-Conraria, por este defender o aumento das propinas se os jovens quadros do país continuarem a emigrar.
“Não podemos aceitar a retórica de quem confunde e tenta substituir o escasso investimento existente na educação e no ensino superior pelos verdadeiros problemas que levam milhares de jovens a emigrar”, refere a Associação Académica da Universidade do Minho.
Em comunicado, a associação aponta, designadamente, o desemprego jovem, os baixos salários, os problemas da habitação, o centralismo de uma economia presa nas duas grandes áreas metropolitanas onde o custo de vida é muitas vezes mais elevado que outras grandes cidades europeias e o sucessivo desinvestimento na ciência e na investigação que faz com que muitos tenham de prosseguir os seus projetos no estrangeiro.
“Não é erguendo muros mais altos e barreiras que deixam deliberadamente mais pessoas excluídas do sistema que resolvem os verdadeiros problemas do país. E o caminho trilhado, ainda que mais demorado do que o suposto, não deve ser revertido”, acrescenta.
Esta posição da Associação Académica da Universidade do Minho surge depois de, em entrevista ao jornal Eco, Luís Aguiar Conraria ter defendido que se deve aumentar as propinas se se continuar a registar o êxodo para outros países dos estudantes formados nas universidades portuguesas.
“Temos de aumentar as propinas porque, com grande probabilidade, os jovens depois vão-se embora e não beneficiamos desse investimento”, afirmou.
No comunicado, a Associação Académica da Universidade do Minho diz que “não compreende como é que um presidente de uma prestigiada escola da Universidade do Minho e do país, com todas as responsabilidades que são inerentes ao exercício do seu cargo, consegue defender publicamente este posicionamento”.
“O ensino superior e o seu acesso progressivamente universal é uma conquista de todos os portugueses e da nossa democracia e assume-se como o mais importante elevador social e económico das famílias, sendo, também, um importante promotor social e económico do país”, defende a Associação Académica.
Contactado pela Lusa, Luís Aguiar-Conraria disse que “não faz sentido” que sejam os contribuintes portugueses a financiarem os países ricos, já que são estes os beneficiários do saber dos jovens quadros formados em Portugal.
“Qual é a lógica, por exemplo, de nós pagarmos a formação dos enfermeiros que depois vão trabalhar para Inglaterra?”, questionou.
Acrescentou que quem frequenta mais as universidades portuguesas são jovens oriundos de famílias ricas.
“Ou seja, temos os contribuintes a pagar a educação das famílias mais ricas em Portugal”, referiu.
Nesse sentido, e caso os jovens quadros não fiquem no país, Luís Aguiar-Conraria considera que é justo aumentar as propinas.
Lembrou que há “uma percentagem razoável” de bolsas para os alunos mais carenciados e sublinhou que as propinas serão o mais leve dos encargos das famílias que têm um filho da universidade.
“Eu não defendo subir as propinas para evitar a saída dos jovens. Não é isso. Claro que o ideal é travar a saída dos jovens de outra forma, seja com reduções do IRS, seja com o país crescer mais, seja com maiores salários”, disse ainda.