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Sérgio e uma equipa justiceira que não fez esquecer a Justiça (a crónica do FC Porto-Rio Ave)

Este artigo tem mais de 6 meses

FC Porto entrou em campo com vontade de fazer esquecer uma semana difícil, teve dois golos anulados e não foi além de um empate com o Rio Ave que pode deixar os rivais diretos ainda mais longe (0-0).

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Francisco Conceição foi o melhor elemento dos dragões ao longo de todo o jogo

Getty Images

Francisco Conceição foi o melhor elemento dos dragões ao longo de todo o jogo

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O lado mais romântico do futebol, aquele que nos permite dizer que o jogo é a coisa mais importante das menos importantes da vida, leva-nos muitas vezes a pensar que não faz sentido envolver a dimensão desportiva dos clubes no panorama institucional, financeiro ou até judicial desses mesmos clubes. A última semana do FC Porto, não deixa ter qualquer ponta de romantismo. 

No meio de uma antecâmara eleitoral muito conturbada, com a apresentação da candidatura de André Villas-Boas e a apresentação da recandidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa agendada para este domingo, o líder dos Super Dragões foi detido nos últimos dias (em conjunto com outras 11 pessoas) sob suspeita de coação agravada, crimes de ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, instigação pública à prática de crime e ainda atentado à liberdade de informação. A base? A Assembleia-Geral que acabou interrompida no final de novembro.

Ficha de jogo

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FC Porto-Rio Ave, 0-0

20.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Gonçalo Borges, 86′), Pepe, Fábio Cardoso, Wendell, Alan Varela, Nico González (Iván Jaime, 74′), Francisco Conceição (Danny Namaso, 90′), Pepê, Galeno (Toni Martínez, 74′), Evanilson

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Stephen Eustáquio, André Franco, Romário Baró, Otávio

Treinador: Sérgio Conceição

Rio Ave: Jhonatan, Josué, Aderllan Santos, Miguel Nóbrega (Patrick William, 59′), Costinha, João Teixeira (Úmaro Embaló, 73′), Mateo Tanlongo (Vítor Gomes, 79′), Joca (Marios Vrousai, 45′), Fábio Ronaldo (Abdul-Aziz Yakubu, 45′), João Graça, Emmanuel Boateng

Suplentes não utilizados: Cezary Miszta, Leonardo Ruiz, Hélder Sá, Zé Manuel

Treinador: Luís Freire

Golos: nada a registar

Ação disciplinar: cartão amarelo a Evanilson (5′), a João Mário (20′), a Miguel Nóbrega (36′), a Mateo Tanlongo (64′), a Galeno (68′), a Jhonatan (77′), a Emmanuel Boateng (84′ e 90+2′); cartão vermelho por acumulação a Emmanuel Boateng (90+2′)

Os detidos permanecem sem medidas de coação, o vice-presidente Adelino Caldeira foi considerado suspeito de ter orquestrado as tais manobras de coação e o FC Porto mostrou-se disponível para colaborar com as autoridades. Pelo meio, os dragões fecharam o mercado de inverno com a contratação de Otávio, central que estava no Famalicão e que custou 12 milhões de euros, e Sérgio Conceição tem sido associado a uma saída no final da temporada — e até à sucessão de Xavi no Barcelona. Mas o treinador, na antevisão da receção deste sábado ao Rio Ave, procurava manter o romantismo.

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“Isto é uma questão da Justiça e todos nós confiamos na Justiça, em saber o que as pessoas fizeram ou não. O apoio vem de dentro, é intrínseco aos portistas. Acho que temos de olhar para o coletivo da massa adepta do FC Porto, são fantásticos no apoio. O líder de uma das claques poderá não estar no jogo, queríamos que estivessem todos os que amam o FC Porto, para puxarem da melhor forma pela equipa, e cabe à equipa ter o comportamento de que os sócios e adeptos gostam para que a equipa também puxe pelos adeptos. É normal e tenho a certeza de que é isso que vai acontecer”, atirou Conceição, que já tinha Otávio na convocatória mas contra os vilacondenses mantinha o onze inicial que tem sido habitual, com a titularidade de Nico González e Francisco Conceição e com Stephen Eustáquio e André Franco no banco.

O FC Porto começou o jogo com o pé no acelerador, com Evanilson a testar desde logo os reflexos de Jhonatan com um remate em jeito que o guarda-redes encaixou (2′). No instante seguinte, o mesmo Evanilson caiu na área do Rio Ave e António Nobre assinalou grande penalidade Miguel Nóbrega: depois de analisar as imagens do VAR, porém, reverteu a decisão (3′). A pressão dos dragões manteve-se e, à passagem dos 10 minutos, Galeno colocou mesmo a bola no fundo da baliza numa recarga a um cabeceamento inicial de Nico, mas a jogada foi invalidada por fora de jogo do avançado (10′).

O Rio Ave procurou responder e até ficou perto do golo, com João Teixeira a rematar cruzado na área e a bola a passar muito perto da baliza de Diogo Costa (14′), mas o lance seria mesmo um autêntico oásis no deserto. O FC Porto dominava por completo o jogo, empurrando o adversário para os últimos 30 metros e explorando os espaços que iam existindo, e Evanilson voltou a ter uma boa oportunidade com um pontapé que desviou em Aderllan e saiu ao lado (19′).

Francisco Conceição era claramente o elemento em evidência nos dragões, desequilibrando no corredor direito e criando várias oportunidades com recurso a lances individuais, sendo que também obrigou Jhonatan a uma defesa apertada com um remate forte já depois da meia-hora (33′). Evanilson colocou a bola no fundo da baliza já perto do intervalo, em resposta a um cruzamento de Wendell, mas o lance também foi anulado por fora de jogo do lateral brasileiro (40′).

No fim da primeira parte, apesar de ter o controlo absoluto do jogo e de estar totalmente inserido no meio-campo adversário, o FC Porto estava ainda empatado com o Rio Ave. A equipa de Luís Freire apresentava-se muito competente defensivamente, com um posicionamento quase perfeito que não permitia grandes espaços aos dragões, anulava a profundidade e obrigava a lateralizações pouco frutíferas.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Rio Ave:]

Luís Freire fez duas substituições ao intervalo, trocando Joca e Fábio Ronaldo por Vrousai e Aziz, mas a lógica do jogo manteve-se: o FC Porto tinha bola e estava acampado no meio-campo oposto, o Rio Ave procurava defender-se e causar um perigo relativo em transições rápidas. Francisco Conceição era a verdadeira inspiração dos dragões, imprimindo uma velocidade impressionante na ala direita, mas a equipa ia demonstrando alguma incapacidade na hora da última definição, do último passe ou do último remate.

O FC Porto passava praticamente o tempo todo no último terço do Rio Ave, mas as verdadeiras oportunidades de golo escasseavam — sublinhando-se somente um cabeceamento de Evanilson, que Jhonatan encaixou com facilidade (63′), nos 20 minutos iniciais da segunda parte. Sérgio Conceição só mexeu à entrada para o último quarto de hora, lançando Iván Jaime e Toni Martínez e colocando o avançado espanhol ao lado de Evanilson, mas o tampão imposto pelos vilacondenses mantinha-se quase intransponível.

Gonçalo Borges e Danny Namaso ainda entraram já dentro dos últimos 10 minutos, Boateng foi expulso já nos descontos por acumulação de cartões amarelos e Alan Varela teve a última ocasião de golo, com um pontapé cruzado de fora de área que Jhonatan defendeu (90+3′). No fim, o FC Porto não conseguiu evitar o empate com o Rio Ave no Dragão, colocou um ponto final numa série de quatro vitórias consecutivas e pode ficar ainda mais longe do Sporting e do Benfica no Campeonato. Ou seja, a equipa que queria ser justiceira não soube mesmo fazer esquecer a Justiça.

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