Há milhares de alunos da Universidade do Porto sem cartões de estudante devido a incompatibilidades entre a tecnologia dos leitores das faculdades e da Caixa Geral Depósitos e o problema só deverá resolver-se no próximo ano letivo.

Os novos cartões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para a Universidade do Porto (U.Porto) apresentam “incompatibilidades tecnológicas” com os leitores de algumas faculdades e a solução só deve chegar no próximo ano letivo, explicou esta quinta-feira à Lusa fonte oficial da U.Porto.

Este ano entraram cerca de sete mil novos alunos na U.Porto. Entre eles há estudantes que estão a remediar-se com um cartão temporário da CGD sem nome do portador ou fotografia, e outros que nem sequer têm o provisório, como Jorge Teixeira, aluno de mestrado da Faculdade de Letras.

“Além de não poder entrar no parque de estacionamento, não posso requisitar livros na biblioteca, não posso ir à reprografia da faculdade, porque é necessário cartão para fazer os pagamentos”, lamenta, referindo que sem cartão também não se podem controlar as faltas na aula, porque é necessário passar os cartões no leitor, o que obriga os professores a terem de o fazer “à moda antiga”, ou seja, com folha de presenças.

Isabel Lourenço, outra estudante de mestrado em Letras, também lamenta não ter sequer cartão provisório, o que a inibe de poder usar a reprografia da faculdade, espaço que só aceita cartão para pagamentos.

O presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Fernandes, confirma que quem não tem cartões temporários tem ficado privado de aceder aos parques de estacionamento, cantinas ou a bares e apela à implementação “célere” de uma solução.

“A urgência da situação exige uma ação concertada e eficiente, a fim de assegurar que todos os estudantes e colaboradores usufruem de um acesso adequado e sem impedimentos aos serviços universitários. Até o problema ser resolvido de uma forma eficaz, é imperativo garantir os cartões provisórios para todos”, disse o presidente da FAP.

Fonte da U.Porto explicou que, ao realizar-se a transição entre fornecedores bancários – em junho de 2023 – “verificou-se que nem todos os leitores de cartões instalados nas várias faculdades, cantinas, bibliotecas e outras infraestruturas da U.Porto eram compatíveis com o tipo de cartão emitido pela CGD”.

A incompatibilidade tecnológica levantou um problema no acesso aos diferentes serviços e, para o colmatar, foi decidido emitir um cartão temporário, compatível com todos os leitores de cartões, para os novos estudantes e colaboradores.

“Apesar deste cartão temporário não ter identificação visual do seu portador, permite aceder automaticamente a todos os serviços da Universidade, com algumas exceções localizadas, onde o estudante ou colaborador poderá ter de indicar verbalmente o seu número mecanográfico”, adiantou a U.Porto.

A Universidade refere que a situação se limita aos estudantes de primeiro ano e aos colaboradores (professores e técnicos) que celebraram novo contrato com a U.Porto, depois de agosto de 2023, e que o resto da comunidade académica continua a usar o cartão do anterior parceiro bancário, tal como estava previsto no plano de transição entre fornecedores.

Questionada sobre quando está prevista a resolução do problema, a U.Porto explica que está a proceder à renovação dos leitores de cartões para serem compatíveis com os cartões emitidos pela CGD e que esse problema deverá estar resolvido no próximo ano letivo.

“No próximo ano letivo já não haverá dificuldades na emissão de novos cartões“, lê-se numa resposta à Lusa.

A renovação de leitores permitirá arrancar com a implementação do projeto de cartão virtual, que permitirá à comunidade académica fazer uso de dispositivos móveis para a sua a identificação, sem necessidade de recorrer a um cartão físico”.

Fonte oficial da CGD confirmou que os cartões da U.Porto “detêm características tecnológicas com especificidades distintas das demais universidades portuguesas” e que, por esse facto, houve necessidade da criação de um “novo cartão com tecnologia à medida, com esforço e tempo acrescidos”.

“A situação encontra-se ultrapassada e os cartões começarão a ser enviados até ao início do mês de março“, avançou a CGD, sublinhando que a gestão do assunto decorre em “estreita colaboração” entre a entidade bancária e a U.Porto.